Ponto 14

Mulheres relatam dificuldade para fazer B.O em Curitiba há um mês; vítima chegou a esperar 8 horas por registro

Por Giuliano Saito


Mulher relatou que mesmo com longa espera, não conseguiu formalizar o boletim. Segundo delegada, dificuldade acontece por conta de instabilidade no sistema da Delegacia da Mulher. Não foi dado prazo para solução do problema. Delegacia da Mulher, em Curitiba Divulgação / Polícia Civil Mulheres estão relatando estar com dificuldade para registrar Boletins de Ocorrência (B.O) na Delegacia da Mulher, em Curitiba, há pelo menos um mês. Uma vítima, que pediu para não ser identificada, disse que aguardou oito horas para fazer o documento, mas sem sucesso. A mulher relata que foi quatro vezes até a delegacia para registrar boletim contra o ex-namorado por ameaça, além de solicitar uma medida protetiva. Na delegacia ela disse ter visto outras mulheres vítimas de violência e com machucados, mas que também não conseguiram registrar a situação. "Como não era um flagrante, era só 'volta amanhã, o sistema tá fora do ar, não tem o que fazer'", contou. A vítima contou ainda que após o problema presencialmente e não conseguir fazer o registro pela internet, ela desistiu. Número de medidas protetivas cresce 30,7% de janeiro a agosto, no Paraná Paraná registra mais de 28 mil casos de violência doméstica no 1º semestre de 2022 Violência contra a mulher: saiba como pedir medida protetiva de urgência e acessar botão do pânico Segundo a delegada Emanuele Siqueira, o motivo é uma instabilidade que faz com que o sistema que faz o registro funcione de maneira aleatória. Ela disse que estão acontecendo várias tentativas para solucionar o problema, mas não há previsão para o retorno da estabilidade. Leia mais abaixo. De acordo com a Polícia Civil do Paraná (PC-PR), a dificuldade em registrar um B.O acarreta outros problemas para as vítimas, como a impossibilidade de agendar um exame de corpo de delito, por exemplo. Dificuldade em registrar um B.O acarreta em outras situações, como a impossibilidade de realizar exame de corpo de delito, ou emitir medida protetiva Divulgação/SMPPM Uma funcionária da Casa da Mulher Brasileira, que preferiu não se identificar, afirmou que a situação reflete uma falha do estado na proteção das mulheres que dependem do boletim. "Eu não consigo nem mensurar o dano que isso causa, porque realmente ela precisa desse enfrentamento, né? Fazer a denúncia já é algo muito difícil para a mulher que tá em situação de violência. E quando ela chega, nesse primeiro acolhimento, o sistema já falha com ela. Que ela não consegue nem mencionar o que está acontecendo, nem acessar suas garantias de direito", funcionária que trabalha com as vítimas. Tentativas de solução Mulheres agredidas enfrentam problemas para registrar boletins de ocorrência Segundo a delegada Emanuele Siqueira, a orientação é para que mulheres que não conseguiram fazer o B.O voltem à Delegacia da Mulher e conversem com os funcionários. Também é orientado tentar fazer o registro pela internet ou procurar outra delegacia. CICLO DA VIOLÊNCIA: saiba como identificar A delegada reforçou que não se deve deixar de fazer o registro. "Foram feitos todos os testes possíveis e imagináveis para identificar o problema. Foram trocados equipamentos, troca de fibra óptica, neste momento está sendo feita toda a troca do cabeamento daqui da unidade", afirmou a delegada. VÍDEO: promotora de Justiça fala sobre características de casos de feminicídio e violência contra mulher Leia mais notícias no g1 Paraná.