Ponto 14

Corregedor determina auditoria na vara da Lava Jato e investigação em gabinetes da 8ª Turma do TRF-4

Por Giuliano Saito


Decisão foi assinada nesta terça (30) pelo ministro Luis Felipe Salomão. Entre os gabinetes a serem auditados está o de Marcelo Malucelli, desembargador autor de pedido que afastou cautelarmente Eduardo Appio da Lava Jato. Justiça Federal Giuliano Gomes/PR Press O ministro Luis Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), determinou a realização de uma auditoria na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, onde tramitam os processos da Lava Jato. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram O ministro também determinou a correição dos gabinetes dos desembargadores integrantes da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A decisão é da manhã desta terça-feira (30). Entre os gabinetes a serem auditados está o do desembargador Marcelo Malucelli, que se afastou dos processos da Lava Jato em segunda instância após se declarar suspeito. O filho dele, o advogado João Malucelli, é sócio do senador Sergio Moro (União-PR) e da deputada federal Rosângela Moro (União-SP). Desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4 Conjur/Divulgação Na última sexta (26), o juiz afastado da 13ª Vara, Eduardo Appio, pediu ao CNJ a auditoria da jurisdição. Ele foi afastado cautelarmente do cargo pelo TRF-4 em 22 de maio, após uma denúncia de Marcelo Malucelli. Relembre abaixo. À frente da jurisdição em Curitiba está a juíza substituta Gabriela Hardt, que assumiu o cargo antes do afastamento por conta das férias do juiz Appio. Relembre: Pai de sócio de Moro, desembargador se declara suspeito e deixa processos da Lava Jato Advogado, genro e sócio de Moro: quem é João Malucelli, filho de desembargador Entenda: Por que o novo Juiz da Lava Jato foi afastado? Sucessora de Moro, Gabriela Hardt se candidata à remoção e pode deixar Lava Jato Gabriela Hardt determina suspensão de processos contra Tacla Duran A auditoria Salomão determinou que sejam disponibilizadas salas para a audiência de pessoas indicados pelos magistrados. As pessoas a serem ouvidas, de acordo com o corregedor, não deverão se comunicar, sendo autorizado o recolhimento de celulares. A ordem é que as oitivas sejam presenciais, porém, frente à impossibilidade, poderão ser realizadas de maneira remota, segundo o ministro. Na auditoria, chamada de "correição extraordinária", também serão solicitados documentos, sigilosos ou não, da vara da Lava Jato e da 8ª Turma do TRF-4. As auditorias serão realizadas, de acordo com a decisão, de quarta-feira (31) até sexta (2). Do TRF-4, também devem ser auditados, conforme a determinação, os gabinetes de outros desembargadores da 8ª Turma, formada, além de Malucelli, pelo desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, presidente da turma, e pela desembargadora Loraci Flores de Lima. Auditoria motivada por 'reclamações disciplinares' De acordo com o ministro Salomão, a decisão de correição nos órgãos foi tomada, entre outros motivos, frente a existência de "diversas reclamações disciplinares em face dos juízes e desembargadores" da 13ª Vara, em Curitiba e do TRF-4. No caso de Malucelli, pesam contra ele no CNJ pelo menos três pedidos de abertura de processos administrativos, conforme apurou o g1. Os autores são o advogado e réu por lavagem de dinheiro, Rodrigo Tacla Duran; e os senadores Renan Calheiros (MDB) e Rogério Carvalho (PT). Leia também: Appio: Defesa cita 'imparcialidade' comprometida do TRF-4 para reforçar pedido de revisão de afastamento Nos três casos, os autores contestaram pronunciamentos judiciais expedidos por Malucelli no TRF-4, similares aos apurados contra ele em um pedido de providência instaurado na corregedoria em 17 de abril deste ano. No pedido movido por Rogério Carvalho, por exemplo, o senador pediu a suspeição de Malucelli por conta dos vínculos familiares do desembargador mantidos com a família do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro. Ao determinar a correição extraordinária, o ministro Salomão não detalha as reclamações disciplinares que motivaram a decisão. Impasse entre Malucelli e Eduardo Appio Eduardo Fernando Appio Reprodução/Justiça Federal O desembargador Marcelo Malucelli foi autor do pedido que afastou da Lava Jato o juiz Eduardo Appio. O magistrado estava à frente do juízo desde fevereiro deste ano. O afastamento cautelar do juiz ocorreu após uma investigação indicar que Appio acessou um processo com o contato do filho de Marcelo Malucelli e fez uma ligação a ele, segundo o TRF-4, com tom de ameaça. O juiz recorreu do afastamento cautelar. Em um pedido feito na segunda-feira (29), a defesa de Appio apontou ao CNJ a "imparcialidade" comprometida da corregedoria do TRF-4 no afastamento. "Providência cautelar desarrazoada e extrema de afastamento do Peticionário, sem sequer promover o mínimo contraditório através de sua oitiva prévia, bem como sem sequer existir um procedimento disciplinar instaurado", cita trecho. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.