MP denuncia frentista que ateou fogo em cliente por tentativa de homicídio: 'Não consumou o objetivo de matar a vítima em virtude de circunstância alheia à sua vontade'
Por Giuliano Saito
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Caso ocorreu em posto de combustíveis de Curitiba (PR). MP apontou três qualificadoras: motivo fútil, pelo emprego de fogo e por meio de perigo comum. g1 tenta contato com a defesa de Paulo Sérgio Esperançeta. Frentista joga gasolina e ateia fogo em cliente após discussão em posto de Curitiba O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou o frentista Paulo Sérgio Esperançeta, preso preventivamente após jogar e atear fogo em um cliente em um posto de combustíveis em Curitiba, por tentativa de homicídio qualificado com as qualificadoras de motivo fútil, emprego de fogo e perigo comum. A vítima, Caio Murilo Lopes, recebeu alta do hospital nesta segunda-feira (3). Entenda mais abaixo. Agora, cabe ao Judiciário aceitar ou não a denúncia. Caso isso ocorra, o frentista se torna réu no processo. O que diz a promotoria O entendimento da promotoria foi de que o frentista "com consciência e vontade livres, tentou matar a vítima Caio Murilo Lopes dos Santos ao jogar substância inflamável sobre o corpo da vítima e, em seguida, ao atear fogo nela". Assista ao vídeo acima. "Paulo não consumou o objetivo de matar a vítima em virtude de circunstância alheia à sua vontade correspondente ao fato de outro frentista, ao visualizar o corpo da vítima em chamas, haver buscado um extintor de incêndio e, com esse instrumento, ter apagado o fogo que queimava o corpo da vítima", diz trecho da denúncia. Ainda de acordo com o documento, o MP argumenta que Paulo não conseguiu matar Caio porque a vítima recebeu atendimento. "(...) Não consumou o objetivo de matar a vítima em virtude de circunstância alheia à sua vontade correspondente à vítima ter sido logo em seguida levada ao Corpo de Bombeiros e, após, para o hospital, recebendo pronto e eficaz atendimento médico". Quanto à qualificadora do perigo comum, o MP afirma que houve risco para outras pessoas que estavam no local do crime. "O fato se deu em um posto de combustíveis, local onde é armazenada grande quantidade de substâncias inflamáveis e onde havia diversas pessoas, entre clientes e funcionários do posto de combustíveis, motivo pelo qual o incêndio provocado pelo denunciado colocou em risco a vida e a integridade física de outras pessoas". Justiça decide manter frentista preso Em 31 de março, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) negou a liberdade pedida pela defesa de Paulo Sérgio. Segundo o desembargador Miguel Kfouri Neto, que apreciou o pedido de habeas corpus protocolado pela defesa do Paulo Sérgio Esperançeta, a atitude do frentista é "inconcebível". "A reação do paciente, absurdamente desproporcional ao objeto da discussão, revela inadmissível descontrole, reage violentamente a qualquer contrariedade – e representa, concretamente, uma ameaça à sociedade. Por ora, deverá permanecer sob custódia do Estado, encarcerado, sem a mais mínima possibilidade de concessão de cautelares alternativas". O g1 tenta contato com a defesa de Esperançeta. Caio Murilo teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau RPC O advogado da vítima disse que a família continua lutando por justiça. Frentista ateou fogo após discussão De acordo com a investigação, Paulo Sérgio jogou gasolina e ateou fogo em Caio Murilo Lopes dos Santos, de 34 anos, após uma discussão. O caso foi em 18 de março, em um posto de combustíveis no bairro Pilarzinho, em Curitiba. O frentista está preso preventivamente desde 22 de março. Ele chegou a se apresentar à polícia, prestou depoimento e foi liberado. Após isso, a Justiça expediu o mandado de prisão. Na ocasião, a advogada Celma Karine Castro, que representa o indiciado, afirmou recentemente que o homem lamentava o ocorrido e que não tinha intenção de matar Caio dos Santos. Pouco após o incêndio, o posto em que Esperançeta trabalhava disse que demitiu o homem. Discussão por chave De acordo com Caio, o carro tem duas chaves: uma específica do tanque de gasolina e uma da ignição que, segundo ele, estava inteira antes do abastecimento. "Daí eu questiono o rapaz que abasteceu: 'Cara, quebraram a chave do meu carro'", disse. À polícia, o frentista nega que quebrou a chave e informou que foi xingado pelo cliente. "Aí o sangue, né? Eu tava passando por uns probleminhas também... Tipo uma separação assim", diz o frentista. Caio disse que em nenhum momento ofendeu o frentista. O incêndio Após a discussão, câmeras de segurança mostram que Paulo Sérgio retira a mangueira da bomba de gasolina e dispara o líquido inflamável em Caio. Em seguida, tira um isqueiro do bolso e ateia fogo. Caio contou que ficou desesperado e tentou proteger o rosto. "O meu desespero era de não deixar pegar no rosto, por isso tirar a camisa, por isso tentar apagar o fogo com a mão e tirar a calça, até que veio o rapaz e apagou com o extintor", falou. Douglas de Araújo, frentista que trabalha há oito anos no posto, foi quem combateu o fogo com o extintor. "Quando eu escutei o som que acendeu, o combustível inflamou, eu peguei o extintor", contou Douglas. Logo após as chamas apagarem, Paulo Sérgio volta a se aproximar de Caio para agredi-lo. Vítima teve queimaduras graves Caio foi socorrido por Tcharles Begerron e levado para um posto do Corpo de Bombeiros, há cerca de 300 metros do local, onde recebeu os primeiros atendimentos. "Tava reclamando muito, muita dor, até minha [filha] mais velha que estava junto falou pra ele: 'Acalma um pouquinho que já estamos chegando'", disse Tcharles. 'Pediu muito socorro', relata homem que ajudou motorista incendiado; vítima segue internada De lá, Caio foi encaminhado de ambulância para o Hospital Evangélico Mackenzie. A vítima teve queimaduras de segundo e terceiro grau nos braços, tórax e abdômen, além de queimaduras de primeiro grau nas pernas. A esposa, Ana Paula Franco Ribeiro Lopes, de 28 anos, foi até o Corpo de Bombeiros e contou que encontrou o marido enrolado em papel alumínio gritando de dor. "Foi chocante, foi muito desesperador. Graças a deus que meu filho ainda tava dentro do carro e não presenciou essa cena", disse. Grávida, esposa de motorista incendiado por frentista relata medo e busca por justiça: 'Tentando manter a calma' Perigo de explosão Segundo o frentista Douglas, o fogo ficou próximo dos tanques de armazenamento, onde havia pelo menos 30 mil litros de combustíveis. De acordo com ele, o vapor eliminado é inflamável. "Uma pessoa pegando fogo seria uma bola de fogo, né?", falou. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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