Mulher que fez pedido especial para criança autista encontra com atendente que mandou pizza sem recheio: 'A importância de amar o próximo'
Por Giuliano Saito

Pedido foi feito especialmente para criança de seis anos que possui seletividade alimentar. Família de criança autista encontra com atendente que enviou pizza sem recheio Arquivo Pessoal Kely Pereira e o filho Gustavo encontraram na tarde de quinta-feira (26) a atendente Eduarda Matoso para agradecer um ato de carinho. Eduarda enviou uma pizza brotinho extra sem recheio, apenas a massa assada, e um recado de bom apetite com o símbolo do autismo desenhado para a família. O cuidado com o pedido foi inspirado por uma solicitação feita por Kely. Em uma reunião familiar estava presente João, de seis anos, sobrinho dela. Ele é autista e possui seletividade alimentar acentuada, ou seja, recusa alguns tipos de alimento. Leia mais sobre a condição a seguir. Kely é mãe de Gustavo, 17 anos, que também faz parte do espectro autista. O pedido recebido por Eduarda tocou a jovem de 22 anos. Ela contou que aos 13 anos teve leucemia, precisou de transplante e viveu dificuldades na época que fez com que ela tivesse mais empatia. "Quando você passa por determinadas situações, Deus vai te moldando como ser humano e eu sei todo o bullying que eu sofri nesse período. A gente entende também qual é a importância de amar o próximo", disse. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Pizzaria de Fazenda Rio Grande viralizou por carinho demonstrado com cliente autista Kely disse que ficou muito feliz com a situação. "Desde sempre tem um pouco de dificuldade com a situação, o Gustavo sofreu muito bullying, enfim. Quando a gente sente um carinho assim, você se sente especial. Gustavo contou também sentiu a compreensão de Eduarda ao receber a caixa com a pizza. "A pessoa compreendeu o que eu tenho e sabe o que teu tenho e, mesmo assim, não acabou agindo como se eu fosse uma pessoa estranha, mas sim uma pessoa que merece compreensão e carinho como todos os outros", contou. Pizzaria manda massa sem recheio após pedido especial para criança autista Arquivo Pessoal/Kely Cristina Pereira Repercussão Após a ação, Kely tirou uma foto do pedido e publicou em um grupo de recomendações no Facebook, que repercutiu. Logo, a funcionária responsável pelo desenho começou a receber notificações do post e conta que ficou surpresa. "Jamais na minha vida eu achei que ia ter essa repercussão, porque foi uma ação de imediato. Eu coloquei tanto amor, carinho e afeto naquele desenho, que ele transbordou de uma forma que não tive noção da dimensão", conta Eduarda. A atendente conta que tem um afilhado autista, o que serviu de inspiração para o desenho. "Acredito que me coloquei no lugar da Kely naquele momento", afirma. O gesto, que segundo Eduarda foi feito de maneira espontânea, fez a diferença para a família que o recebeu. Leia também: Antes e depois: Veja como ficaram as prainhas do noroeste após serem engolidas pelo Rio Paraná Povos originários: Funai diz que indígenas do Paraná estão sem receber cestas básicas do governo federal há seis meses e pede ajuda do governo estadual Atos antidemocraticos: Homem é preso em Londrina durante operação da PF contra envolvidos em atos golpistas em Brasília Transtorno do Espectro Autista (TEA) Conforme a Secretaria de Saúde do Paraná, o transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico e que pode provocar manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se que uma em cada 88 crianças apresenta sinais do transtorno. Seletividade Alimentar De acordo com Aline Provensi, psicóloga especializada em autismo, o comportamento é comum em pessoas com o transtorno. Ela cita ainda que a seletividade pode ocorrer por duas bases: a hipersensibilidade sensorial e a rigidez cognitiva. No caso da hipersensibilidade sensorial, segundo Provensi, a pessoa pode ter sensibilidade muito acima da média quando em contato com determinadas texturas, cheiros ou gostos. Isso faz que, quando entra em contato com esses estímulos, a pessoa pode sentir náuseas, vertigem ou dores de cabeça. "Dessa forma, procura por ingerir alimentos que não gerem esse desconforto e o resultado, geralmente, quando não há intervenção, é a limitação do repertório de alimentação desse indivíduo", explicou a psicóloga. Com relação à rigidez cognitiva, afirma a psicóloga, o autista pode vivenciar algum incômodo de origem sensorial e criar padrões de comportamento ao ingerir alimentos, como, por exemplo, procurar por se alimentar apenas com comidas amarelas ou comer somente formatos redondos. "No espectro autista a seletividade alimentar é mais comum do que na maior parte da população por esse ser um transtorno do neurodesenvolvimento que tem uma das suas bases diagnósticas a resposta sensorial incomum, que se encontra no critério de padrões restritos e repetitivos de comportamento”, acrescentou a psicóloga. Quando há sinais de desafios sensoriais, é indicado avaliação com profissional da Terapia Ocupacional para que se possa intervir e minimizar as dificuldades no cotidiano. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.
Você também pode gostar
Leia mais: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2023/01/27/mulher-que-fez-pedido-especial-para-crianca-autista-encontra-com-atendente-que-mandou-pizza-sem-recheio-a-importancia-de-amar-o-proximo.ghtml