GCAST

Morte de tesoureiro do PT por apoiador de Bolsonaro completa dois meses; 'Inaceitável como foi retirado de nossas vidas', diz viúva

Por Giuliano Saito


Marcelo Arruda morreu na madrugada de 10 de julho após ter sido atingido por disparos do policial penal Jorge Guaranho durante a própria festa de aniversário - em 9 de julho - que tinha tema o PT e ex-presidente Lula. Marcelo e Pamela horas antes do crime Arquivo pessoal d A policial civil Pamela Suelen Silva, viúva do tesoureiro do PT Marcelo Arruda morto pelo apoiador de Bolsonaro Jorge Guaranho, contou em entrevista ao g1 como têm sido os dias após a morte de Arruda que completa dois meses neste sábado (10). “Nossa vida virou de ponta cabeça, primeiro pela ausência do Marcelo dentro e fora de casa. [...] Foi e é difícil de olhar para tudo que a gente pensou e havia planejado, olhar pra aquilo e pensar o que fazer agora? [...] É inaceitável a forma com que o Marcelo foi retirado de nossas vidas, de uma forma bruta, inesperada. Estávamos comemorando o aniversário dele e ele saiu dali baleado. Até agora eu não consigo aceitar isso", relatou Pamela. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Em 9 de julho Arruda foi baleado por Jorge Guaranho na própria festa de aniversário que tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula. Ao ser atingido pelo policial, o petista revidou e baleou o bolsonarista. Marcelo Arruda não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte, 10 de julho. Guaranho sobreviveu e ficou um mês internado. Ele está preso e é réu por homicídio duplamente qualificado. Veja mais abaixo. "Perdi a noção do tempo, estou no automático e com dois filhos que dependem de mim 100% eu não tenho direito de fazer diferente, eu preciso tocar a vida. Tem dias que passam mais suaves, tem dias que a saudade aperta, a dor da ausência, quando a gente lembra do fato dói. Estou tentando viver um dia de cada vez, me realinhar", afirmou Pamela. Assassinato de tesoureiro do PT por bolsonarista: dois meses após crime, acusado ainda não foi ouvido pela Justiça Leonardo Arruda, filho mais velho de petista esteve no ato no domingo (17) Alexander de marco/RPC Foz do Iguaçu “Minha ficha ainda não caiu" O filho mais velho de Arruda Leonardo Miranda de Arruda, de 26 anos, afirmou que a "ficha ainda não caiu". Ele contou que tem seguido com a rotina, mas que ao ver viaturas da Guarda Municipal pelas ruas de Foz do Iguaçu, diz ser inevitável não imaginar que o pai poderia estar em uma delas. “Sempre que vejo uma viatura da Guarda Municipal na rua eu ainda fico procurando ele pra ver se ele está na viatura. As vezes ele passava no meu trabalho pra tomar um café comigo, eu fico esperando. [...] Ainda não caiu a minha ficha. [...] Por mais que a gente tente seguir dói, era uma pessoa muito querida por todas, faz falta”, afirmou o filho do tesoureiro. Leonardo diz que desde o dia do crime teme por outros casos parecidos e que, a situação causada por divergências políticas, se torne incontrolável. "Estamos em tempo de eleição e a gente espera que isso não aconteça mais, que mais nenhum pai de família seja assassinado por diferenças políticas, [...] que nenhum outro filho precise enterrar seu pai por causo disso. A nossa bandeira sempre foi e sempre será da paz e justiça", afirmou o jovem. Veja como foi o assassinato do tesoureiro do PT pelo apoiador de Bolsonaro, segundo a Polícia do PR O que se sabe sobre o assassinato de petista por apoiador de Bolsonaro no PR O policial penal Jorge Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado. Ele assassinou a tiros Marcelo Arruda, tesoureiro do PT, durante festa de aniversário Reprodução Prisão Guaranho teve alta hospitalar em 10 de agosto e foi para casa com tornozeleira eletrônica. A prisão domiciliar foi concedida após o Complexo Médico Penal de Pinhais alegar não ter estrutura para receber o preso que demandava diversos cuidados médicos. Em 12 de agosto, no entanto, a Justiça revogou a prisão domiciliar do policial e determinou que ele fosse transferido para Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais. A defesa de Guaranho entrou com pedido de habeas corpus em 13 de agosto, para revogar a prisão preventiva do policial penal. Justiça alega proximidade das eleições e nega pedido para revogar prisão preventiva de Guaranho Citando a proximidade das eleições, a Justiça do Paraná negou o pedido. Guaranho deve ser ouvido na próxima quarta-feira (14) quando será realizada a primeira audiência de instrução do caso. Também devem ser ouvidas testemunhas e informantes apresentados por defesa e acusação, além de peritos que elaboraram laudos concluídos à pedido da defesa de Guaranho. Em 25 de agosto, os advogados do bolsonarista pediram à Justiça novos laudos e mais tempo para apresentar a defesa do acusado. Réu por homicídio duplamente qualificado Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado. A decisão é do juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, que acolheu a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Paraná. MP denuncia policial penal que matou a tiros tesoureiro do PT no Paraná e fala em motivação fútil por preferência política O juiz acolheu a avaliação do MP de que Guaranho agiu por motivo fútil decorrente de "preferências político-partidárias antagônicas" e que o policial colocou a vida de mais pessoas ao efetuar os disparos no salão de festas. Relembre o caso O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos no dia do crime: Entenda ordem dos acontecimentos no dia do assassinato do petista baleado em festa de aniversário, segundo a polícia Arte/g1 VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.