O que disse Tacla Duran sobre Moro e Deltan no depoimento ao novo juiz da Lava Jato
Por Giuliano Saito
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Réu por lavagem de dinheiro para Odebrecht foi ouvido pela Justiça Federal de Curitiba. Após citar parlamentares, caso foi para o STF. Rodrigo Tacla Duran prestou depoimento na segunda (27) à Justiça Federal na segunda (27), remotamente Reprodução O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht na operação Lava Jato, fez acusações sobre os congressistas paranaenses Deltan Dallagnol (Podemos), deputado federal, e Sergio Moro (União Brasil), atual senador e ex-juiz responsável pela operação. Sobre Deltan, ex-procurador na força tarefa da operação, o advogado afirma ser "perseguido na Espanha e em outros países" por ele. Em relação a Moro, Tacla Duran afirmou que foi vítima de tentativa de extorsão durante o processo por pessoas ligadas ao ex-juiz. Em nota, Moro disse que "não teme qualquer investigação" e afirmou que Tacla fez "falsas acusações". Deltan disse, em postagem nas redes sociais, que o caso "é uma história falsa". Leia mais abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Tacla Duran fez as declarações na segunda-feira (27) durante audiência remota com o juiz Eduardo Fernando Appio, que assumiu a Lava Jato recentemente. Este foi o primeiro depoimento de Tacla à Justiça brasileira em sete anos. De acordo com Tacla Duran, o deputado federal Deltan Dallagnol e outros procuradores “insistiam” em manter contato com ele fora do rito processual. “Existem aqui implicações que inclusive eu vou entrar um pouco adiante em relação a Deltan Dallagnol e outros procuradores que inclusive eu coloquei a petição e que ficam, insistem em manter contatos extra o conduto legal, fora do DRCI, pra continuar me perseguindo aqui na Espanha e em outros países.” No caso de Sergio Moro, Tacla Duran disse que foi abordado por pessoas que, segundo ele, são ligadas ao senador, para uma possível venda do escritório do ex-juiz. A acusação é de extorsão. “Todo mundo sabe, no mundo jurídico, inclusive quando eu contratava escritórios pra Odebrecht, que eu trabalhei lá, que isso é uma prática comercial ali praticada, doutor. E porque eu não aceitei, eu não aceitei ser extorquido, e falar o português claro que ele gosta do linguajar de cadeia, ser arregado, é que eu fui perseguido até hoje", afirmou o acusado. Durante a oitiva, o advogado acusado não detalha nenhuma das citações que faz sobre Dallagnol e Moro. Audiência tinha outro objetivo Na audiência, o juiz Eduardo Appio destacou que o objetivo era ouvir Tacla Duran sobre a revogação da ordem de prisão preventiva que pesava contra ele no Brasil, e não sobre acusações contra Moro e Deltan. Por isso, o juiz não aprofundou nenhuma questão levantada pelo advogado sobre os parlamentares. Além disso, após as citações, Appio encerrou a audiência e pediu que o caso fosse enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Isto acontece porque, como são parlamentares, o caso só pode ser tratado pela Corte. "Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro [...] encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal", diz trecho do termo de audiência. Após a audiência, o juiz encaminhou o advogado ao programa federal de testemunhas protegidas "por conta do grande poderio político e econômico dos envolvidos". Leia também: Investigação: Gaeco faz operação em gabinete da vereadora Noemia Rocha, em Curitiba Segurança: Mulher cai em golpe na saída de show do Coldplay e perde R$ 17 mil Racismo: UEPG afirma que afastará alunos envolvidos em troca de mensagens racistas e de apologia ao nazismo Trânsito: Justiça determina prisão para suspeito de atropelar e matar adolescente em Sarandi O que dizem Moro e Deltan Sobre o caso, Moro disse que "lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade". Afirmou, também, que Tacla "faz acusações falsas desde 2017". Deltan Dallagnol afirmou que o depoimento do advogado é uma história "requentada pela 3ª vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente". O g1 tenta localizar a defesa de Tacla Duran. Intimação para depoimento A intimação de Tacla Duran ocorreu poucos dias após o juiz Appio revogar a ordem de prisão preventiva dele, derrubando uma ordem judicial de prisão expedida contra o advogado pelo ex-juiz Sergio Moro. A decisão que revogou a prisão preventiva definiu que o advogado precisa prestar contas das próprias atividades à 13ª Vara Federal, em Curitiba, a cada dois meses. Segundo a decisão, Tacla Duran deve "envidar todos os esforços" para repatriação de valores eventualmente depositados em contas no exterior. Histórico Nas investigações da Lava Jato, o advogado Tacla Duran admitiu ter emprestado contas de empresas dele no exterior para a movimentação de recursos que a empreiteira matinha em paraísos fiscais do Caribe. Tacla chegou a ser preso em 2016, em Madri, quando foi alvo de uma das fases da operação Lava Jato. À época, ele recorreu à Justiça do país europeu para permanecer na Espanha. Ele passou três meses preso e conseguiu liberdade provisória. A Justiça brasileira chegou a pedir a extradição dele, que foi aceita inicialmente, mas depois revogada uma vez que o Brasil não concordou em, em troca, extraditar presos espanhóis para o país. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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