Ponto 14

Fiocruz identifica quatro casos de sorotipo 3 da dengue no Brasil, após mais de 15 anos sem epidemia; um deles é no Paraná

Por Giuliano Saito


Caso registrado em Curitiba foi importado do Suriname, segundo secretaria. Outros três casos foram em Roraima, correspondem a pacientes que se infectaram localmente e que não tinham histórico de viagem. Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue Freepik A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou quatro casos de pessoas infectadas com o sorotipo 3 da dengue no Brasil, após mais de 15 anos sem epidemia da cepa no país. De acordo com o estudo, todos os casos foram registrados em 2023. Um deles foi registrado em Curitiba, no Paraná. Conforme a instituição, foi importado, uma vez que a pessoa diagnosticada havia viajado para o Suriname, onde possivelmente contraiu a doença. Os outros três foram autóctones em Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Os casos foram inicialmente identificados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) de cada estado. A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) reforça que, neste período epidemiológico, – iniciado em agosto de 2022, – não há registros autóctones de dengue sorotipo 3 no estado. Menina de 2 anos morre vítima da dengue em Foz do Iguaçu; Paraná ultrapassa os 45 mil casos confirmados da doença A última ocorrência da circulação do sorotipo 3 no Paraná foi em 2016. Naquele ano, o estado acumulou o registro de 33 casos detectados, conforme a Sesa. Sorotipos De acordo com a Fiocruz, o vírus da dengue possui quatro sorotipos (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) e todos podem causar as diferentes formas da doença. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo. Entretanto, é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente. A fundação reforça que o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esta cepa do vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Conforme a Fiocruz, existe também o perigo da dengue grave, que acontece com frequência em pessoas que tiveram a doença e são infectadas novamente por outro sorotipo. No Paraná, segundo a Sesa, houve a predominância do sorotipo DENV1 até 2018 e do sorotipo DENV2 em 2019 e 2020. A partir de 2021 voltou a prevalecer o sorotipo DENV1. LEIA MAIS: Saiba como evitar a dengue, quais os sintomas, cuidados e tratamento Ressurgimento acende alerta Dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti Sean Werle/INaturalist De acordo com o virologista Felipe Naveca, a circulação do sorotipo que se mostrava ausente é preocupante. "É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo", explica. QUIZ: faça o teste e veja se você está bem-informado para ajudar no combate à dengue Ainda segundo o pesquisador, as análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre 2018 e 2020, provavelmente por meio do Caribe. "A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil", afirma. Para Naveca, o resultado deve servir como alerta para todo o continente. LEIA TAMBÉM: Servidor público ganha R$ 1 milhão em sorteio no Paraná: 'Dei um grito e quase chorei' Duas pessoas são presas suspeitas de falsificação de medicamentos em farmácia de Curitiba Dois jovens são baleados na perna por homem que reclamou por barulho, em Curitiba, diz PM VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.