Ponto 14

Deputados aprovam em 1º turno projeto que autoriza Governo do Paraná a vender parte da Copel; veja como votaram

Por Giuliano Saito


Deputados reclamaram de pouco tempo para discutir proposta que pulveriza controle da companhia. Parlamentares avaliaram iniciativa como forma de privatizar a Copel; governo nega. Projeto que pulveriza controle da Copel começou a tramitar na segunda (21) Reprodução Com menos de dois dias de discussão, deputados estaduais apreciaram e aprovaram nesta quarta-feira (23), em primeira votação, o projeto de lei do Governo do Paraná de venda parcial e diminuição de controle do Estado na Companhia Paranaense de Energia (Copel). Veja abaixo como votou cada parlamentar. A proposta será apreciada em segunda votação ainda nesta quarta (23), em sessão extraordinária na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A votação ocorreu sob forte manifestação de servidores da Copel e movimentos sindicalistas. Manifestantes acompanharam nas galerias da Alep, mas a Mesa Executiva da Casa não permitiu a entrada de todos protestantes – parte ficou na entrada da Assembleia. Depois da primeira votação, houve confusão e a sessão foi suspensa. Manifestantes ocuparam galeria da Assembleia durante votação Reprodução O projeto do governo chegou à Alep em regime de urgência na segunda (21), pedindo a transformação da Copel em corporação,mudando o capital da empresa de aberto para disperso e tirando o Paraná da posição de acionista controlador. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Com a aprovação do projeto, o estado vai diminuir a participação no capital social da Copel, de 31% para, no mínimo, 15%. Desde o início da tramitação, parlamentares avaliaram o projeto como uma forma velada de privatização da Copel. O governo nega. Veja detalhes abaixo. No dia que a proposta começou a tramitar, a Copel informou que, em caso de aprovação, eventualmente o governo pode parar de ser acionista majoritário da companhia. Com placar acirrado, a pulverização do controle da Copel foi aprovado por 38 votos favoráveis e 14 contrários na primeira votação. Primeira votação aconteceu na tarde desta quarta (23) Alep Tentativa de adiamento e pressa em votar Pelo regimento da Casa de Leis, quando um projeto está em regime de urgência, não há possibilidade de aumentar o tempo de discussão na Assembleia. Um requerimento tentou adiar a votação por um dia, mas teve 36 votos negativos e foi derrubado. Nesta quarta (23), o projeto estava no quarto item da pauta da sessão ordinária, porém, um requerimento do líder do governo, Marcel Micheletto (PP), pediu inversão da pauta, colocando o projeto da Copel como primeiro item de apreciação. Houve resistência da oposição para inversão, mas o deputado estadual Ademar Traiano (PSD), do mesmo partido que o governador Ratinho Junior (PSD) aprovou o pedido. MPT cobrou audiência pública Enquanto a proposta era analisada pelos deputados, o Ministério Público do Trabalho enviou ofício à assembleia e ao Governo do Paraná pedindo a realização de audiência pública antes da votação do projeto. A manifestação assinada pela procuradora-chefe Margaret Matos de Carvalho afirma que devem ser consultados todos os sindicatos representativos dos trabalhadores e trabalhadoras da Copel. Para a procuradora, aprovar o projeto sem ouvir das organizações de classe viola o princípio da dignidade humana. “Viola, também, o princípio Constitucional que prevê a valorização do trabalho humano. Ambos princípios são fundantes do Estado Brasileiro e devem nortear as ações dos gestores públicos, em todos os níveis e poderes.” Aos deputados e ao governo estadual, a procuradora lembrou que milhares de trabalhadores e trabalhadoras têm futuro é incerto e inseguro diante da proposta de venda de parte da companhia. Ela lembrou o exemplo da privatização da Telepar: “Parte dos empregados se encontrava próxima da aposentadoria e tiveram o direito prejudicado. Muitos adoeceram mentalmente. Uma parte significativa não conseguiu reposicionamento no mercado de trabalho. O Estado lavou mãos”. Resistência Desde segunda (21), diversos parlamentares reagiram contra a venda parcial da Copel e diminuição de controle do Paraná na estatal. O líder da oposição, Arilson Chiorato (PT), avaliou que o projeto não teve a tramitação devido, e que está "repleto de ilegalidades". Ele cita, por exemplo, a ausência de audiências públicas para debater o tema, e ausência de participação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) no processo. No início da tramitação, o governo disse que as mudanças na Copel foram propostas com base em um estudo elaborado pelo Conselho de Controle das Empresas Estaduais (CCEE). Entretanto, o deputado Tadeu Veneri (PT), Mabel Canto (PSDB) e outros parlamentares destacaram durante a semana que o governo não disponibilizou o estudo para avaliação. "Não é um dia que nós gostaríamos que estivesse acontecendo. Não por causa do projeto de lei, ele vem no seu tempo e nos votamos. Mas um PL desta envergadura, com o impacto que sofre a sociedade, ser votado em dois, três, quatro dias, é absolutamente fora da realidade do Brasil inteiro", disse Tadeu Veneri. A deputada Luciana Rafagnin (PT) avaliou que a aprovação do projeto vai afetar, entre outras medidas, projetos de tarifas sociais da Copel. O governo, entretanto, afirma que isso não irá acontecer e diz que vai garantir a manutenção das iniciativas. "A Copel tem 68 anos e nestes 68 anos, além de ser uma empresa rentável, também cumpriu e cumpre com o desenvolvimento social. Com o programa social como a luz rural norturna, com 60% de desconto para agricultura [...] energia solidária, luz fraterna, onde leva energia praticamente de graça para todas as famílias de baixa renda do estado do Paraná e que com certeza vão parar, e que vão ter que ter [população] mais esse custo". Proposta para a Copel Copel, maior empresa do estado, atende 5 milhões de unidades consumidoras em 394 municípios Reprodução/RPC A proposta do Governo do Paraná é de transformar a Companhia Paranaense de Energia (Copel) em uma corporação e de mudar o capital da empresa de aberto para disperso, pulverizando o controle da companhia e tirando o Paraná da posição de acionista controlador. Pela proposta, o Governo do Paraná deixará de ser acionista controlador, mas manterá pelo menos 15% das ações da Copel. Atualmente, o Estado é maior acionista, com 31,1% de participação no capital social. Segundo o governo, a proposta busca captar recursos para investimentos no Estado. A administração diz que a tarifa da companhia também não deve subir no novo modelo, uma vez que o controle é feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A alteração, segundo o governo, busca também "a valorização de suas ações remanescentes detidas na Copel, valorização essa que deverá derivar da potencial geração de valor aos acionistas, inclusive, em virtude de eventual capitalização da Companhia e aceleração de seu plano de negócios”. Em ofício encaminhado à Copel, o governo disse que a decisão foi tomada a partir de um estudo elaborado pelo Conselho de Controle das Empresas Estaduais (CCEE). O estudo não foi divulgado. Outras mudanças mencionadas pelo governo do estado no projeto são: nenhum acionista ou grupo de acionistas poderá exercer votos em número superior a 10% da quantidade total de votos conferidos pelas ações com direito a voto em cada deliberação da assembleia geral; ficam proibidos acordos de acionistas para o exercício de direito de voto, exceto para a formação de blocos com número de votos inferior ao limite de voto de que trata a alínea anterior. O projeto destacou que, para as mudanças, o estatuto da Copel deve passar por alteração, mas que a Companhia deverá, obrigatoriamente, manter o mesmo nome e a sede em Curitiba. . Pacotaço Na segunda (21), junto a proposta da Copel, o governo enviou à Alep 15 projetos de lei (PLs) que atingem diversos segmentos do Estado com reformas administrativas. A maioria está em regime de urgência. Desde os protocolos, parlamentares reclamaram em sessões do tempo curto para analisar as propostas. Confira, abaixo, alguns dos projetos que estão sendo debatidos: Governo do Paraná recua e retira de 'pacotaço' projeto que criava taxação ao agronegócio Projeto aumenta salário de secretários estaduais para R$ 29,9 mil Projetos de lei aumentam o número de secretária e aumentam taxa de ICMS no Paraná Criação de secretarias e aumento de imposto: veja aqui detalhes dos projetos Governo do Paraná propõe ampliar atuação da iniciativa privada nos presídios do estado Governo do Paraná propõe tornar Copel uma corporação e reduzir participação na companhia Deputados dizem que projeto do governo quer privatizar Copel; liderança do governo nega Tarifas sociais não serão afetadas com venda parcial da Copel, diz governo VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.