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Guardas municipais são demitidos por ameaçar testemunha e omitir a verdade em investigação de morte de adolescente em Londrina, diz Corregedoria

Por Giuliano Saito


Garoto foi assassinado com um tiro no final de 2019. Guardas chegaram a ser presos por envolvimento no caso. Advogados afirmam que vão recorrer das demissões. Guarda Municipal de Londrina RPC/Reprodução A Prefeitura de Londrina demitiu dois guardas municipais réus pela morte de um adolescente de 16 anos em outubro de 2019, no Jardim Bandeirantes, zona oeste da cidade. Segundo a Corregedoria-Geral do Município, Robson Ignácio de Almeida e Irineu de Oliveira Júnior foram desligados por ameaçar uma testemunha e faltar com a verdade na confecção do Boletim de Ocorrência (B.O.) do caso. De acordo com a Polícia Civil, o garoto foi morto com um disparo de arma de fogo. Na época, os GMs disseram que, durante patrulhamento pelo local do crime, teriam escutado o tiro e visto uma pessoa em uma motocicleta saindo em alta velocidade. Na sequência, encontraram o corpo da vítima. Sindicância aponta indícios de irregularidades na ação dos guardas municipais em abordagem que terminou na morte de adolescente em Curitiba; entenda A investigação mostrou o contrário. Segundo a polícia, o tiro que matou o adolescente saiu da arma de um dos guardas. Eles foram presos em uma operação da Delegacia de Homicídios de Londrina cerca de um mês após o assassinato, mas atualmente respondem o processo em liberdade. O resultado da apuração administrativa foi obtida pelo g1 por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Os advogados dos guardas disseram que vão recorrer da decisão. Veja mais detalhes abaixo. Processo administrativo disciplinar A apuração da Corregedoria começou em 2020. Depois de três anos, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) revelou que os guardas tiveram as seguintes condutas comprovadas coagiram e ameaçaram uma testemunha, presente no local da abordagem de 02/10/2019 para 03/10/2019, a apresentar uma versão parecida com a dos guardas municipais na delegacia de plantão; faltaram com a verdade dos fatos na confecção do Boletim de Ocorrência em relação à abordagem com protocolo de atendimento da ocorrência; solicitaram, através de contato telefônico, que sua chefia imediata fosse até o local dos fatos e levasse uma arma de fogo com os seguintes dizeres: "...tem como trazer alguma coisa aí?...algum canhão alguma coisa aí, tem que ser rápido, tá?", conforme laudo pericial; Trânsito em julgado Conforme a Corregedoria, a decisão do PAD transitou em julgado em 11 de abril de 2023. Isso significa que, segundo a legislação do órgão, não há mais como os advogados recorrerem das demissões. A Secretaria Municipal de Defesa Social foi notificada do desligamento dos agentes em 19 de abril, sendo que eles não poderiam mais trabalhar a partir do dia seguinte. Em nota, o advogado Mário Barbosa, que representa a família do adolescente, afirmou que "mesmo cientes de que a demissão não trará de volta a vida dele (menor), os familiares veem com bons olhos o Município de Londrina ter colocado eles no olho da rua". RELEMBRE Dois guardas municipais de Londrina são indiciados por morte de adolescente Dois guardas municipais são presos, em Londrina, suspeitos de envolvimento em assassinato Justiça determina que Prefeitura de Londrina pague pensão à família de jovem morto após abordagem da Guarda Municipal O que dizem as defesas Procurado pelo g1, o advogado Jefferson Henrique Santos, que defende o GM Irineu, disse que "a demissão, ao entendimento da defesa, se afastou do ideal de justiça. Em verdade, praticou verdadeira injustiça ao interpretar provas favoráveis ao guarda em seu desfavor. A defesa pretende recorrer judicialmente da decisão." A defesa do GM Robson Ignácio informou que "entende que a decisão proferida não sopesou corretamente as provas e informações colhidas durante todo o processo administrativo. Sendo assim, esclarece que irá promover ação judicial para questionar a decisão final". Mais assistidos do g1 PR Leia mais em g1 Norte e Noroeste.