Ponto 14

Deltan Dallagnol é convocado por novo juiz da Lava Jato para depoimento sobre declarações de Tacla Duran

Por Giuliano Saito


Deputado federal cassado será ouvido na condição de testemunha. Juiz quer apurar possível proximidade de Dallagnol com procurador Walter José Mathias Júnior, que atua no caso de Tacla Duran. Deltan Dallagnol perdeu o mandato de deputado federal após ter o registro de candidatura cassado pelo TSE TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos) foi convocado pelo novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, para prestar depoimento na condição de testemunha sobre declarações do advogado Rodrigo Tacla Duran, réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht em processo da força-tarefa. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram O despacho é desta sexta-feira (19), três dias depois de Deltan Dallagnol ter o registro de candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na terça (16). Dallagnol disse que vai recorrer no Supremo Tribunal Federal (STF). Dallagnol será ouvido na condição de testemunha por ter sido citado por Tacla Duran em uma acusação de suspeição que o réu fez contra o procurador da República Walter José Mathias Júnior. Tacla Duran alega que Mathias Júnior não pode atuar no caso por ter proximidade com Dallagnol, que foi procurador da força-tarefa em Curitiba. No despacho, o juiz diz que quer ouvir de Dallagnol se ele "mantém vínculo de amizade pessoal e íntima" com o procurador. Appio afirma, ainda, que durante uma audiência de Tacla Duran, Mathias Júnior reconheceu "vínculos de convivência pessoal" com Dallagnol. Pela decisão, a audiência foi designada para 19 de junho, às 16h30, em formato presencial. O depoimento será em Curitiba, na sede da 13ª Vara Federal. Conforme apuração do g1, Dallagnol deve ser intimado por um Oficial de Justiça nos próximos dias. O g1 tenta contato com Dallagnol e com o procurador Mathias Júnior. Entenda a cassação de Dallagnol: Decisão: Ministro entendeu que deputado fraudou a lei 'de forma capciosa' antes das eleições Reação: Deltan Dallagnol diz que vozes paranaenses foram caladas com 'canetada' Recurso: Deltan Dallagnol vai recorrer de cassação no STF, diz assessoria Suplência: Pastor Itamar Paim vai assumir vaga deixada por Deltan Dallagnol Tacla Duran também fez acusações contra Dallagnol Em março deste ano, Tacla Duran fez acusações contra Dallagnol, quando ele ainda era deputado federal. O advogado e réu afirmou que o ex-procurador da Lava Jato o perseguia. Na época, Dallagnol negou. A declaração de Tacla Duran também foi feita ao juiz Appio, que determinou que o caso fosse analisado pelo STF, uma vez que Dallagnol tinha foro privilegiado. O que disse Tacla Duran sobre Moro e Deltan Na mesma ocasião, Tacla Duran também acusou o senador Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz da operação, de extorsão. Moro também negou a acusação. Cassação de Dallagnol Deltan Dallagnol perdeu o mandato porque o TSE entendeu que, antes das eleições, ele "agiu para fraudar a lei, uma vez que praticou, de forma capciosa e deliberada, uma série de atos" para não ficar inelegível. A relatoria do processo, do ministro Benedito Gonçalves, foi acompanhada por todos os ministros da Corte. Ele julgou recursos apresentados pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e pelo PMN, que questionavam a regularidade do registro de Dallagnol frente à procedimentos administrativos que o ex-procurador respondia no Ministério Público. TSE cassa mandato do deputado federal Deltan Dallagnol Para o ministro Benedito Gonçalves, os procedimentos que o ex-procurador respondia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) poderiam, a depender de decisão, enquadrá-lo na Lei da Ficha Limpa e impedir a candidatura para deputado nas eleições de 2022. No voto, o ministro argumentou que Dallagnol fez uma "manobra" para impedir que 15 procedimentos administrativos contra ele se tornassem Processos Administrativos Disciplinares (PAD). Segundo o ministro, em caso de processo administrativo, Dallagnol estaria sujeito a pena de aposentadoria compulsória ou de perda do cargo. *Reportagem em atualização. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.