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Em meio a críticas e questionamentos, Governo tenta expandir Programa “Parceiro da Escola”

Projeto enfrenta resistência, especialmente por parte de educadores, servidores e famílias que receiam mudanças no ambiente escolar

Por Da Redação

Em meio a críticas e questionamentos, Governo tenta expandir Programa “Parceiro da Escola” Créditos: Gabriel Rosa/AEN

O Governo do Paraná abriu uma nova rodada de consultas públicas para decidir se 96 escolas da rede estadual vão aderir, a partir de 2026, ao programa Parceiro da Escola, iniciativa que terceiriza a gestão administrativa das unidades educacionais. A votação ocorre desde a manhã de hoje e vai até as 22 horas de amanhã, e envolve pais, responsáveis, professores, funcionários e estudantes maiores de 18 anos. Caso o quórum mínimo, 50% mais um dos votantes, não seja atingido, caberá à Secretaria da Educação (Seed-PR) definir unilateralmente a participação da escola, com base em indicadores como frequência escolar, desempenho no Ideb e localização da unidade.

A nova etapa de expansão reacende um debate que, no último ano, já havia provocado forte reação de comunidades escolares em diversas regiões do Paraná. Em 2024, quando o modelo começou a ser implantado, houve protestos, disputas judiciais e intensa mobilização digital. Mais recentemente, com a nova ofensiva do governo para expansão do projeto, perfis foram criados por grupos de mães e educadores contrários ao projeto. Entre eles, destaca-se o Mães Pela Educação, que reúne relatos, em sua maioria negativos, sobre as experiências de estudantes em escolas administradas por empresas contratadas pelo Estado.

Atualmente, o programa opera em 82 unidades, distribuídas por 34 municípios. A Secretaria da Educação defende que o objetivo é “otimizar a gestão administrativa e de infraestrutura” e permitir que diretores e pedagogos se dediquem mais à rotina pedagógica, ao treinamento de professores e ao acompanhamento da aprendizagem. Segundo a Seed-PR, pesquisas internas mostram redução de 99% no número de aulas vagas, aumento de 80% nas observações pedagógicas feitas pelos diretores e maior participação dos gestores em ações de formação continuada.

Em julho de 2025, um levantamento da Radar Inteligência, citado pelo governo, apontou aprovação superior a 86% entre pais e responsáveis das escolas já incluídas no modelo. O governo afirma ainda que 84,2% recomendariam o programa a outras famílias e que 92,2% percebem cuidado adequado da escola com os filhos.

Apesar dos indicadores apresentados, o projeto enfrenta resistência consistente, especialmente por parte de educadores, servidores e famílias que receiam mudanças no ambiente escolar, possíveis impactos na rotina pedagógica e perda de autonomia das unidades. Em várias cidades, críticas também se concentram na falta de clareza sobre a atuação das empresas terceirizadas e na ausência de resultados consolidados de longo prazo. Para muitos profissionais da educação, a consulta pública não encerra as dúvidas, tampouco resolve o desconforto com o avanço da política.

Paralelamente ao processo de votação, o governo abriu o credenciamento de empresas interessadas em participar do Parceiro da Escola. Pelo Edital de Chamamento Público nº 17/2024, instituições especializadas em gestão educacional podem se inscrever para atuar nos lotes que abrangem as escolas em consulta. As regras exigem comprovação de pelo menos seis anos de experiência, capacidade técnica para atender no mínimo 50% do volume de matrículas de cada lote e apresentação de documentação detalhada.

Não há limite de empresas habilitadas, mas todas serão pontuadas conforme três critérios: capacidade técnica, presença estrutural nas regiões onde pretendem atuar e nível de adequação e formação docente. Os contratos terão duração inicial de quatro anos, com possibilidade de prorrogação, e as instituições serão avaliadas periodicamente com base em indicadores de frequência, evolução da aprendizagem, manutenção predial e satisfação da comunidade escolar.

Nesta nova fase, quase 80 municípios participam do processo, envolvendo 27 Núcleos Regionais de Educação. Em Cascavel, apenas o Colégio Olinda Truffa de Carvalho, no bairro Universitário, está submetido à consulta. Para votar, os participantes devem comparecer à escola com documento oficial com foto.

O resultado das consultas definirá se o Estado ampliará significativamente ou não o escopo do Parceiro da Escola. Enquanto a Seed-PR aposta na continuidade do modelo, considerando os índices iniciais favoráveis, uma parcela expressiva da comunidade escolar segue cética e mantém articulações para barrar sua expansão.

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