Ponto 14

Homem morre em UPA de Curitiba após buscar atendimento em duas unidades, diz família: ‘Teve chance de sobreviver’

Por Giuliano Saito


Família de Vitor Loureço Campos Silva, de 40 anos, disse que ele estava com falta de ar. Eles dizem ter pedido atendimento emergencial, mas não foram atendidos. Prefeitura lamentou e disse que apura o caso. Vitor trabalha como segurança em uma casa noturna de Curitiba Arquivo da família O segurança Vitor Loureço Campos Silva, de 40 anos, morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boa Vista, em Curitiba, sem conseguir atendimento médico por cerca de duas horas, segundo familiares. A família relata que, antes de ser levado à unidade pelo Samu, Vitor foi atendido horas antes na UPA Campo Comprido. Lá ele foi medicado e liberado. Entenda abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram A morte aconteceu na madrugada de segunda-feira (24). Na certidão de óbito, a causa foi apontada como edema de laringe/amigdalite aguda. Segundo a família de Vitor, ele chegou na UPA Boa Vista com o Samu e, mesmo passando mal, com dificuldades para respirar não recebeu atendimento prioritário pelo médico de plantão. A prefeitura disse que vai apurar o caso. O nome do profissional não foi revelado. Jhessica Maiara Matias Pereira, prima de Vitor, detalhou que ele começou a sentir falta de ar no sábado (22). Pelo desconforto, pediu dispensa do trabalho. No domingo (23), segundo a prima, ele piorou e pediu para o pai levá-lo à UPA Campo Comprido. “Foi por volta de 23h. Ele fez a identificação, passaram medicamentos e ele foi liberado. Assim que ele chegou em casa, começou a passar mal. Não teve melhora com a medicação. Por volta de 2h30 não aguentava mais e não achava ar pra respirar. Minha tia chamou o Samu e a equipe disse que podia ser crise alérgica. Eles levaram o Vitor para a UPA do Boa Vista”. Paciente ficou horas esperando, segundo familiares Jhessica contou que o primo foi levado pelo Samu para a UPA Boa Vista por volta de 2h30. Lá, ela relatou que ele ficou no corredor aguardando atendimento, acompanhado da mãe. Segundo a prima, os dois pediam que, por ser uma emergência, Vitor recebesse atendimento prioritário pelo médico de plantão. Porém, a família relatou que o pedido não foi atendido. Após mais de duas horas de espera, a prima disse que Vitor caiu e passou a ser ajudado por pacientes e por uma enfermeira de plantão. “A hora que ele chegou o pico, que ele tava muito ruim, minha tia gritava, até os pacientes solicitavam que o médico viesse. A enfermeira bateu na porta do consultório e pediu para passar ele na frente, mas não escutou se teve resposta. Na mesma hora ele passou mal, caiu e pacientes ajudaram. O médico não veio”. Vitor tinha 40 anos Arquivo da família Jhessica contou que Vitor morreu pouco após o incidente. Segundo ela, duas enfermeiras levaram ele para outra área da UPA, e em seguida voltaram com a notícia que ele tinha falecido. “Qual UPA que errou? A que não deu diagnóstico ou a que não atendeu? [...] Ele teve mais de duas chances de sobreviver. Nada vai trazer ele de volta, mas eu não quero ver ninguém sofrendo do jeito que a minha tia está. Por falta de atendimento. Ele era saudável”. O que diz a prefeitura Em nota, a prefeitura se solidarizou com a família e disse que vai iniciar um processo para analisar o caso. “A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) lamenta e se solidariza com a família pela perda. A SMS esclarece que irá instaurar um processo para analisar todo o atendimento prestado ao paciente, para melhor avaliar as condutas clínicas adotadas e então tomar providências pertinentes”. O corpo de Vitor foi sepultado na segunda (24). Segundo Jhessica, a família não recebeu nenhum contato da prefeitura sobre a morte do segurança. Eles disseram que vão procurar a Defensoria Pública para auxílio. “Faz a gente pensar no valor que a gente tem como ser humano. Ele foi mais um. Mas a nossa luta, a minha voz vai ser para que mais ninguém passe por isso”, disse Jhessica. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.