Homicídios em Cascavel com médias altas, e Estado atinge menor taxa da história
Enquanto o Paraná celebra a menor taxa de homicídios da história, Cascavel enfrenta desafios pós-pandemia, com médias altas e redução lenta nos índices de violência.
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O Paraná registrou a menor taxa de homicídios da história em 2024, de acordo com os dados do Centro de Análise, Planejamento e Estatística da Secretaria de Estado de Segurança Pública, divulgados na quarta-feira (19). Foram 1.663 homicídios dolosos entre janeiro e dezembro, o que representa uma taxa de 14,06 homicídios por 100 mil habitantes. Tanto em números absolutos, quanto proporcionais, os índices são os menores desde o início da série histórica, iniciada em 2007. No entanto, em Cascavel, os dados mostram uma realidade diferente da que foi apresentada pela Secretaria de Segurança Pública. A cidade tem períodos de redução significativa, mas também apresenta picos preocupantes, principalmente no contexto pós-pandemia.
Entre 2012 e 2022, Cascavel viveu uma oscilação nos índices de homicídios. Em 2012, a cidade atingiu um pico alarmante, com 154 assassinatos. Naquele ano, o governo do Estado implantou a Delegacia de Homicídios e, consequentemente, os números começaram a despencar.
No ano seguinte, os números caíram para 97 homicídios em 2013 e mantendo uma tendência de redução até 2019, quando foram registrados 39 casos, o menor número da série histórica recente.
No entanto, a partir de 2020, com o início da pandemia de COVID-19, os números começaram a flutuar. Em 2020, foram registrados 63 homicídios, um aumento de 61,5% em relação a 2019. Em 2021, houve uma leve redução, com 52 homicídios, mas em 2022, o número saltou para 79 casos, um aumento de 51,92% em relação ao ano anterior. Esse pico pós-pandemia, segundo a Policia Civil, reflete um cenário de desafios persistentes, como o aumento do desemprego, a crise econômica e possíveis desestabilizações no controle da criminalidade.
A partir de 2022, os números começaram a apresentar uma tendência de queda. Em 2023, foram registrados 62 homicídios, uma redução de 21,52% em relação ao ano anterior. Em 2024, a média se manteve estável, com 63 casos. Apesar da estabilização, os números ainda estão acima dos registrados em 2021 e 2019, indicando que a cidade ainda não retornou aos patamares mais baixos de criminalidade observados antes da pandemia.
A análise dos dados também revela que a violência em Cascavel está concentrada em determinadas regiões. Em 2024, a região Norte foi responsável por 62% dos homicídios, com 41 casos. As principais causas dos assassinatos incluem desentendimentos, tráfico de drogas e questões passionais, além de outros motivos variados.
Os motivos dos homicídios também foram analisados. Dos 66 casos registrados, 14 foram provocados por desentendimentos, 12 por tráfico de drogas, 5 por desavenças anteriores, 4 passional, 4 por uso de drogas, 3 por violência doméstica e 24 por outras questões.
2025
Neste ano, foram registrados nove homicídios. O mais recente ocorreu no dia 1° de fevereiro, no bairro Períolo. Entre os casos, o que teve maior repercussão foi o do apenado que foi metralhado em frente à Prefeitura. Tiago Alexandro da Silva Lima, um homem condenado que trabalhava na jardinagem do Paço Municipal como parte de um programa de redução de pena, foi executado com 25 tiros (foto).
Menor taxa de homicídios no Paraná
O estado do Paraná alcançou, em 2024, a menor taxa de homicídios desde o início da série histórica, iniciada em 2007. De acordo com dados divulgados pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatística da Secretaria de Estado de Segurança Pública, foram registrados 1.663 homicídios dolosos no ano, o que representa uma taxa de 14,06 mortes por 100 mil habitantes. Em comparação com 2023, quando houve 1.837 assassinatos (taxa de 15,63 por 100 mil habitantes), a redução foi de 9,4%.
O secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, atribuiu a queda à eficácia das políticas de segurança pública implementadas no estado, como a contratação de novos policiais, a aquisição de equipamentos e a integração entre as polícias Civil e Militar. Ele destacou que a redução nos índices de criminalidade, especialmente em homicídios e latrocínios, reflete o trabalho contínuo das forças de segurança.
A análise histórica mostra uma queda progressiva nos homicídios no Paraná. Desde 2018, quando foram registrados 1.955 casos (taxa de 17,23 por 100 mil habitantes), a redução é de 14,9%. Em comparação com 2010, quando o estado registrou 3.276 homicídios (taxa de 30,4 por 100 mil habitantes), a taxa atual caiu pela metade.
O delegado-geral da Polícia Civil, Silvio Jacob Rockembach, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jefferson Silva, reforçaram a importância do planejamento integrado e dos investimentos em pessoal e equipamentos para alcançar esses resultados. Apesar do aumento populacional de quase 400 mil habitantes desde 2019, o Paraná mantém uma trajetória de redução da criminalidade, consolidando-se como um exemplo na área de segurança pública.