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'O sonho dele era ser perito', diz pai de aluno morto por um tiro em colégio no Paraná

Por Giuliano Saito


Luan Augusto tinha 16 anos. Ele morreu na madrugada desta terça-feira (20). Assassino tem 21 anos e está preso. Estudante Luan Augusto tinha de 16 anos e era de Cambé Redes sociais Rodrigo Augusto, pai do jovem Luan Augusto, de 16 anos, que morreu na UTI vítima de disparos de arma de fogo feito no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, relatou a dor da perda do único filho que tinha o sonho em ser perito da polícia. "A gente tentou inscrever ele para um curso de perito, mas não deu certo. O sonho dele era ser perito, Isso era o que ele falava. É novo, né, estava escolhendo ainda", disse o pai emocionado. Luan morreu por volta das 3h15 desta terça-feira (20), no Hospital Universitário de Londrina (HU). Na segunda-feira (19), ele foi atingido com tiros na cabeça por um ex-aluno do mesmo colégio, de 21 anos, que entrou na instituição dizendo que solicitaria documentos. A namorada de Luan morreu no local. O assassino está preso. Rodrigo, pai de Luan, disse que o jovem e a família estavam organizando uma excursão para o final de junho deste ano para o Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. "A gente estava organizando uma viagem para umas 30 pessoas, de graça. Ele ia e ela [namorada] também viajar com a gente opara pagar a promessa. Era a oportunidade para outras pessoas que não conhecem o local irem", falou. Compromissados com a igreja Luan e Karoline juntos na igreja Arquivo pessoal Luan e Karoline sempre frequentavam a Paróquia Santo Antônio e participavam como voluntários da cerimônia do lava-pés. "Os dois sempre iam juntos para a igreja. Eu que estava junto sempre via. Ele queria ser diretor dessa parte, estava sempre participando, ela [namorada] também", relatou. Dor Desde o momento em que ocorreu a tragédia, o pai do Luan ficou plantado na porta do hospital em busca de notícias do filho. "Ele lutou muito. Resistiu até o último momento. Foi forte. Meu filho e a Karoline salvaram a vida dos outros alunos. Poderia ser muito pior", desabafou. Luan e Karolina frequentava a igreja e, juntos, ficavam Os órgãos de adolescente Luan Augusto, de 16 anos, vão ser doados. A informação foi confirmada pela família do jovem, que foi a segunda vítima de um assassino no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Luan morreu na madrugada desta terça-feira (20), no Hospital Universitário de Londrina (HU). Na segunda-feira (19), ele foi atingido com tiros na cabeça por um ex-aluno do mesmo colégio, de 21 anos, que entrou na instituição dizendo que solicitaria documentos. O assassino está preso. Luan estava internado em estado grave. Segundo o HU, a morte aconteceu por volta de 3h15 da madrugada. Ainda na segunda-feira, o assassino disse à polícia que escolheu as vítimas aleatoriamente. Segundo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Amarantino Ribeiro, o assassino fez pelo menos 16 disparos dentro do colégio. Leia mais abaixo. Namorada também morreu Karoline Verri Alves e Luan Augusto Arquivo pessoal A aluna Karoline Verri Alves, namorada de Luan, morreu dentro do colégio logo após o assassino invadir o local e fazer os disparos. Ela foi atingida com um tiro na cabeça, segundo o Serviço de Atendimento Móvel (Samu). O corpo de Karoline está sendo velado nesta terça-feira (20). Ela tinha 17 anos. Família: 'Não merecia o que aconteceu', diz pai de estudante morta Após os disparos, a Polícia Militar (PM-PR) foi acionada e chegou ao local poucos minutos depois. Segundo a PM, foram apreendidos com o assassino uma machadinha, carregadores de revólver e a arma usada. Assassino disse que não conhecia vítimas, segundo secretário Secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira fala sobre assassino em colégio do Paraná Reprodução/RPC O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, disse que o assassino não conhecia as vítimas. O assassino é investigado por homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. Segundo o secretário, o rapaz atirou no corredor do colégio e foi até o local em que as vítimas participavam de uma aula de Educação Física. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que, além da arma, apreendeu com o assassino um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo. A secretaria ainda informou que, em contato com a família do assassino, foi informada de que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença. O que se sabe: Assassino diz que não conhecia vítimas baleadas Polícia chegou ao colégio minutos após Botão do Pânico ser acionado Assassino disparou ao menos 16 vezes Suspeitos de participação no crime Carro do IML em escola no Paraná Kathulin Tanan/RPC Ainda na segunda-feira, após a tragédia, um homem de 21 anos foi preso e um adolescente, de 13 anos, foi apreendido. Os dois são suspeitos de ajudar a planejar o ataque, segundo o secretário Hudson Teixeira. Aulas suspensas Em Cambé, as aulas na rede municipal e estadual estão suspensas por tempo indeterminado. Alunos relatam terror 'Apontou a arma pra mim e para mais cinco amigas e deu um tiro', relata estudante Uma adolescente que sobreviveu aos disparos no colégio disse que ela e um grupo de alunos foram ameaçados pelo assassino enquanto estavam escondidos dentro da sala dos professores. Assista acima. "Ele falou assim: se não abrir essa porta, vai todo mundo morrer aqui dentro. E a gente tava trancado na sala dos professores. A gente tentou sair correndo, mas aí nisso ele apontou a arma pra mim e pra mais cinco amigas minhas e deu um tiro. Só que a gente conseguiu sair", disse uma estudante em entrevista à RPC. Outra aluna conta que estava no refeitório com as amigas quando ouviu disparos. "Na hora a gente estava sentado no refeitório, eu e umas amigas. Na hora escutamos três tiros, tipo bombinha. Quando viramos, tinha um menino na fresta do portão. Aí a gente falou, não vamos fazer barulho e correr. Na hora que a gente viu, ele já tinha passado, por outro lado. Só via as faíscas do revolver saírem", relatou. Relatos de sobreviventes: 'A gente não sabia onde estava o assassino', diz professora 'Só via as faíscas do revólver saírem', diz aluna Adolescente relata ameaças: 'Vai todo mundo morrer' Violência nas escolas Criança morre após escola ser invadida no Paraná Kathulin Tanan/ RPC No Brasil, houve 31 ataques com violência extrema a escolas em pouco mais de 20 anos (entre janeiro de 2002 e maio de 2023), segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nesse período, 36 pessoas morreram, sendo: 25 estudantes (15 meninas e 10 meninos); quatro professoras; uma coordenadora; uma inspetora; cinco atiradores (suicídio). O balanço ainda não inclui o caso desta segunda-feira, em Cambé. Repercussão O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto de três dias no estado e lamentou o caso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lamentou o ataque. "É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar." O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o Brasil vive "a apologia à violência na palma das mãos dos jovens". A Prefeitura de Cambé divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocando à disposição dos pais dos alunos. "Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil." Disparo em escola deixa uma aluna morta e outro ferido Arte/g1 Initial plugin text Tragédia em Colégio do Paraná: Mais notícias da região em g1 Norte e Noroeste.