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Filha de caminhoneiro morto em deslizamento na BR-376 conta querer seguir profissão do pai: 'Para onde ele estiver, ter orgulho'

Por Giuliano Saito


João Maria Pires tinha 60 anos e era natural de Santa Catarina; corpo foi o primeiro a ser retirado do local. Segundo Tatiane, motorista era amoroso, presente e um grande incentivador dos filhos. Caminhoneiro João Maria Pires foi encontrado sem vida após deslizamento na BR-376 Redes Sociais/Divulgação Em meio à dor da perda, a filha do motorista João Maria Pires, morto no deslizamento de terra na BR-376, afirmou querer seguir a profissão do pai e ser caminhoneira. O catarinense de São Francisco do Sul tinha 60 anos e foi o primeiro corpo retirado do local. "Vai ser um orgulho para ele, porque ele conversava, sempre incentivou, sempre quando eu tocava nesse assunto, ele falava [...] 'ah se você não estivesse trabalhando podia ir comigo. [...] Uma homenagem ao meu pai. Se Deus quiser, eu vou fazer isso para onde ele estiver, ter orgulho, ver que foi um sonho realizado", disse Tatiane Cristina dos Santos Pires. O deslizamento aconteceu na segunda-feira (28) e matou um segundo caminhoneiro, de 51 anos. O caminhão de João ficou com a cabine pendurada para fora da pista. Ele foi encontrado pelas equipes de buscas fora do caminhão. Doze pessoas conseguiram se salvar. Motoristas de caminhão: Quem são as vítimas do deslizamento na BR-376 em Guaratuba Segundo Tatiane, ainda na noite de segunda ela foi informada que o pai poderia ser uma das vítimas. A motorista foi avisada pelo irmão e buscou a empresa para qual João trabalhava. O chefe do caminhoneiro foi até a casa dela e disse que a carreta estava em meio ao deslizamento, e que profissionais que faziam a escolta do veículo chegaram a procurar a vítima dentro da cabine, mas não o encontraram. "Desespero, né? Desespero. Daí saber, será que está lá embaixo com vida? Será que vai chegar socorro, será que não vai? É muito triste. [...] A confirmação mesmo veio na terça-feira (28), umas 16h", relembrou. Tatiane Cristina dos Santos Pires, filha de João Maria Pires, morto no deslizamento da BR-376 Reprodução/RPC ‘Entregando a vida na mão de alguém que decidiu que a gente podia descer a serra’, diz prefeito que sobreviveu a deslizamento na BR-376 Polícia Civil abre inquérito para apurar possíveis responsáveis e causas do deslizamento MPF também investiga possível responsabilidade da PRF 'Sempre por perto' Amoroso e presente. Esta é a forma que João será lembrado pelos familiares. Ao Fantástico, Tatiane contou que os filhos muitas vezes acompanharam o pai nas viagens. "A gente cresceu viajando com ele. Todo mundo. Ele era muito amoroso, sempre por perto. Desde criança a gente viajava com ele. Até que pegasse idade pra ir pra escola, minha mãe sempre acompanhou", contou. Ela também afirmou que João era um grande incentivador. "[Aprendi a dirigir] com meu pai. Tanto que meu irmão mais velho seguiu a profissão, é caminhoneiro, já tem uns 10 anos", disse. Encerramento das buscas Na sexta-feira (2), o Governo do Paraná encerrou as buscas por desaparecidos no local depois de equipes de resgate conseguirem acessar todos os pontos onde poderiam estar vítimas e veículos. Segundo o Gabinete de Crise do governo, três carros e seis caminhões foram retirados do local. Agora, os trabalhos se concentram na limpeza da pista e reparos no asfalto para que a rodovia possa voltar a ser liberada. Segundo a Arteris Litoral Sul, concessionária do trecho, a via vai permanecer interditada pelo menos até terça-feira (6). Imagem aérea mostra destruição na BR-376 após deslizamento em Guaratuba Paralelamente, a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar possíveis causas e responsabilidades no deslizamento. O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus, prestou depoimento após ter tigo o carro atingido pela lama e escapado do desastre. O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou procedimento para investigar uma possível responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Para isso, foram notificadas a corporação e a concessionária Arteris Litoral Sul para envio urgente de informações. Dois dias após o deslizamento, a PRF afirmou em coletiva que a decisão sobre o fechamento da rodovia cabia à Arteris. Em resposta, a concessionária disse que ainda era prematuro apontar as causas do desastre. Economia Fetranspar estima prejuízo de R$ 18,5 milhões após deslizamento na BR-376 Com BR-376 interditada em Guaratuba, motoristas relatam horas de espera na fila do ferry boat Responsabilidade Em ofício enviado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) na terça-feira (29), um dia após o deslizamento, a Arteris diz que "o talude onde ocorreu o sinistro apresentava nível de risco 0 na última monitoração periódica, sem ocorrência de patologias e com sistema de drenagem superficial satisfatória". Especialista afirma que rodovia devia ter sido fechada após 1º deslizamento, sem vítimas Concessionária sabia de risco na BR-376, diz Defesa Civil Chuva Geólogo cita fatores que podem contribuir para quedas de barreira Relatos Passageira que estava em ônibus a poucos metros de deslizamento na BR-376 relata situação: 'Parecia uma cachoeira, era muita água e lama' Família que teve carro arrastado se salva ilesa de deslizamento na BR-376: 'Cachoeira de lama descendo', diz idoso Caminhoneiro relata ter escapado por pouco: 'Se eu tivesse 10 metros para frente, a lama teria me engolido' 'Não tínhamos muita informação do que estava acontecendo', diz um dos primeiros funcionários da concessionária a chegar no deslizamento VÍDEOS: Deslizamento arrasta carros e caminhões Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.