Ponto 14

Jovem é presa por suspeita de injúria racial, em Curitiba; 'Chega de racistas, chega de racismo', diz vítima

Por Giuliano Saito


A suspeita tem 18 anos, ficou presa duas noites e foi liberada nesta segunda-feira (14). Caso aconteceu no fim de semana, em um condomínio da capital. Jovem é presa por suspeita de injúria racial Uma jovem de 18 anos foi presa suspeita de injúria racial contra uma vizinha no fim de semana. O caso ocorreu em um condomínio de Curitiba. Tudo aconteceu nos corredores do prédio onde a vítima, a pedagoga Katiussia Graziella da Silva, mãe de dois filhos, mora com a família há 7 anos. A câmera de celular registrou o momento em que as duas vizinhas se encontram na garagem do condomínio. Primeiro gritaria e confusão. Aos berros a jovem, que acabou de completar 18 anos, chama a pedagoga de "preta encardida". Injúria racial foi gravada por câmera de celular Reprodução No vídeo, a vizinha aparece prosseguindo com as ofensas, desta vez contra o filho de 15 anos da pedagoga. "Grava, faz o que você quiser. Tira esse filho veado de perto de mim", afirma a vizinha. As duas vizinhas começaram a brigar. À RPC, a pedagoga afirma que naquele momento, perdeu a dignidade, e revidou. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram A polícia foi chamada e a jovem foi presa por injúria racial - crime sem direito a fiança. Ela passou duas noites na prisão e foi liberada na manhã desta segunda, após audiência de custódia. "Eu estou defendendo a minha raça, e é assim que tem que ser. [...] Eu acostumei, eu cresci tendo que ficar quieta, deixar passar, deixar passar. Mas nesse nível que está chegando, tá ficando difícil... ", afirmou a pedagoga nesta segunda-feira (14) à RPC. A Polícia Civil informou, em nota, que a suspeita foi autuada por injúria racial sem direito à fiança. Na tarde desta segunda, a RPC procurou a jovem no condomínio, mas ela preferiu não gravar entrevistas nem conversar com a equipe. A reportagem não conseguiu contato com a defesa da suspeita. "Sou preta, sim, meus avós são africanos, e eu vou até o fim. Pela segurança dos meus filhos, da minha, e da minha família. Chega. Chega de racistas, chega de racismo, chega", afirmou a pedagoga. Câmeras flagraram vizinha cuspindo na cara da pedagoga A pedagoga afirma que já são meses de insultos, que começaram por causa de um desentendimento entre crianças, no parquinho do prédio. A confusão entre o filho mais novo da pedagoga e o primo da jovem suspeita de racismo foi no ano passado. Katiussia teria discutido com a jovem e com uma tia dela. De lá pra cá, segundo a pedagoga, foram vários episódios de injúria racial. Leia também: Mês da Consciência Negra tem programação cultural especial em Curitiba; confira agenda Mulher é presa no Paraná por cometer injúria racial contra policial: 'Não vou conversar com você, preto', cita relatório UEPG afasta estudantes após denúncia de troca de mensagens racistas em grupo de aplicativo; MP-PR investiga Em setembro, as câmeras de segurança do condomínio flagraram o momento em que a jovem cospe no rosto da pedagoga e depois dá vários tapas e socos violentos. No vídeo, ela também agride o marido de Katiussia. "Isso já é para deixar uma pessoa humilhada mesmo, cuspir na face de uma pessoa... Nós já estamos no século 21. Precisa acabar com essa cultura de: 'Ah, vamos chamar de preto' e ninguém... sabe? Alguém tem que, os pretos, todos... têm que ir denunciar, porque uma hora isso vai ter que acabar", disse chorando a pedagoga. Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.