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Conversa pós peças do Festival de Curitiba amplia debate e reflexão sobre espetáculos: 'Troca muito rica', diz pesquisador

Por Giuliano Saito


16 peças contarão com a presença de críticos para mediar debates sobre os trabalhos Espetáculo 'Matéria Escura' é um dos analisados nas Ações Críticas Divulgação/Cristiano Prim O Festival de Curitiba começa na próxima segunda-feira (27) e retoma nesta edição as chamadas Ações Críticas. Como parte da programação do Interlocuções, os encontros se propõem a - fechada a cortina ao fim da peça - começar um debate e reflexão sobre o que o público acaba de assistir. As conversas serão sempre provocadas por dois críticos convidados. Ao todo, 16 espetáculos da Mostra Lúcia Camargo terão Ações ao final. A participação é da plateia livre. A proposta é que os interessados fiquem, após o espetáculo, para conversar com os artistas e que os críticos façam a condução e mediação deste diálogo sobre a obra. >> Saiba quais são os 16 espetáculos que serão analisados Os encontros são uma oportunidade para os espectadores conheceram melhor o contexto de criação do trabalho e os procedimentos de composição que resultaram na peça assistida. Os críticos convidados deste ano são: Luciana Romagnoli (PR); Daniele Avila Small (RJ); Francis Wilker (CE); Guilherme Diniz (BH); Lais Machado (BA); Rodrigo Nascimento (SP) Além do debate, os críticos também irão produzir um texto analisando o espetáculo e que será publicado no site oficial do Festival. Um dos convidados desta edição, o diretor, pesquisador e crítico Francis Wilker avalia que a troca promovida pelos encontros é muito rica e amplia o olhar sobre a própria criação artística. “O modo como uma pessoa se relaciona e percebe um espetáculo pode sempre oferecer novos elementos para ampliar o que cada um é capaz de identificar no trabalho. O debate ajuda a perceber as muitas camadas presentes numa obra e que não se revelam de imediato”, diz o crítico. Leia tudo sobre o Festival de Curitiba Confira a programação completa do festival Guia 2023: acesse a versão online Espetáculo 'Tragédia' também será analisado em uma Ação Crítica Divulgação/Luiza Palhares Leia também: Pesquisa, ensaio, criação: conheça bastidores e entenda como se criar uma peça de teatro Festival de Curitiba aposta na potência da cena teatral da cidade; confira destaques desta edição Todos ganham O diretor e pesquisador afirma que ações desse tipo trazem benefícios para todos os participantes e ajudam até mesmo os críticos a tecer outras perspectivas sobre as produções do grupo artístico analisado. “Os artistas podem perceber aspectos que são mais pulsantes em seus trabalhos, até mesmo aspectos que ainda não haviam identificado e também questões que a obra provoca; os espectadores têm a oportunidade de ampliar as leituras e percepções da cena a partir da troca com os artistas, críticos e demais espectadores; as pessoas da crítica podem tecer outras conexões a partir da percepção dos espectadores, das informações sobre o processo criativo da obra, das motivações dos artistas e também a partir do que não é dito sobre o trabalho." Crítica construtiva? A artista de teatro, crítica e curadora Daniele Avila Small avalia que a crítica é parte fundamental do fazer artístico, porque ajuda a colocar pensamentos e sentimentos em palavras, que funcionarão como um canal de reflexão e difusão. “Para a minha geração, a crítica não é a voz da autoridade nem é mero indicador de consumo”, explica. Para a escritora, crítica e psicanalista Luciana Romagnolli, a crítica é um campo de construção de saberes e de troca de experiências. A programação deste ano inclui também ações de formação, com um workshop de crítica ministrado pela atriz e pesquisadora Soraya Martins. Espetáculo 'Chão' Divulgação/Evelson de Freitas “Quem escolhe ser crítico precisa saber que não vai mais parar de estudar, porque o teatro não para de se reinventar e precisamos acompanhar o que está sendo feito no momento presente”, antecipa Daniele Avila Small. A quem quer praticar a crítica, Luciana recomenda ver muito teatro, ler muito sobre o assunto e também sobre as questões de linguagem, estética e política. O crítico Francis Wilker acrescenta também que, para ele, a crítica não é dar "estrelinhas", valorar, a produção. “Para mim, debater e escrever sobre um espetáculo é uma maneira de testemunhar, dialogar, registrar, questionar e lutar pelo tempo e o lugar que habitamos aqui e agora”, complementa Wilker. Veja os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado do g1 Paraná.