Gripe Aviária: Ministério da Agricultura apresenta novas suspensões por regiões no Brasil

Eliane Alexandrino/Por Gazeta do Paraná

O Brasil é o 3º maior produtor de carnes de aves no mundo, com uma produção anual em média de 14.833 milhões de toneladas da proteína animal. Deste total, exporta aproximadamente 5,2 milhões de toneladas para mais de 150 países. Hoje, diariamente são abatidos 25 milhões de aves ao dia no país. Segundo dados da Coopavel, as cooperativas brasileiras abatem 5 milhões de aves ao dia, ou seja, 20% da produção brasileira. 

O Paraná é o maior produtor de frangos do País, com mais de 2 bilhões de aves abatidas no ano passado, o que representa 34,5% da produção nacional, o estado conta com cerca de 20 mil granjas.

A Coopavel, uma das maiores cooperativas do Paraná e do Brasil, abate diariamente 300 mil aves ao dia, o que representa 1% da quantidade abatida em todo o país. 

Em entrevista ao podcast/Gazeta Entrevista o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, fez um panorama sobre o agronegócio brasileiro, cooperativismo, protocolo sanitário na produção de frangos, como a região Oeste está fora do risco da doença. 

Em Cascavel, a Coopavel sozinha exporta a proteína para quase 50 países (Entre eles: China, Espanha, Holanda, Japão, Emirados Árabes). A cooperativa faz parte do grupo das maiores empresas do Brasil, sendo responsável pelo abate e processamento e exportação. Conta com aproximadamente 8 mil funcionários, além de 33 filiais em 23 cidades (Oeste e Sudoeste). 

O faturamento da cooperativa no ano passado foi de R$ 5,3 bilhões e neste não a previsão é de R$ 6,8 bilhões.  “A Coopavel começou em 1970 entregando insumos e recebendo grãos. Com o tempo a cooperativa fez um trabalho significativo. Hoje vendemos insumos, recebemos grãos e temos atividades na agroindústria. A nossa característica principal é que deste total 98% vem do valor agregado. Se nós só continuássemos recebendo grãos [soja, milho e trigo] e não industrializasse não iria gerar valor para a sociedade”, destaca Grolli. 

A Coopavel conta com 18 agroindústrias, entre elas: 4 fábricas de rações, 2 fábricas de fertilizantes, 1 indústria de frango, 1 indústria de suíno, 1 indústria peixe, laticínio, indústria de biológicos, indústria de material de limpeza (auxiliou na pandemia da Covid-19), indústria de embalagens. 

Região Sul é responsável por 59,4% da produção de frango

Segundo a Coopavel, o município de Cascavel tem o maior plantel de avícola do Brasil. O Paraná responde por 34,5%, seguido de Santa Catarina com 13,8%, Rio Grande do Sul com 11,4%, totalizando somente na região Sul do País, 59,4%.

“A China é o maior comprador de carne de frango do Brasil [562 milhões/toneladas] seguida dos Emirados Árabes, Japão, Arábia Saudita e África do Sul. A estratégia do setor será remanejar os embarques de carnes e derivados de aves para os países que mantiverem abertos ao Brasil, ou que apenas adotarem restrições apenas onde teve o foco. Acredito que essa restrição será temporária e não afetará nossa produção”, pontuou Dilvo Grolli.

Produção mundial de carne de frango

O Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango no mundo com 14.833 milhões/toneladas, seguido da China com 14.300 milhões/toneladas. Os Estados Unidos lideram com 21.095 milhões/toneladas. O país americano já contabiliza 1,4 bilhão de dólares em prejuízos, segundo a AVMA (Associação Médica Veterinária Americana). O surto da doença da gripe aviária começou em 2022 e se tornou o mais severo e prolongado da história do país americano.  

Mas o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, somente no ano passado foram 5.295 milhões/toneladas.  “A tendência das exportações é de que a carne de frango continue sendo a proteína animal mais consumida do mundo, segundo as projeções mundiais.  Para 2031, o frango seguirá no ranking de carne mais consumida no mundo, seguida da carne bovina e depois a suína”, destaca Grolli.

Confira a entrevista completa do podcast no youtube/Gcast- Gazeta do Paraná.

Teve início o vazio sanitário de 28 dias

Teve início na última quinta-feira (22) o período do vazio sanitário de 28 dias na granja de Montenegro no Rio Grande do Sul, onde foi detectado o primeiro foco de influenza em granja comercial no Brasil. A partir de agora, caso não haja registros de novos focos nesse intervalo, o Brasil voltará a se autodeclarar livre da doença naquela região. 

O Ministério da Agricultura confirmou a suspensão do Estado do Rio Grande do Sul para: Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia. A Rússia, Bielorrússia, Armênia e Quirguistão decidiram retirar a suspensão do país todo e reduziram a restrição geográfica para o estado do Rio Grande do Sul. 

Suspensão para o município de Montenegro (RS): Emirados Árabes Unidos e Japão.  E a suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil: China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka e Paquistão.

A atividade de saneamento do foco foi iniciada no dia 16 de maio e concluída na última quarta-feira (21). Todo o material que apresentava risco foi manejado adequadamente, removido e destruído com a supervisão do serviço veterinário oficial do Ministério da Agricultura, conforme a determinação do Plano Nacional de Contingência.

A gripe aviária está localizada em todos os continentes, desde 2006, o vírus está em circulação, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa. No Brasil a doença chegou em 2023, através de aves silvestres, mas este foi o primeiro caso comercial.