Itaipu vai injetar R$ 1,3 bilhão na COP-30, Cúpula do Clima, em Belém do Pará
Entre os gastos a serem pagos estão a implantação de quase 500 quartos de hotéis de alto padrão e parte de uma rede coletora de esgoto

A realização da COP-30 em Belém do Pará, no Brasil, marca um evento de grande importância para a agenda global de combate às mudanças climáticas, especialmente por ocorrer em pleno coração da Amazônia, uma região chave na luta pela preservação ambiental. No entanto, o evento também gerou debates e críticas, principalmente em relação aos altos custos envolvidos e à origem dos financiamentos, como os recursos provenientes da Itaipu Binacional.
A usina binacional está desempenhando um papel relevante no financiamento de diversas obras e iniciativas para o evento, incluindo investimentos de grande porte em infraestrutura urbana. A construção do Parque Urbano do Igarapé São Joaquim, a revitalização do Mercado Ver o Peso e de outros espaços históricos de Belém, além de melhorias no sistema de saneamento e na valorização de recicláveis, fazem parte desse pacote de investimentos. Esses projetos visam tanto melhorar a infraestrutura da cidade quanto fortalecer a imagem do Brasil no cenário internacional como líder em iniciativas sustentáveis.
Entretanto, a utilização de recursos públicos, especialmente em grandes projetos como o complexo hoteleiro Vila Líderes, tem gerado controvérsias. O financiamento do hotel de luxo com dinheiro público, destinado a acomodar autoridades internacionais durante o evento, foi visto por alguns como um uso questionável dos recursos, especialmente considerando a desigualdade social existente no Brasil.
Além disso, a compra de terras indígenas no valor de R$ 240 milhões e outros convênios relacionados a obras de grande escala geraram críticas sobre a forma como os recursos estão sendo alocados pela Itaipu, levantando questões sobre transparência, prioridades e impactos sociais desses investimentos.
O fato de a Itaipu justificar essas ações com base em sua missão socioambiental não tem sido suficiente para dissipar as críticas. Para muitos, a maneira como os recursos estão sendo aplicados levanta preocupações sobre o equilíbrio entre o desenvolvimento sustentável e as prioridades sociais e ambientais do país, especialmente em relação aos povos indígenas e às comunidades locais.
Em resumo, enquanto a COP-30 representa uma oportunidade única para o Brasil se posicionar como protagonista na luta contra as mudanças climáticas, também há uma necessidade crescente de debate público sobre a gestão dos recursos públicos, a transparência dos investimentos e os impactos das ações em curso, especialmente em uma região tão sensível como a Amazônia.
Garrafa de água a R$ 17,50
A bagatela do convênio de R$ 480 milhões para a montagem da COP30, terá garrafas d’água de 500 ml cotadas a R$ 17,50 cada uma. Pelo menos essa é a estimativa de preço apresentada no acordo assinado entre o governo e a OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos), entidade contratada sem licitação para gerir a instalação do evento.
No mês passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a questionar o governo sobre os critérios adotados para definir o preço do convênio. Estima-se que a OEI apresentou despesas no valor de R$ 22,5 milhões para alimentação dos delegados, camarins e custo da equipe que irá trabalhar na conferência.
A imprensa também teve conhecimento da tabela de preços com garrafão de 20 litros a R$ 167,50 e garrafa d’água de 300 ml a R$ 13,50.
Através de nota, a Secretaria Extraordinária para a COP-30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, afirma que os valores são apenas estimativas "utilizadas para definir o montante do projeto de cooperação" com a OEI. E que os valores são meramente referenciais e não necessariamente serão adotados pela empresa.
Itaipu processa secretário Sandro Alex por difamação
E um posicionamento feito pelo secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná e ex-deputado federal, Sandro Alex, levou a Itaipu a entrar com um processo por difamação. A queixa foi protocolada na semana passada, já que Sandro Alex fez declarações/acusações em um programa ao vivo (Rádio Mundi FM de Ponta Grossa) chamando a Binacional de “usina da corrupção" e que teria também que havia “sujeira por trás dos benefícios” liberados pela Binacional.
O processo foi registrado no último dia 3 de abril e tramita na 5ª Vara Federal de Foz do Iguaçu. A Itaipu alega que o secretário usou o microfone da rádio para propagar ataques ofensivos, fake News, e abuso por conta da condição pública que ocupa. A usina também disse que as informações são infundadas colocando o trabalho da mesma, além dos contratos e convênios/ações sociais sob suspeita.
A Gazeta do Paraná entrou em contato com a hidrelétrica que disse que não irá posicionar, mas repassou o documento que tramita na justiça de Foz do Iguaçu. Nós também solicitamos um posicionamento do secretário, mas até o fechamento desta edição não tivemos retorno nem da assessoria de comunicação.
Eliane Alexandrino/ Por Gazeta do Paraná