Descoberta arqueológica no Amazonas revela práticas funerárias de povos ancestrais

A escavação só foi possível graças à participação da comunidade local.

Por Gazeta do Paraná

Descoberta arqueológica no Amazonas revela práticas funerárias de povos ancestrais Créditos: Marcio Amaral

Um sítio arqueológico de grande relevância foi revelado no município de Fonte Boa, no Amazonas, após a queda de uma árvore em uma antiga ilha artificial conhecida como “Lago do Cochila”. Sete urnas funerárias cerâmicas — duas delas de grande porte — foram encontradas sob as raízes, em uma área construída por povos originários para resistir às cheias do rio, utilizando terra e fragmentos cerâmicos, o que demonstra domínio técnico e ambiental avançado.

Divulgada em 10 de julho pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a descoberta inclui urnas sem tampas de cerâmica (provavelmente cobertas com materiais orgânicos), ossos humanos, restos de peixes e quelônios, sugerindo rituais funerários com elementos alimentares. O uso de argila esverdeada e engobos aponta para uma tradição cerâmica ainda pouco estudada.

A escavação só foi possível graças à participação da comunidade local. O manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira identificou a importância das peças e acionou o padre Joaquim, que contatou o arqueólogo Márcio Amaral. A partir daí, foi organizada uma complexa operação de escavação, feita sobre uma plataforma suspensa a mais de 3 metros de altura. O transporte das urnas até Tefé levou até 12 horas por rios e igarapés, com extremo cuidado.

A descoberta contribui para uma nova compreensão da ocupação das áreas de várzea na Amazônia, indicando presença contínua e complexa de sociedades originárias. A pesquisa reforça o valor da ciência aliada aos saberes tradicionais e destaca a riqueza cultural dos povos ancestrais da região.

Acesse nosso canal no WhatsApp