Lagarto teiú: o gigante adormecido do inverno paranaense

Mas a orientação dos especialistas é clara: não mexer! O teiú precisa dessa fase de repouso profundo para manter sua saúde.

Por Graziele Santos

Lagarto teiú: o gigante adormecido do inverno paranaense Créditos: Foto: IAT-PR

Imagine um réptil que, apesar do tamanho imponente, passa meses quase imóvel para suportar o frio. Esse é o lagarto teiú (Salvator merianae), gigante das matas e parte da fauna paranaense, que nesta época do ano entra em brumação, uma estratégia vital para sobreviver às baixas temperaturas.

Comum em todos os biomas do Paraná, o teiú pode chegar a mais de 1,5 metro e impressiona quem o encontra. No inverno, porém, ele se recolhe em tocas subterrâneas ou na vegetação densa, reduzindo drasticamente seu metabolismo para poupar energia. É parecido com a hibernação dos ursos polares, mas com particularidades dos répteis.

“Os répteis, como o teiú, são ectotérmicos, ou seja, dependem do calor externo para regular a temperatura corporal,” explica o biólogo Lucas Borges de Souza Arruda, do Instituto Água e Terra (IAT). “No frio, a atividade deles diminui muito, e entram em brumação para sobreviver à falta de alimento e água.”

Durante esse período, o lagarto fica tão parado que pode parecer doente ou até morto. Mas os especialistas alertam: não mexa. O animal precisa desse repouso profundo para manter a saúde.

Além desse comportamento curioso, o teiú tem grande importância ecológica. É um animal onívoro e oportunista, com dieta que inclui frutas, ovos, pequenos animais, folhas e até carniça. Por isso, é um importante dispersor de sementes, ajudando a regenerar florestas e áreas degradadas.

O teiú também se adapta bem a diferentes ambientes: vive em matas fechadas, cerrados, restingas litorâneas e até em áreas urbanas, estando presente em quase todo o Brasil.

Embora não esteja em risco imediato de extinção, integra o Apêndice II da CITES, que regulamenta o comércio internacional para evitar impactos nas populações naturais.

O IAT reforça que caçar, perseguir ou capturar animais silvestres é crime ambiental, conforme o Art. 29 da Lei de Crimes Ambientais. A orientação é simples: se encontrar um teiú, especialmente no inverno, admire de longe e deixe-o descansar tranquilo.

No fim, o gigante adormecido é mais um exemplo fascinante da forma como a vida selvagem se adapta para sobreviver. E merece nosso respeito.

 

Créditos: Redação com AEN Acesse nosso canal no WhatsApp