Ponto 14

Mãe de professor agredido por delegado da PF diz que filho está 'debilitado emocionalmente' e ajuda mulher a lutar contra câncer

Por Giuliano Saito


Polícia Federal fez ação em escolas em Guaíra contra violência e armas em unidades. Professor diz ter sido agredido, ameaçado e ter recebido voz de prisão de delegado pai de aluno. PF apura conduta. Professor Gabriel foi enforcado por delegado da PF Arquivo Pessoal A mãe do professor agredido por um delegado da Polícia Federal no Paraná conta que o filho foi afastado do trabalho por recomendação médica após o episódio de violência. Gabriel Rossi discutiu com o filho do delegado, 13 anos, e na saída da escola contou ter sido agredido e ameaçado pelo policial, sob a mira de uma arma. O delegado registrou um BO de injúria contra o professor. “Meu filho está debilitado emocionalmente, tem chorado. Ele está passando por um momento difícil acompanhando a esposa que tem 26 anos e está em tratamento de câncer de mama. Já estava abalado e passar por uma violência como essa…”, conta Maria Helena Barbosa. O caso ocorreu na última sexta-feira (30) na escola Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, em Guaíra. Segundo o boletim de ocorrência, o professor teria dito que "soltaria fogos de artifício" com a saída do aluno da escola. O docente também teria chamado o aluno de “nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico”. O professor confirma que disse que “ficaria feliz” com a saída do aluno, por ser alvo frequente de piadas, mas que não disse que o aluno era nazista. “eu disse para ele que em alguns momentos o vi fazer brincadeiras de cunho nazista. Mas eu sei que o menino não é nazista”, contou Gabriel ao blog da Andreia Sadi. Após a conversa, ele foi abordado pelo pai do aluno e conta ter sido enforcado, recebido voz de prisão do delegado e ficado sob a mira de uma arma. A escola publicou uma nota sobre o caso, repudiando a violência. Gabriel é professor há nove anos e há oito dá aulas no colégio. Ele é casado e a esposa tem 26 anos e está em tratamento de câncer de mama. A mãe dele conta que ele é o único trabalhando em casa e que mantém o tratamento da companheira e que tem sido um momento difícil. Política contra violência em escolas A mãe de Gabriel também é professora. Ela conta que com as ações contra violência em escolas, houve um programa da própria PF nas escolas da cidade falando sobre o risco de armas e violência. “A PF esteve nas escolas aqui em Guaíra falando sobre violência e de armas nas escolas. E aí o delegado violenta um professor armado?”, questiona. Após a repercussão do caso, a PF abriu uma investigação para apurar a conduta do delegado, segundo apurou o blog da Andréia Sadi. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que "as apurações administrativas serão procedidas na Polícia Federal, visando ao esclarecimento dos fatos e cumprimento da lei". Registro na Polícia Civil O professor contou que no dia da agressão chegou a ir à delegacia no mesmo momento que o delegado, mas que a Polícia Civil havia dito que estavam em greve e que não poderia registrar o caso. Apesar disso, o boletim do delegado de injúria foi feito. O blog da Andreia Sadi apurou que o registro foi feito na mesma delegacia e no mesmo momento em que Gabriel estava na unidade. Apenas no fim da manhã desta terça-feira (4) ele foi chamado para registrar o caso.O g1 questionou a Polícia Civil do Paraná sobre a conduta, mas não obteve retorno.