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MP denuncia cerealista que aplicou golpes contra 120 produtores rurais em Campo Bonito

Empresário de 72 anos é acusado de vender grãos sem autorização dos produtores e não efetuar os pagamentos; ele está foragido e responde por 124 crimes de estelionato, 38 deles contra idosos.

Por Eliane Alexandrino

MP denuncia cerealista que aplicou golpes contra 120 produtores rurais em Campo Bonito Créditos: Divulgação

Eliane Alexandrino/Cascavel

O Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio da Promotoria de Justiça de Guaraniaçu, no Oeste do Estado, denunciou na última  sexta-feira (10) um empresário de 72 anos, do ramo de cereais, acusado de aplicar golpes contra pelo menos 120 produtores rurais no município de Campo Bonito, que integra a comarca.

De acordo com a denúncia, o homem era proprietário de uma empresa cerealista e, mesmo após vender o negócio a uma cooperativa da região, continuou negociando grãos com agricultores, adquirindo e recebendo mercadorias sem realizar os pagamentos correspondentes. O prejuízo estimado é de R$ 20,3 milhões. O empresário possui mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela polícia.

“O Ministério Público ofereceu denúncia pela prática de 124 crimes de estelionato, sendo 38 deles contra idosos. As investigações apontaram que o denunciado utilizava sua empresa para aplicar golpes em agricultores, recebendo e vendendo grãos sem autorização das vítimas e sem efetuar o pagamento. As vítimas descobriram o golpe quando foram até a cerealista, no dia 21 de julho, e verificaram que ela havia sido vendida a outra empresa e que os grãos já não estavam mais no local. Até o momento, foram identificadas mais de 120 vítimas, e os danos ultrapassam R$ 20 milhões. Para garantir a futura reparação dos prejuízos, o MP requereu medidas cautelares sob segredo de justiça. O acusado segue foragido”, explicou a promotora de Justiça Ana Carolina Lacerda Schneider.

Segundo as apurações, o empresário mantinha o negócio há cerca de 30 anos na região, atuando no armazenamento de soja e trigo em silos próprios. Os produtores entregavam os grãos para serem guardados e, quando autorizavam a venda, o cerealista realizava a comercialização e repassava o valor correspondente. No entanto, em 6 de junho deste ano, ele assinou o contrato de venda da empresa a uma cooperativa, sem comunicar a transação aos agricultores.

No dia 21 de julho, os produtores foram até o estabelecimento e constataram que o local estava fechado, sem funcionários, equipamentos ou produtos armazenados. A Promotoria destacou que o empresário se aproveitou da relação de confiança construída com os produtores ao longo dos anos para aplicar os golpes.

As investigações também revelaram que o acusado oferecia valores acima da média de mercado, pagando cerca de R$ 104 a R$ 105 por saca de soja, o que atraía mais agricultores para negociar com ele.

O MPPR apurou ainda que o empresário já teria praticado golpes semelhantes em anos anteriores nos municípios de Capanema, Catanduvas e Virmond, na região de Guarapuava, embora alguns desses crimes estejam prescritos.

O denunciado responde por 124 ocorrências do crime de estelionato (artigo 171 do Código Penal), sendo 38 contra pessoas idosas. Além da condenação prevista em lei, o Ministério Público requer o pagamento de indenização mínima para reparação dos danos causados às vítimas.

A estrutura da antiga cerealista, localizada às margens da PR-474, em Campo Bonito, foi adquirida pela Copacol, que afirmou não ter vínculo com as atividades comerciais da antiga gestão.

O empresário obteve enriquecimento ilícito de R$ 20,3 milhões.

 

O que diz a defesa de Celso Fruet 

A defesa de Celso Fruett afirma que não há crime nos fatos descritos na denúncia. Segundo a defesa, a situação decorreu de uma grave crise financeira iniciada em 2020, agravada pela pandemia e por problemas de saúde enfrentados por Fruett, incluindo cirurgia oncológica. Todo o patrimônio permanece em seu nome, e os recursos da venda da empresa foram integralmente usados para quitar dívidas, sem enriquecimento pessoal. Antes do inquérito, Fruett já vinha realizando acordos e pagamentos documentados aos credores. A defesa destaca que não houve dolo, fraude ou vantagem ilícita, apenas uma crise empresarial e de saúde que afetou a gestão da empresa. O decreto prisional interrompeu o processo de recomposição financeira, mas Fruett mantém a intenção de cumprir todas as obrigações assim que possível. Ele também se colocou à disposição da polícia para esclarecimentos antes da prisão.

Foto: Divulgação

 

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