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Grampo na cela do Alberto Youssef: o que se sabe

Por Giuliano Saito


Juiz Eduardo Appio derrubou sigilo de processo da Lava Jato envolvendo o ex-doleiro considerado a caixa-preta da operação e pediu novas apurações. Alberto Youssef Reprodução GloboNews O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, afirmou nesta segunda-feira (22) que encaminhou para a Polícia Federal em Curitiba uma sugestão de abertura de um novo inquérito para investigar a descoberta de um grampo ambiente na cela em que Alberto Youssef ficou preso. O equipamento foi encontrado há nove anos. O atual juiz da operação Lava Jato deu entrevista, ao vivo, ao programa Estúdio i, da Globo News. "É o momento de passar a limpo tudo o que aconteceu. Se ocorreram ilegalidades, essas ilegalidades vão ser processadas e julgadas no tempo e modo devido, garantido o o devido processo, inclusive, a intimação dos evolvidos", afirmou o juiz no Estúdio i. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Ainda conforme Appio, há materialidade e os grampos estão registrados na sindicância que houve na Corregedoria da PF. A escuta foi alvo de investigação anos atrás, e, neste ano, Appio retirou o sigilo do processo contra Youssef. A denúncia da existência do equipamento aconteceu em 2014, quando ele estava preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba. O grampo teria ficado ativo entre 17 de março, quando Youssef foi preso, e 29 de março de 2014, até ser descoberto pelo doleiro. À época, a PF alegou que a escuta era antiga, ainda do momento da prisão do traficante Fernandinho Beira Mar e estava desativada. Contudo, Appio afirmou que o equipamento encontrado por Youssef era outro e com outra numeração de série. Veja abaixo detalhes. De acordo com Appio, na ocasião, o advogado do doleiro representou na Justiça, e o então juiz da operação e atual senador pelo Paraná, Sergio Moro (União-PR), encaminhou a denúncia à Polícia Federal. Appio afirmou que os advogados questionaram Moro se ele havia autorizado a instalação do equipamento e, segundo o juiz, Moro respondeu negativamente. Advogado do doleiro relatou que as escutas eram feitas em tempo real Luiz Gustavo Flores/arquivo pessoal A partir daquele momento se instaurou uma investigação. Justiça Federal quer nova investigação sobre grampo de Alberto Youssef Ao blog da Andréia Sadi, a defesa de Alberto Youssef classificou como farsa a primeira sindicância feita pela Polícia Federal em 2014 e afirma que irá fazer novos questionamentos ao judiciário. A PF informou que, tão logo notificada da decisão, dará o andamento interno correspondente. Quem investigou a denúncia? Depois de uma primeira sindicância afirmar que o equipamento não realizava gravações, uma segunda investigação foi aberta pela Corregedoria-Geral da PF, em Brasília, em 2015. Qual foi a conclusão? A segunda sindicância confirmou que o grampo estava funcionando na cela. No documento de análise da PF, constam terem sido encontrados 64 arquivos de áudio. "Acrescenta-se que o conteúdo dos áudios possui diversas passagens que levam a inferir que os interlocutores seriam presos da Operação Lava Jato, encarcerados em cela da Superintendência da Policia Federal no Paraná". A análise dos áudios ainda exemplifica nomes identificados na escuta. Segundo Appio, depois que os agentes envolvidos na descoberta e nas investigações envolvendo Youssef foram ouvidos na Corregedoria da Polícia Federal, em Brasília, a Corregedoria chegou à conclusão que os policiais que haviam denunciado as ilegalidades deveriam ser processados. Dois agentes acabaram processados e absolvidos pela Justiça Federal, relembrou o juiz. Nova investigação Diante da situação e com base na sindicância de 2015, o novo juiz da Lava Jato sugere que a Superintendência da PF no Paraná abra um novo procedimento para apurar os fatos. VÍDEO: Youssef deixa a cadeia após ficar um dia preso em Curitiba O ofício foi encaminhado na tarde desta segunda-feira. No documento, Appio frisa ser dever de toda e qualquer autoridade pública informar "notícia de acontecimento supostamente criminoso à autoridade policial". O objetivo agora é apurar se houve alguma ilegalidade cometida por agentes e delegados da Polícia Federal vinculados à força-tarefa da Lava Jato. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.