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Defesa abandona júri de acusados de matar psicóloga da Penitenciária de Catanduvas; julgamento é adiado

Por Giuliano Saito


Defesa do réu Roberto Soriano alegou que acusação apresentou 'novos elementos' que não estavam no processo. Julgamento dos outros quatro acusados continua, segundo a Justiça. A psicóloga Melissa Almeida foi morta no dia 25 de maio quando chegava em casa, em Cascavel Reprodução O júri popular de Roberto Soriano, um dos acusados de matar a psicóloga Melissa Almeida Araújo em Cascavel, no oeste do Paraná, foi interrompido após a defesa do réu abandonar a sessão nesta terça-feira (31). Melissa atuava na Penitenciária de Catanduvas e foi morta a tiros em 2017 quando chegava em casa com o marido e o filho. Inquérito da Polícia Federal (PF) apontou que a morte da psicóloga foi encomendada por uma facção criminosa. Leia detalhes mais abaixo. Além de Soriano, outras quatro pessoas são acusadas e julgadas pelo crime. De acordo com a Justiça Federal, o Tribunal do Júri continua em relação aos outros acusados. Uma data para novo julgamento de Soriano será marcada após o término do julgamento atual, segundo a defesa do acusado. O julgamento dos cinco acusados já tinha sido adiado três vezes. Entenda a seguir. Acusação apresentou informações fora do processo, diz defesa Os advogados de Soriano alegaram nesta terça que a acusação "buscou trazer elementos novos, que causaram surpresa para a defesa", por meio do depoimento de um delegado federal. O Código de Processo Penal brasileiro define que, durante o julgamento, não é permitido o uso de documentos ou provas que não foram juntados ao processo pelo menos três dias úteis antes do início do júri. O objetivo da norma é que o outro lado do processo tenha ciência para poder se manifestar sobre o objeto ou então produzir contraprova. O desrespeito da regra pode causar no adiamento do júri. Por conta disso, a defesa de Soriano solicitou a dissolução do conselho de sentença. Entretanto, a Justiça não considerou a alegação dos advogados do acusado. Quem são os acusados Os acusados do crime são: Edy Carlos Cazarim: réu por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa, além de tentativa de homicídio triplamente qualificado, posse de arma de fogo, munições e acessório de uso restrito, receptação dolosa e incêndio doloso. Wellington Freitas da Rocha: réu por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa, além de tentativa de homicídio triplamente qualificado, organização criminosa, posse de arma de fogo, munições e acessório de uso restrito, e receptação dolosa. Elnatan Chagas de Carvalho: réu por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa, além de tentativa de homicídio triplamente qualificado, posse de arma de fogo, munições e acessório de uso restrito. Roberto Soriano: réu por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa, além de tentativa de homicídio triplamente qualificado. Andressa Silva dos Santos: réu por homicídio triplamente qualificado e organização criminosa. Outras duas pessoas que foram acusadas de participação nos crimes estão mortas. Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná Natalia Filippin Adiamentos O julgamento dos cinco acusados foi adiado diversas vezes. O primeiro júri começou em 23 de agosto de 2021. O julgamento foi anulado pela Justiça no sexto dia após o Ministério Público Federal (MPF) apresentar documentos inéditos aos jurados durante os debates entre as partes. Conforme decisão da juíza Gabriela Hardt, a decisão de dissolver o conselho de sentença - jurados sorteados para o julgamento - aconteceu porque os documentos não foram anexados ao processo no prazo legal. O julgamento foi remarcado para 31 de janeiro de 2022. Porém, na data um dos advogados de defesa do acusado Roberto Soriano testou positivo para a Covid-19 e o júri foi adiado. Foi marcado novo julgamento para 8 de agosto de 2022, novamente adiado. Na época, a Justiça Federal alegou que atendeu ao pedido da defesa dos acusados e "entendeu inviável a instalação do conselho de sentença no dia de hoje", dizia trecho da decisão. A Justiça, no entanto, não mencionou o que tornou 'inviável' a formação de conselho para realização do júri na data. A data de 30 de janeiro para o novo júri foi informada pela Justiça Federal no episódio. LEIA TAMBÉM: Empresa de trio elétrico de onde DJ caiu e morreu durante Parada da Diversidade em Curitiba mentiu altura do veículo para conseguir autorização, diz delegada Professor réu por importunação sexual contra adolescente de 14 anos em sala de aula é afastado da rede estadual de ensino Corpo de homem é encontrado soterrado em galeria pluvial; suspeita é que ele tentava furtar combustível Relembre o caso Melissa Almeida, de 37 anos, foi assassinada no dia 25 de maio, quando chegava em casa, em um condomínio no Bairro Canadá, em Cascavel. O carro em que ela, o marido e um filho do casal estavam foi alvejado por tiros de fuzil. O marido, que é policial civil, chegou a trocar tiros com os criminosos e ficou ferido. Um dos suspeitos também foi morto. A criança não foi ferida. A psicóloga trabalhava na unidade de Catanduvas desde 2009 e integrava uma comissão que avalia as condições psicológicas dos presos. Melissa teve a rotina monitorada por pelo menos 40 dias e foi considerada um alvo de "fácil alcance", de acordo com as investigações. Conforme a PF, o assassinato foi uma vingança e uma forma de tentar intimidar o trabalho dos agentes penitenciários no sistema prisional federal. Além disso, a ordem para o assassinato da agente foi dada de dentro da Penitenciária de Catanduvas, de acordo com a polícia. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.