Novela Pinheirão: Justiça avalia terreno em R$ 132,1 milhões
A decisão é mais do que o dobro do valor oferecido pelo Estado, mas ainda abaixo do que reivindica a defesa do empresário João Destro
Por Da Redação

A novela envolvendo o antigo Estádio do Pinheirão, em Curitiba, ganhou um novo capítulo nesta semana. Após meses de espera, a perícia determinada pela Justiça concluiu que o terreno de 124 mil metros quadrados, localizado no bairro Tarumã, está avaliado em R$ 132,1 milhões. A avaliação, realizada por um engenheiro civil, foi anexada ao processo de desapropriação movido pelo Governo do Estado do Paraná, que pretende construir no local um centro de exposições com arena multiuso. A informação foi dada em primeira mão pelo repórter Vinicius Cordeiro, do Portal UmDois Esportes
A decisão pericial é mais do que o dobro do valor inicialmente oferecido pelo Estado, R$ 64,9 milhões, mas ainda muito abaixo do que reivindica a defesa do empresário João Destro, proprietário do imóvel. Ele e sua equipe jurídica estimam que o terreno vale R$ 358,6 milhões. A divergência de valores pode prolongar ainda mais o impasse judicial.
O laudo foi elaborado com base no método comparativo direto, levando em conta normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e oito variáveis, como topografia, taxa de ocupação e vocação comercial. O perito respondeu a mais de 30 questionamentos no processo, mas evitou comentar diretamente a avaliação feita pela defesa de Destro. Sobre o valor proposto pelo Estado, porém, foi categórico ao afirmar que “não condiz com o valor de mercado atual”.
Com a entrega do laudo, o processo entra agora em uma nova fase: as partes envolvidas, governo e proprietários, têm prazo para apresentar contestações. A Justiça só poderá dar uma sentença rápida caso nenhuma impugnação seja feita.
O Governo do Paraná mantém a intenção de transformar o terreno, desativado há 17 anos, em um equipamento de grande porte para atrair eventos internacionais. Em nota oficial, o Executivo estadual informou que a Procuradoria-Geral do Estado vai analisar a avaliação pericial antes de se posicionar formalmente no processo.
“A Procuradoria-Geral do Estado vai analisar a nova documentação e apresentará um parecer ao Poder Judiciário. Ainda não há decisão final sobre o valor”, diz o comunicado.
O projeto apresentado pelo governo prevê a criação de um centro de convenções moderno, com uma arena multiuso integrada. Um modelo 3D foi divulgado pelo governador Ratinho Júnior.
Conforme fontes informaram a Gazeta do Paraná, uma audiência de conciliação deve ser feita pela justiça, envolvendo o Governo do Paraná e o empresário João Destro. O “cálculo” que deve ser utilizado para se chegar a um acordo, é a soma do valor ofertado pelo estado (R$ 64,9 milhões), com o valor designado por Destro (R$ 358,6 milhões), dividida por 2. Com isso, o valor para desapropriação do espaço deve girar em torno de R$ 211,75 milhões, caso haja o acordo entre as partes.
Família Destro lamenta perda e critica Governo
Enquanto o governo reforça os planos para o local, a família Destro demonstra profunda insatisfação com o processo de desapropriação. João Destro, que arrematou o imóvel em leilão judicial em 2012, preferiu não se manifestar acerca do valor estimado pela justiça.
Mas seu filho, João Carlos Destro, deu uma entrevista ao portal BandaB no mês de junho, antes da avaliação ser divulgada, em que revelou o impacto emocional da decisão na família.
“O Poder Público tirou o Pinheirão de nós. Meu pai está desgostoso”, afirmou. Segundo ele, o imóvel era considerado uma “reserva de valor” para um futuro empreendimento da família, e jamais esteve à venda. “Foi arrasador pra nós. O Pinheirão nunca esteve à venda. Meu pai ficou desgostoso com a vida. Era o imóvel que ele mais amava, ele queria deixar isso pros filhos, para os netos… e o governo veio e tirou isso.”
João Carlos também criticou a ausência de diálogo com o governo estadual. De acordo com ele, a família chegou a procurar o secretário das Cidades, Guto Silva, para sugerir uma parceria público-privada que evitasse o gasto de dinheiro público com a desapropriação. A proposta, no entanto, não teve resposta.
“Eles nem sequer sabem quantos metros quadrados de arena, centro de eventos ou hotel pretendem fazer ali. Só querem um 3D bonito para o governador poder apresentar”, afirmou.
Sobre o valor do imóvel, João Carlos ressaltou a dificuldade de precificação. “Quanto vale? O imóvel nunca esteve à venda. Nesse processo todo tivemos o difícil trabalho de colocar preço em um unicórnio”, disse.
Créditos: Com informações de UmDois Esportes e BandaB