Governo decreta emergência hídrica no Paraná diante de estiagem prolongada
De acordo com o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o Paraná apresenta um quadro persistente de chuvas irregulares e abaixo da média
Por Da Redação

O Governo do Paraná publicou na última quinta-feira (22) o Decreto nº 10.047/2025, que declara situação de emergência hídrica em todo o território estadual. A medida é uma resposta à estiagem que se arrasta desde dezembro de 2024, com chuvas abaixo da média e impacto crescente no abastecimento de água e na produção agrícola, principalmente nas regiões Centro, Sudoeste e Oeste.
Assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, o decreto mobiliza todos os órgãos estaduais, sob a coordenação da Defesa Civil, para atuarem em ações de resposta e prevenção aos efeitos da seca. A medida tem caráter preventivo e permite maior agilidade nas contratações emergenciais, sem necessidade de licitação, desde que as ações sejam concluídas em até 180 dias.
“Esse decreto é de extrema importância, de uma forma preventiva, que o Governo do Estado está trabalhando, de forma proativa”, destacou o coronel Fernando Schünig, coordenador estadual da Defesa Civil. A medida também facilita o acesso a recursos, liberações do FGTS, financiamentos de safra e aquisição de materiais e equipamentos para os municípios afetados.
A estiagem tem sido monitorada desde o fim do ano passado. De acordo com o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o Paraná apresenta um quadro persistente de chuvas irregulares e abaixo da média. “As precipitações não foram bem distribuídas e, apesar da ausência de fenômenos como a La Niña, fatores locais e regionais têm agravado o cenário”, explicou.
A previsão não é animadora. O mês de maio deve encerrar com chuvas abaixo da média histórica, e o cenário deve se manter pelos próximos meses. A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) já emitiu alerta à população e reforça o uso racional da água. “Hoje os reservatórios estão com 91%, mas a tendência é que cheguem a menos de 80% em setembro”, disse Julio Cesar Gonchorosky, diretor de Meio Ambiente da Sanepar. A empresa já investiu R$ 2,5 bilhões em infraestrutura hídrica, mas reforça que a colaboração da população é essencial.
A seca também afeta diretamente o setor agrícola. Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o decreto atende a um ofício encaminhado pela entidade ao governo, alertando sobre a gravidade da situação em importantes regiões produtoras como Noroeste, Norte Central, Centro-Ocidental e Norte Pioneiro. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), a estiagem já provocou perdas de 1,3 milhão de toneladas na safra de soja 2024/25, o que representa um prejuízo de R$ 153 milhões. Na região Noroeste, a quebra chegou a 24,7%.
Além da soja, os cultivos de milho e feijão também estão sendo impactados. O presidente interino da FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, destacou a importância da medida para viabilizar a renegociação de dívidas por parte dos produtores. “Agora, os sindicatos rurais devem procurar as prefeituras para que os municípios façam adesão ao decreto estadual, possibilitando o acesso a mecanismos de apoio financeiro”, afirmou.
O decreto estadual, segundo Meneguette, é fundamental para garantir respaldo jurídico e administrativo às ações emergenciais que buscam mitigar os prejuízos já evidentes no campo e evitar um agravamento da crise hídrica no Estado. Enquanto isso, o apelo por uso consciente da água se intensifica em todas as regiões paranaenses.