Festival de Curitiba: solo E.L.A apresenta reflexão sobre potência do corpo com deficiência
Por Giuliano Saito
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Multiartista Jéssica Teixeira usou como ponto de partida o próprio corpo: 'Não se trata de uma peça necessariamente autobiográfica, também é, mas segundo Jéssica contem muita ficção'. E.L.A percorreu festivais nacionais e internacionais antes de cegar ao Festival de Curitiba Victor Augusto Quem nunca se olhou no espelho e se sentiu estranho? Esse incômodo é o que motiva a multiartista Jéssica Teixeira a criar. O próprio corpo de pessoa com deficiência é matéria prima das suas investigações. Após circular por diversos festivais nacionais e internacionais, E.L.A, solo autoral de 2019, chega na 31ª edição do Festival de Curitiba. As apresentações estão com ingressos esgotados. A pontuação entre as letras na escrita do nome tem relação com a dramaturgia do espetáculo, construída, de acordo com a atriz, no divã. O trabalho é resultado de muita autoanálise. Não se trata de uma peça necessariamente autobiográfica, também é, mas, segundo Jéssica, contem muita ficção. E é a ficção, que Jéssica faz questão de reivindicar no trabalho, que estabelece o lugar da artista. “O trabalho vira arte quando escapa da gente. Não é sobre mim, é sobre o outro, somos sempre o outro”, explica a artista. Montagem E.LA foi criada em 2019 Victor Augusto O discurso é tenso, mas o espetáculo é bem bonito, ela garante. Segundo a atriz, a percepção das pessoas sobre o trabalho tem mais a ver com elas mesmas do que sobre ela, a artista. “Ofereço estranhamento e espelhamento. Devolvo os olhares com sensibilidade, com inteligência e arte”, conta. Mesmo sendo um drama, a atriz espera que o público encare o espetáculo e os limites que ele revela de forma bem-humorada e divertida. “É um exercício de auto percepção. As pessoas vão ver que eu sou estranha e vão se perceber estranhas também, mas isso vai ser um alívio. Elas vão sair mais leves, se aceitando e escolhendo operar no mundo de forma mais tranquila.” Leia também: Veja a programação completa do Fringe FOTOS: Confira imagens das peças, dos artistas e do público Festival se consolida como vitrine de novos talentos e estreia mostra de alunos do CEP Cia dos Palhaços alcança maioridade e é atração do Fringe; 'Será uma grande festa' Peça-protesto: artistas da periferia sobem aos palcos do Festival de Curitiba; veja programação “E.L.A é mais que uma questão de gênero. Esse nome também vem de algumas percepções como me referir ao meu corpo como ele. O nome acaba sendo uma construção dessa narrativa mais invisível, cheia de hiatos, do meu próprio corpo. Quem é ela, afinal? ”, instiga a artista. Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.
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