Crise no Natal derruba presidente da Fundação Cultural e aumenta pressão sobre gestão Silva e Luna
Contrato de R$ 2,4 milhões assinado às vésperas da inauguração, falhas na abertura e ações judiciais precipitam queda de Dalmont Benites
Créditos: Arquivo/PMFI
Bruno Soares - Foz do Iguaçu
A inauguração incompleta do Natal das Cataratas resultou na demissão do presidente da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, Dalmont Pastorelo Benites, nesta segunda-feira (8). A saída ocorreu um dia após a abertura oficial, marcada por falhas de iluminação, peças inativas e trechos ainda em instalação no centro da cidade.
O contrato da ornamentação, de R$ 2,4 milhões, foi assinado em 27 de novembro, por inexigibilidade de licitação. A execução começou no dia seguinte, deixando menos de uma semana para montar a estrutura principal. O gasto integra um pacote de R$ 4,5 milhões, viabilizado após a Câmara aprovar, em regime emergencial, o remanejamento de R$ 2 milhões do orçamento do Turismo.
Na estreia, luzes acenderam de forma irregular na Praça da Paz, e figuras decorativas não funcionaram. Equipes concluíam instalações em trechos da Avenida JK, da Rua Rio Branco e da Praça do Mitre. Cidades vizinhas, como Cascavel e Ciudad del Este, inauguraram suas programações ainda em outubro.
Contrato suspeito
O Ministério Público do Paraná abriu procedimento para analisar a justificativa da Prefeitura para a contratação direta. O órgão requisitou documentos e avalia a relação entre o prazo reduzido e a necessidade apresentada pelo município. A administração afirma que adotou o modelo para garantir a realização do evento dentro da alta temporada.
A vereadora Valentina Rocha (PT) diz que o atraso decorre de falta de planejamento. “O Natal tem calendário. A urgência foi construída para justificar a dispensa”, afirmou. A crítica repercutiu em setores do comércio e do turismo, que acompanharam a montagem acelerada às vésperas da abertura.
A crise somou-se a decisões judiciais que cobravam providências da Fundação Cultural. O Tribunal de Justiça ordenou que o município apresentasse um plano técnico de restauração do mural apagado da fachada da autarquia, tombada como patrimônio. A decisão proibiu novas intervenções sem aval do conselho e fixou multa diária.
Outro processo questiona a remoção do monumento “Homenagem à Democracia na América Latina”, retirado sem registro de encaminhamento. O Conselho de Patrimônio também determinou que a pintura aplicada no prédio seja refeita em até 24 meses, após constatar alteração indevida das tonalidades originais.
Empresa tem até 14 de dezembro
A administração atribuiu os atrasos a “trâmites internos” e à adaptação ao novo sistema administrativo. A empresa tem prazo até 14 de dezembro para concluir a ornamentação. A programação segue até 6 de janeiro, com apresentações culturais, corais e teatro.
