“O sistema é racista”, diz Oruam após mandado de prisão
A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva do rapper na manhã desta terça-feira (22).
Por Da Redação

O rapper Mauro Davi Nepomuceno, conhecido como Oruam, se manifestou publicamente após a Justiça do Rio de Janeiro decretar sua prisão preventiva na manhã desta terça-feira (22). Em nota, o cantor denunciou o que classificou como um grave caso de abuso de autoridade, violência e agressão por parte da Polícia Civil, que realizou uma operação em sua casa na madrugada do mesmo dia.
Segundo Oruam, cerca de vinte viaturas da polícia invadiram sua residência de forma violenta e sem qualquer ordem judicial. Ele afirma que os agentes estavam sem farda e reviraram todo o imóvel, incluindo objetos pessoais seus e de sua noiva. “Rasgaram roupas, quebraram pertences e agiram com truculência, sem qualquer justificativa legal”, declarou o artista.
Durante a abordagem, o rapper relatou que ele, sua noiva e cinco amigos que estavam na casa foram rendidos sob a mira de armas de fogo, inclusive fuzis. “Mesmo com toda essa violência, não encontraram nada de ilegal. Meu produtor, que estava comigo, ainda foi algemado sem motivo, de maneira arbitrária”, afirmou. Segundo ele, a ação causou sofrimento físico e emocional aos presentes.
Oruam também denunciou ter sido alvo de agressões físicas e verbais por parte dos agentes. Ele conta que os policiais chamaram as pessoas que estavam na casa de “marginais” e outros xingamentos, além de agredirem fisicamente o grupo. “Diante da situação, começamos a gravar a abordagem para registrar os abusos e ameaças. As imagens mostram claramente a truculência, agressões e ameaças de morte feitas pelos policiais”, disse.
Ao final do pronunciamento, o cantor afirmou: “Não sou bandido nem criminoso. Sou artista, trabalho com música e fui vítima de abuso policial. Espero que as autoridades tomem as providências necessárias para que isso não volte a acontecer e que nossos direitos sejam respeitados.”
Versão da polícia
A Polícia Civil, em nota enviada ao portal Metrópoles, apresentou uma versão diferente dos fatos. Segundo a corporação, esta foi a segunda vez, em menos de seis meses, que um integrante de uma facção criminosa foi encontrado dentro do imóvel de Oruam.
Na ação mais recente, policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) informaram que receberam dados de inteligência indicando que um adolescente foragido, apontado como um dos principais ladrões de veículos do estado e segurança de um traficante conhecido como “Doca”, estaria escondido na casa do rapper.
Os agentes, que estavam em uma viatura descaracterizada, passaram a monitorar o local. Quando o adolescente saiu da residência com outras quatro pessoas, foi abordado. Na ação, a polícia apreendeu um celular e um cordão.
Ainda segundo a DRE, o grupo reagiu. Oruam teria surgido na varanda com outras oito pessoas e, segundo os policiais, todos passaram a xingá-los e a jogar pedras, ferindo um dos agentes. Um dos suspeitos correu para dentro da casa, o que levou os policiais a entrarem no imóvel para prendê-lo.
O suspeito foi autuado em flagrante por desacato, resistência qualificada, lesão corporal, ameaça, dano e associação ao tráfico. A operação foi coordenada pelo delegado Moysés Santana, titular da DRE. Vídeos publicados por Oruam nas redes sociais mostram momentos de tensão e confronto durante a ação, incluindo cenas de agressão, rendição e prisões.
