GCAST

Conto de terror? Pedágio do Lote 5 será leiloado na véspera do Halloween

A coincidência com a data mais assustadora do calendário é simbólica para moradores da região Oeste, que terão novamente a cobrança em 2026

Por Da Redação

Conto de terror? Pedágio do Lote 5 será leiloado na véspera do Halloween Créditos: Divulgação / Comunicação ANTT

Quase como um conto de terror, o Lote 5 do novo programa de concessões rodoviárias do Paraná será leiloado em 30 de outubro, véspera do Halloween. A coincidência com a data mais assustadora do calendário é simbólica para moradores da região Oeste, que se vêem às portas de uma nova fase de cobranças em estradas já bastante conhecidas pelos altos custos do passado.

O Lote 5 abrange 432,77 quilômetros de rodovias nas regiões Oeste e Noroeste do estado, com previsão de investimentos que ultrapassam R$ 11,7 bilhões ao longo dos 30 anos de concessão. O contrato inclui a duplicação de 238,57 km de pistas, além da construção de 19,99 km de vias marginais, 3,7 km de contornos urbanos, 12 km de ciclovias, 9 barreiras acústicas, 3 passagens de fauna, 22 caixas de contenção de produtos perigosos, 44 pontos de ônibus e diversas obras de arte especiais.

Mas o que tem causado maior polêmica são as novas praças de pedágio previstas para o trecho. Duas novas unidades serão implantadas no Lote 5: uma em Mercedes, na BR-163 entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra, e outra entre Cascavel e Toledo — exatamente na altura do distrito de Sede Alvorada. Esta última tem gerado revolta entre moradores da região, pois cria uma barreira tarifária entre Cascavel e seu próprio território, afetando diretamente o deslocamento de quem vive ou trabalha em Sede Alvorada.

Na prática, a cidade de Cascavel passará a ter um distrito do outro lado de uma praça de pedágio, o que deve impor custos recorrentes para os moradores e trabalhadores que dependem desse trajeto diariamente. A situação gera críticas quanto à lógica da localização escolhida e à falta de alternativas para o tráfego local. Não há previsão, até o momento, de política de isenção para moradores ou veículos de serviços essenciais.

O edital anterior do Lote 6 também confirma a instalação de uma sétima praça na região Oeste, no município de Lindoeste, que será implantada juntamente com outras duas no Sudoeste (em Ampére e Pato Branco), totalizando mais três novas praças nos próximos meses. Somadas às três já operacionais — em Cascavel, Céu Azul e São Miguel do Iguaçu —, a região passará a contar com sete pontos de cobrança.

Das três novas praças que pertencem aos lotes 5 e 6, apenas a de Corbélia, na BR-369, funcionava no contrato anterior com as concessionárias do Anel de Integração. As demais são inéditas e estão sendo viabilizadas a partir da autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que aprovou o modelo e as localizações no fim de junho.

O leilão será realizado na sede da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão, em São Paulo, no dia 30 de outubro. Os envelopes com as propostas comerciais devem ser entregues até o dia 27. O modelo de disputa será híbrido, com critério de menor tarifa combinado com o pagamento de outorga, limitando o desconto em relação à tarifa-teto. A empresa que apresentar o maior valor de outorga após o teto de desconto permitido vence o certame.

A expectativa é de que o contrato seja assinado até fevereiro de 2026. Somente após esse marco as obras e implantações poderão ser iniciadas. Até lá, a população acompanha com os desdobramentos do edital, que promete transformar as condições das rodovias, mas também impõe uma conta salgada, especialmente para quem vive nos entornos das futuras praças.

Entidades representativas, lideranças políticas e moradores demonstram descontentamento com o projeto e buscam formas de aliviar questões como a do pedágio de Sede Alvorada. Um dos principais questionamentos recai sobre o impacto social das novas praças, que afetam rotinas locais e o escoamento de produção agrícola e industrial da região. Apesar das promessas de melhoria na infraestrutura e aumento na segurança viária, o peso da tarifa no bolso do cidadão segue sendo o grande fantasma dessa nova fase de concessões no Paraná.

Se para o governo federal e os investidores o Lote 5 representa um passo decisivo rumo à modernização da malha rodoviária paranaense, para muitos paranaenses o que se aproxima é um novo ciclo de pedágios com velhos problemas: alto custo, pouco diálogo com a população e impactos diretos no cotidiano de quem vive, trabalha e produz no interior do estado.

 

Acesse nosso canal no WhatsApp