ONG presidida por advogada de Marcinho VP terá reunião com Alexandre de Moraes
Instituto Anjos da Liberdade, presidido por Flávia Fróes, apresentará dossiê com denúncias de tortura durante megaoperação que deixou mais de 120 mortos na capital fluminense
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A ONG Instituto Anjos da Liberdade, presidida pela advogada Flávia Fróes, conhecida por defender o traficante Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho (CV) participará de uma reunião com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (05).
O encontro ocorrerá no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, processo que monitora operações policiais no Rio de Janeiro. A audiência foi solicitada pela própria ONG e tem como objetivo apresentar um dossiê com supostos indícios de tortura cometidos durante a megaoperação policial que deixou ao menos 121 mortos na capital fluminense.
Reunião com o STF
De acordo com Flávia Fróes, o Instituto Anjos da Liberdade produziu o documento com base em relatos e registros de familiares das vítimas. O material, segundo ela, aponta execuções, tiros à queima-roupa e ferimentos compatíveis com facadas.
“Nós ouvimos várias pessoas e juntamos um dossiê com fotos que comprovam as torturas. Pessoas com tiro na nuca, facadas. Nós coletamos pessoalmente no local”, afirmou Fróes em entrevista à Coluna do Metrópoles.
A advogada destacou que o pedido de audiência foi feito pelo Instituto, e não em nome de Marcinho VP, reforçando que “atua institucionalmente” na ADPF desde 2019.
“Quem está indo lá não é a advogada do Marcinho, é a presidente do Instituto Anjos da Liberdade. Se eu sou ou deixo de ser advogada dele, isso não tem relação com a legitimidade da minha atuação”, declarou.
Representação internacional
O Instituto também apresentou uma representação à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), solicitando medidas cautelares urgentes. O pedido inclui a proteção de familiares das vítimas, a preservação de provas e o afastamento de agentes envolvidos nas mortes. A ONG também pede a suspensão de grandes operações policiais no Rio de Janeiro até que as investigações sejam concluídas.
Relatoria e contexto
A ADPF das Favelas, que originalmente era relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso, passou para Alexandre de Moraes após a aposentadoria do ex-presidente do STF. A ação foi proposta pelo PSB e busca garantir o cumprimento de protocolos que evitem abusos e mortes em operações policiais em comunidades do Rio.
As ONGs solicitaram participar da reunião de Moraes com o governador Cláudio Castro (PL), mas o pedido foi negado. O STF ainda não se manifestou oficialmente sobre o encontro.
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Relação com Marcinho VP
Marcinho VP é apontado como um dos chefes do Comando Vermelho, ao lado de Fernandinho Beira-Mar, e está preso há quase 30 anos, condenado pelo assassinato e esquartejamento de dois traficantes rivais.
Flávia Fróes afirmou ao Metrópoles que não atua mais em casos de tráfico há três anos, mas confirmou que ainda representa Marcinho VP em um processo.
A advogada também foi investigada pela Polícia Federal sob suspeita de ter recebido recursos do Comando Vermelho para financiar sua campanha a deputada federal em 2022. Segundo reportagem de O Globo, Fróes teria comprado um BMW de R$ 280 mil com dinheiro proveniente da facção. Ela nega as acusações.
