'Eu só tinha medo', diz mãe de criança com autismo que ficou parada em bloqueio de rodovia em manifestação contra resultado das urnas
Por Giuliano Saito
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Juliana Ribeiro Maximino Moreira mora em Luiziana e diariamente leva o filho fazer tratamentos de saúde em Campo Mourão (PR). Desde o início dos bloqueios criança precisou interromper terapias, diz mãe. Mãe de criança com autismo fica presa em bloqueio durante manifestação e vídeo do relato viraliza Reprodução "Foi um dos momentos em que eu mais me senti desesperada na minha vida. Eu só tinha medo". Este é o sentimento de Juliana Ribeiro Maximino Moreira, mãe de uma criança com autismo, que ficou presa em um bloqueio na estrada durante uma manifestação bolsonarista contra resultado das eleições. O vídeo com o relato de Juliana – gravado na segunda-feira (31) – viralizou nas redes sociais e chegou a ser compartilhado por famosos. Desde domingo (30) manifestantes que apoio o presidente Jair Bolsonaro (PL) obstruem ilegalmente vias em protesto à eleição de Lula (PT). Juliana mora em Luiziana, na região centro-oeste do Paraná. Ela relata que o filho, de três anos, possui autismo, epilepsia e deficiência intelectual. Por conta disso, diariamente realiza tratamentos de saúde em Campo Mourão, também na região centro-oeste do estado. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Desde o episódio, o filho de Juliana parou de fazer as terapias. De acordo com ela, a interrupção pode tem impactos negativos na saúde do menino. Juliana relata que o filho tem autismo, epilepsia e deficiência intelectual Arquivo Pessoal Episódio Conforme Juliana, na segunda-feira, o centro em que a criança faz os tratamentos ligou informando que ele estava com febre. Com isso, a mãe buscou o filho e no retorno para casa o veículo da família ficou preso em um bloqueio na BR-487. De acordo com a mãe, ela desceu do veículo e passou a procurar pelos organizadores do protesto, para explicar que o filho estava doente e pedir passagem. Porém, segundo Juliana, os manifestantes no local não queriam autorizá-la a ir embora, o que a deixou nervosa e preocupada. "Eu senti medo deles. Só que era meu filho, autista, com febre, dentro do carro. Eles poderiam me matar se quisessem, eu só ia parar quando não conseguisse mais, mas eu não ia deixar eles fazerem isso, fazer eu ficar parada ali com meu filho passando mal dentro do carro", disse a mãe. Ajuda e represália Juliana conta que uma mulher que estava na manifestação interviu na situação e a orientou como passar pelo bloqueio. "Ela me pegou pelo braço e disse que estava tudo bem. 'Tem uma saída ali', ela falou. Pediu muito gentilmente que eu me acalmasse. Os homens não teriam deixado eu passar se não fosse ela", afirmou Juliana. Ao passar pelo bloqueio, ela relata que ouviu xingamentos e foi ofendida, momento em que começou a chorar. "Para mim foi muito forte. Eu trabalho de madrugada, durmo 4 ou 5 horas por dia para conseguir arcar com os exames dos meus filhos", disse. Ainda segundo Juliana, após o episódio pessoas entraram em contato com ela pelas redes sociais, afirmando que ela estava mentindo e a acusando de estar "usando o filho". "Tenho até medo de passar lá. Estou trancada dentro de casa, com receio de sair e ser atacada por alguém", desabafou Juliana. Juliana mora em Luiziana, na região centro-oeste do Paraná Arquivo Pessoal 'Covardia' No vídeo que circulou nas redes sociais Juliana conta que o marido é eleitor do Bolsonaro e ficou indignado com a situação. Leia também: Com bloqueios em estrada, casal demora mais de três dias para concluir viagem estimada em 10 horas entre PR e SC: 'Me senti em cárcere privado e sem os meus direitos' Ao g1, ela relatou que o atrito não foi por questões políticas, mas sim por conta do bloqueio da rodovia. "Não é sobre o Bolsonaro, mas é sobre essa covardia que estão fazendo nas estradas. Por mim, tá tudo bem eles serem eleitores do Bolsonaro, é liberdade deles, é democracia", disse. Bloqueios Trecho de bloqueio em rodovia do Paraná Sailon Roberto/ Rádio 91 FM Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), equipes foram deslocadas aos pontos de protesto e negociam com os manifestantes pela liberação dos trechos. Vice-governador espera que estradas devem ser totalmente liberadas no Paraná nesta quinta-feira (3) Após decisão da Justiça, que determinou que as rodovias sejam liberadas e autorizou a Polícia Militar (PM) a agir nas rodovias federais, o Comando-Geral da PM-PR, informou que está auxiliando a PRF na desobstrução das rodovias federais. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias da região no g1 Norte e Noroeste.
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