Ponto 14

Número de crianças à espera de um transplante de órgãos quase duplica no Paraná em 2022

Por Giuliano Saito


Pequena Vitória sobreviveu graças a um transplante de fígado feito no estado. Para médicos, falta de doadores esbarra também na dificuldade de famílias decidirem pela doação de órgãos, em especial de crianças. Cresce a fila de crianças a espera de um órgão no Paraná O número de crianças na fila de espera por um transplante quase dobrou no Paraná em 2022. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 51 crianças aguardavam em junho deste ano. No mesmo mês do ano passado, eram 27. A dificuldade em encontrar doadores, segundo os especialistas, é ainda maior na fase pediátrica. Entre os fatores estão doenças que impedem a doação mas, também, a decisão das famílias. "Os doadores crianças, pequenos, eles não são frequentes de fato. As doenças que levam à morte cerebral nas crianças menores geralmente são doenças que não permitem fazer uma doação de órgãos. Para você ter ideia, dois anos atrás, em 2020, no Brasil inteiro houve só dois doadores abaixo dos dois anos de idade, de baixo peso, pequeninhos que poderiam doar um órgão para alguém que precisava de um órgão pequeno de tamanho", explicou o médico cirurgião do serviço de transplante José Sampaio Neto. Ele também falou sobre a dificuldade das famílias em definir a doação em especial quando se trata de crianças, ressaltando a importância do ato. "Aquele momento de superar a dor para decidir por uma doação de alguém que já se perdeu, ele acaba com o sofrimento de várias outras pessoas que estão na expectativa de ter fim para seu sofrimento. Acho que a gente precisa colocar essa ideia na cabeça das famílias, das pessoas no geral, para que a gente possa conversar sobre isso", salientou. Conforme os médicos, alguns órgãos podem ser transplantados de adultos para crianças, como o rim e o fígado, que é fracionado e adaptado ao corpo de uma criança. Porém, outros precisam ser doados por outra criança, como o coração. "Existe uma demanda, uma premissa, porque não temos terapia substitutiva para essas crianças. Por exemplo, transplante cardíaco, geralmente essa urgência, essa necessidade. Transplante de fígado, algumas doenças levam a uma necessidade urgente de realização do transplante se não o paciente não consegue, infelizmente, sobreviver", explicou o médico Julio Cesar Wiederkehr. Gratidão Pequena Vitória ganhou a chance de viver após receber um transplante Reprodução/RPC A pequena Vitória, natural de Chapecó, em Santa Catarina, se mudou com a família para o Paraná para um tratamento contra uma doença rara descoberta ainda na gestação. Ela precisava de um transplante de fígado, mas foi preciso esperar. A bebê só poderia receber o transplante após os seis meses de vida. Ao chegar na idade, aguardou outros dois meses na fila. Até que a notícia chegou por um telefonema. "A nossa sensação estava assim já, de muita euforia, de muita angústica. E na frente do centro cirurgico, esperando a cirurgia da Vitória, foi um momento de tanta felicidade que a gente não sabe explicar. Saber que a vida da vitória estava dentro daquela caixa térmica, chegando o órgão que salvaria a vida dela e que mudaria a nossa história", relembrou Inocência Dalbosco, mãe da pequena. O transplante que significou vida e alegria para a família é motivo, também, de uma eterna gratidão. "A gente agradece simplesmente todos os dias da nossa vida, da vida da Vitória, para esses doadores, para esse anjinho. A gente sabe que deu a oportunidade da Vitória estar aqui", afirmou. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.