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Em Moçambique, Lula defende retomada de projetos com África e diz que Brasil “se afastou por anos”

Presidente participou de assinatura de acordos e defendeu financiamento do BNDES para empresas brasileiras atuarem no continente

Em Moçambique, Lula defende retomada de projetos com África e diz que Brasil “se afastou por anos” Créditos: Ricardo Stuckert / PR

Durante visita oficial a Moçambique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (24) que o Brasil passou um período de distanciamento em relação ao continente africano. Sem citar governos anteriores, Lula afirmou que o país “se perdeu” e deixou de investir em relações históricas com o continente.

Segundo o presidente, o Brasil já teve um vínculo forte com países africanos, mas acabou passando por um período de “indiferença”. Ele disse que a aproximação precisa ser retomada e encarada como prioridade estratégica.

“Não temos tempo para lamentar o que deixou de ser feito. É hora de avançar”, afirmou.

Cooperação em infraestrutura e financiamento público

Lula participou da assinatura de atos de cooperação ao lado do presidente moçambicano, Daniel Chapo, e discutiu áreas como segurança alimentar, educação, energia, saúde, agricultura, defesa, comércio e biocombustíveis.

O presidente também defendeu que o BNDES volte a financiar a entrada de empresas brasileiras em projetos internacionais, especialmente em obras de infraestrutura no país africano.

“Nenhum país consegue exportar serviços sem oferecer crédito”, disse Lula.

A intenção, segundo ele, é que o banco retome a capacidade de apoiar a internacionalização de companhias do Brasil, especialmente em mercados onde há proximidade linguística e cultural.

Primeira visita do atual mandato

Lula está em Moçambique pela primeira vez desde que voltou à Presidência. Ele já havia visitado o país em 2003, 2008 e 2010, durante mandatos anteriores. Nesta segunda, o presidente também deve receber o título de doutor honoris causa pela Universidade Pedagógica de Maputo, por sua atuação política e pela cooperação educacional entre os dois países.

Combate ao crime organizado entrou na pauta

Durante os compromissos oficiais, Lula também tratou de segurança pública. Ele declarou que o crime organizado representa desafios semelhantes no Brasil e em Moçambique, e afirmou que o governo brasileiro tem usado inteligência para desarticular redes criminosas e bloquear sua fonte de financiamento.

O presidente destacou o papel da Polícia Federal, citando que a corporação é reconhecida internacionalmente na investigação de lavagem de dinheiro e rastreamento de ativos ilícitos. Ele disse que o Brasil pretende compartilhar técnicas e colaborar com Moçambique nas operações contra organizações criminosas.

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