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Gasolina com mais etanol começa a valer e pode reduzir preço nas bombas

Como os estoques da gasolina produzida em julho ainda estão sendo distribuídos, o novo combustível deve chegar às bombas gradualmente ao longo de agosto

Por Da Redação

Gasolina com mais etanol começa a valer e pode reduzir preço nas bombas Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entrou em vigor nesta sexta-feira (1º) a nova composição da gasolina comum vendida no Brasil, que passa a conter 30% de etanol anidro, contra os 27,5% anteriores. A medida foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e integra a estratégia do governo federal de ampliar o uso de biocombustíveis e reduzir a dependência do petróleo importado.

Com a adoção da chamada gasolina E30, o governo espera que o preço do litro nos postos caia até R$ 0,11. No entanto, como os estoques da gasolina produzida em julho ainda estão sendo distribuídos, o novo combustível deve chegar às bombas gradualmente ao longo de agosto.

Além do maior percentual de etanol, a gasolina comum também passa a ter octanagem mínima de 94 RON, um ponto a mais que antes. Esse índice indica a resistência do combustível à detonação, influenciando diretamente no desempenho e eficiência dos motores, principalmente os mais modernos.

Já a gasolina premium (como Podium e V-Power Racing) segue com 95 RON e 25% de etanol anidro.

O que muda para o motorista

Carros flex devem perceber aumento no consumo de combustível, já que o etanol possui menor poder calorífico — ou seja, gera menos energia por litro. Em contrapartida, a octanagem mais alta pode melhorar a eficiência dos motores, segundo especialistas. Testes indicam aumento de até 2% na potência com o novo combustível.

A recomendação é que proprietários de veículos mais antigos fiquem atentos. O maior teor de etanol pode causar corrosão e oxidação de peças, especialmente em motores projetados apenas para gasolina. Nesses casos, a gasolina premium é indicada, embora tenha preço mais elevado.

Testes e viabilidade técnica

A gasolina E30 foi avaliada por um grupo técnico liderado pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), com participação da ANP, Ministério de Minas e Energia e fabricantes de veículos. Os testes incluíram 16 modelos de carros e 13 motocicletas e não apontaram prejuízos significativos em consumo, desempenho ou emissões.

O estudo concluiu que a nova mistura é viável do ponto de vista técnico e ambiental, com potencial de reduzir a emissão de poluentes e contribuir com a transição energética.

Menor dependência externa

Segundo o governo federal, a adoção da E30 poderá evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, além de estimular a produção nacional de etanol em 1,5 bilhão de litros. A expectativa é de investimentos de até R$ 9 bilhões no setor.

A mudança também atende à Lei do Combustível do Futuro (14.993/24), que prevê o aumento gradual do uso de etanol na gasolina. O próximo passo pode elevar o percentual para até 35%, caso haja nova comprovação técnica.

Com a medida, o Brasil reforça seu compromisso com os biocombustíveis e com a redução das emissões de gases do efeito estufa — uma política iniciada há mais de 40 anos, quando o país começou a misturar etanol à gasolina.

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