Ponto 14

Em edição histórica, Festival de Curitiba atrai 200 mil pessoas para a diversidade, pluralidade e inclusão

Por Giuliano Saito


Salas cheias, ingressos esgotados e diversas sessões extras caracterizaram o evento. Festival de Curitiba 2023 Foto: Giuliano Gomes O evento cultural mais esperado do ano chegou ao fim neste domingo (9). Realizado entre os dias 27 de março e 9 de abril, o Festival de Curitiba movimentou a cidade, atraindo 200 mil espectadores. Ainda de acordo com a organização, foram 2.600 empregos diretos e indiretos que impulsionaram a economia. “As pessoas estavam com muita vontade de se reencontrarem, queriam estar juntas e o festival serviu como ponte. Esse entusiasmo foi muito evidente”, avalia Fabíula Passini, diretora do Festival. Foram mais de 350 atrações. Diversidade, pluralidade e inclusão foram marcas da 31ª edição que ocupou 65 espaços da cidade com atrações locais, nacionais e internacionais, muitas delas gratuitas. Foram 14 dias com apresentações de teatro, dança, música, circo, performance, shows, eventos gastronômicos, oficinas, palestras, exibição de filmes e lançamentos de livros. Espetáculos premiados e grandes nomes da cena teatral brasileira marcaram presença no evento que envolveu ao todo cerca de 1.500 artistas. A Mostra Lucia Camargo trouxe sete estreias nacionais e uma internacional, da Holanda. No total contou com 32 atrações somando 70 apresentações, 41 com ingressos esgotados e três sessões extras. “O movimento na cidade este ano foi atípico, as ruas estavam cheias, o trânsito ficou intenso, estava tudo muito vibrante. Foi uma edição bastante envolvente”, confirma o idealizador e também diretor do evento, Leandro Knopfholz. Festival no Largo da Ordem Foto: Giuliano Gomes Luz à inclusão Ações inéditas e inclusivas deram o tom desta edição que comoveu a plateia com o espetáculo de abertura, Hamlet. A produção peruana do Teatro La Plaza levou ao palco um elenco composto exclusivamente por atores e atrizes com Síndrome de Down. Buscando maior representatividade o festival também fez parceria com o Instituto Reviver Down e convidou 30 pessoas neurodiversas para o quadro de colaboradores do evento. Visando a acessibilidade ofereceu este ano mais de 25 espetáculos com recursos de audiodescrição e intérprete de Libras. Leia também: Cia dos Palhaços alcança maioridade Confira: fotos dos espetáculos, artistas e público Festival de Curitiba se consolida como vitrine de novos talentos e estreia mostra de alunos do CEP Representatividade: protagonistas negros e trans são destaques no Festival de Curitiba Outra iniciativa com o intuito de inserir públicos diversos e democratizar o acesso à arte foi a distribuição de 7 mil ingressos para coletivos e instituições sociais. “Uma das belezas que um festival pode promover é o amplo intercâmbio atingindo não só artistas e agentes culturais, mas também outras comunidades e grupos sociais, e nesta edição isso deu certo. Temos que celebrar essa conquista”, destaca Daniele Sampaio, pesquisadora e gestora cultural que compõe o novo trio de curadores do Festival. Um dos avanços trazidos por esta edição foi a realização da Rodada de Conexões em parceria com o Sebrae, espécie de ‘rodada de negócios’, com foco em promover o encontro entre artistas e programadores de espaços e eventos culturais de todo o Brasil, visando a circulação dos trabalhos. No total foram realizadas 884 reuniões, segundo a organização. “Esses encontros geraram muitas possibilidades. É um legado desta edição para as companhias e artistas de Curitiba”, comemora Fabíula. Organizado em mostras, o Fringe retornou a todo vapor, após três anos suspenso por causa da pandemia de Covid-19, a programação ofereceu 280 atrações, 40 delas gratuitas, distribuídas nas ruas, praças, teatros, bem como em espaços independentes e alternativos de Curitiba e Região Metropolitana. Grupo Flor de Chita no Largo da Ordem Foto: Giuliano Gomes Como o evento não coincide com nenhum período de férias escolares ou recessos e é realizado também durante os dias da semana, um dos desafios é sempre tirar as pessoas de casa, mas nesta edição isso não foi um problema. O sucesso do Risorama, por exemplo, que reúne os melhores humoristas do país, foi tão estrondoso que foram abertas três sessões extras, uma delas com lotação total em plena segunda-feira, às 22h30. O evento, que teve duração de seis dias, atraiu mais de 17 mil espectadores. Para a curadora da Mostra Lucia Camargo, o sucesso desta edição se deve também à plateia que foi co-criadora dos espetáculos e eventos por meio da sua participação ativa e engajada. “É um momento de celebrar os acertos e vislumbrar para onde podemos avançar a partir desta rica experiência”, conclui. “O Festival de Curitiba se tornou uma instituição, fico muito feliz com a perenidade e o sucesso do evento. A arte é fundamental para aproximar as pessoas, eliminar distâncias, romper barreiras, preconceitos e melhorar o mundo”, ressalta Leandro. Vídeos mais assistidos no g1 Paraná Leia mais em g1 Paraná.