Ministro Dias Toffoli pede cópias de ações contra Tacla Duran para analisar atuação do MPF; ações estão suspensas
Por Giuliano Saito
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Objetivo é analisar se MPF atendeu a pedido de suspensão dos feitos, determinada quando o ex-ministro Ricardo Lewandoswki ainda era relator do caso. Rodrigo Tacla Duran prestou depoimento na segunda (27) à Justiça Federal Reprodução O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli pediu cópias de duas ações penais contra o advogado Rodrigo Tacla Duran que tramitam na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. No pedido consta também que as decisões das duas ações permaneçam suspensas. O objetivo, conforme decisão, é analisar se o Ministério Público Federal (MPF) atendeu ao pedido de suspensão dos feitos, determinada quando o ex-ministro Ricardo Lewandoswki ainda era relator do caso. "Verifico que, aparentemente, a determinação de suspensão dos feitos não foi respeitada, mesmo durante o período em que o Ministro Ricardo Lewandoswki oficiava como relator do feito. Isso posto, para melhor análise, determino sejam encaminhadas cópias, na íntegra", afirma trecho. As ações mencionadas a Tacla foram suspensas em março deste por se basearem em depoimentos de delatores obtidos em acordo de leniência entre a construtora Odebrecht e a Lava Jato de Curitiba. As provas utilizadas nos processos, baseadas nos depoimentos, foram consideradas irregulares pelo ex-ministro Lewandowski por não terem, por exemplo, seguido canais formais, ou ainda pelo sistema de propina da empreiteira, os chamados MyWebDay e Drousys. LEIA TAMBÉM: Quem é Tacla Duran, ex-advogado de empreiteiras alvo da Lava Jato e que acusa Moro de extorsão e Deltan de perseguição Depoimentos de Tacla em 2023 Tacla Duran é réu por lavagem de dinheiro pela Lava Jato. Ele trabalhou para várias empreiteiras alvo da operação, como Odebrecht, UTC e Mendes Junior. Em março deste ano, ele acusou, em depoimento ao ex-juiz da Lava Lato, Eduardo Appio, que foi vítima de extorsão do também ex-juiz da operação e atual senador Sergio Moro (União-PR) e de perseguição pelo ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Os dois negam as acusações. O depoimento ocorreu após o pedido de prisão expedido por Moro contra ele ser revogado. Porém, em abril deste ano, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) restabeleceu a ordem de prisão preventiva contra Duran após pedido do MPF. Após as acusações, o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por se tratar de parlamentares à época. Em segundo depoimento a operação neste ano, em maio, e na condição de testemunha, Tacla acusou o ex-procurador da República e da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, de receber pelo menos R$ 750 mil em um “esquema de proteção” na operação. Tacla Duran citou pelo menos quatro doleiros envolvidos no esquema. Lewandowski encerra três investigações contra Lula na Justiça MPF pede que acusações de Tacla Duran contra Moro sejam analisadas pela Justiça comum; juiz encaminhou caso para STF MPF do Paraná quer anulação de depoimento de Tacla contra Moro e Dallagnol e sigilo no processo Preso na Espanha Em 2016, o advogado foi alvo de mandado de prisão na 36ª fase da operação, acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e de pertencer a organização criminosa. A prisão foi determinada pelo então juiz Sergio Moro, na época titular da 13ª Vara Federal em Curitiba. Na época, Tacla Duran já vivia na Espanha e foi preso em Madri. Ele ficou três meses preso e, em fevereiro de 2017, conseguiu liberdade provisória. Em julho daquele ano, a Justiça espanhola rejeitou pedido de extradição do cidadão. Nas investigações da Lava Jato, Tacla Duran admitiu ter emprestado contas de empresas dele no exterior para movimentar recursos da Odebrecht em paraísos fiscais do Caribe. Tentativas de delação Em 2016, Tacla Duran tentou um acordo de delação premiada para reduzir o valor da multa aplicada pela Justiça, de R$ 55 milhões. Na época, Duran acusou o advogado Carlos Zucolotto, amigo pessoal de Moro, de ter recebido US$ 5 milhões para ajudá-lo a obter vantagens no acordo de delação. Porém, em 2018 o acordo foi rejeitado pela Procuradoria Geral da República (PGR). A procuradoria investigou as denúncias feitas pelo advogado e arquivou o caso em 2018, argumentando que não ficou comprovada a prática de crimes. Em 2020, o procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu retomar a negociação do acordo que atingiria o advogado Carlos Zucolotto, amigo de Moro. Mas não houve oficialização de colaboração. Recentemente, no depoimento à Justiça Federal em Curitiba, Tacla Duran retomou as denúncias, que devem ser apuradas pela Polícia Federal. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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