Fogo em lixo em terrenos baldios causa mais de 30% dos incêndios no Paraná
Em períodos de estiagem, como o inverno, o risco de grandes queimadas aumenta
Por Da Redação

O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) registrou, entre janeiro e julho deste ano, 4.830 incêndios em vegetação no estado. Do total, 1.641 ocorrências tiveram início em lixo queimado em terrenos baldios, o que representa 33,9% dos casos. A preocupação não é nova: em 2024, dos 11,9 mil registros de incêndio em vegetação, 4,5 mil também tiveram origem em terrenos baldios — o equivalente a 37,8%.
De acordo com a porta-voz do CBMPR, capitã Luisiana Cavalca, esse tipo de prática segue sendo uma das principais causas de incêndios urbanos e rurais. “Atear fogo a resíduos em terrenos baldios pode terminar em grandes incêndios florestais ou atingir residências. A fumaça ainda pode comprometer o trânsito e provocar sérios problemas respiratórios”, alerta.
A situação se agrava ainda mais no inverno, com o tempo seco. Somente entre os meses de junho e julho, foram registrados 641 incêndios desse tipo — 38,1% do total do ano. Em julho, o número saltou para 587 casos, enquanto junho registrou 54, reflexo das chuvas que marcaram a primeira quinzena daquele mês.
“Muitas vezes, móveis e entulhos descartados nesses terrenos são incendiados. É um risco enorme, porque qualquer fagulha pode causar uma tragédia”, afirma a capitã. Para ela, o descarte correto dos resíduos sólidos e o monitoramento dos terrenos são medidas essenciais para evitar novas ocorrências.
As prefeituras, segundo o CBMPR, também têm papel importante na prevenção. “Os municípios podem contribuir fiscalizando os terrenos baldios quanto à vegetação e aos materiais despejados nesses espaços. É fundamental ainda que ofereçam alternativas de coleta e destinação correta de resíduos”, explica.
Um exemplo recente ocorreu na última quarta-feira (30), no Bairro Alto, em Curitiba. O fogo destruiu a maior parte de um terreno de 30 mil metros quadrados nas proximidades de um hospital. Com a vegetação seca, as chamas se espalharam rapidamente. A ocorrência mobilizou três caminhões dos bombeiros e uma Guarnição de Combate a Incêndios Florestais. Três casas vizinhas precisaram ser evacuadas como medida de precaução.
Além do avanço das chamas, a fumaça causou transtornos no trânsito da Linha Verde, uma das vias mais movimentadas da capital. “A fumaça reduz a visibilidade e pode provocar acidentes graves”, reforça Luisiana.
O Corpo de Bombeiros faz um apelo: queimar lixo em terrenos baldios é perigoso e ilegal. “Essa prática aumenta os riscos de incêndios florestais, atinge áreas residenciais, prejudica a saúde da população e pode causar acidentes”, diz a porta-voz.
A prática é crime ambiental, previsto na Lei 9.605/98. Já o artigo 250 do Código Penal estabelece pena de 3 a 6 anos de prisão, além de multa, para quem iniciar incêndios que coloquem em risco a vida, a integridade física de pessoas ou o patrimônio. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 190 da Polícia Militar.
