Conhecido graças à Lava Jato, ex- procurador Deltan Dallagnol é eleito deputado federal com mais de 340 mil votos
Por Giuliano Saito

Aos 42 anos e natural de Pato Branco, registro de candidatura dele está pendente devido a pedidos de impugnação que aguardam julgamento do TRE-PR; entenda o que pode acontecer. Ex-procurador, Deltan Dallagnol recebeu mais de 337 mil votos Giuliano Gomes/PR Press Conhecido graças à Lava Jato, o ex- procurador da operação Deltan Dallagnol foi eleito deputado federal do Paraná no domingo (2) com mais de 340 mil votos. Ele foi o candidato mais votado ao cargo no estado. O registro de candidatura dele, entretanto, continua pendente de julgamento, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para Deltan, os processos foram "narrativas com objetivo político-eleitoral". Entenda mais abaixo. Deltan é formado em direito e mestre na área pela Harvard Law School. Nascido em 15 de janeiro de 1980, ele é natural de Pato Branco, no sudoeste do Paraná. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Casado com Fernanda Dallagnol, eles são pais de três crianças, Thomas, Luísa e Sofia. Deltan foi procurador da República entre 2003 e novembro de 2021, quando pediu exoneração do cargo. No período em que foi procurador atuou em casos como do Banestado e em 2014 ele passou a coordenar a força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba. Em setembro de 2020 ele deixou a força-tarefa da operação. Na época ele alegou questões pessoais para a saída da operação. Veja resultados do 1º turno das Eleições 2022 nas 399 cidades do Paraná Deputados federais eleitos no Paraná; veja lista Deputados estaduais eleitos no Paraná; veja lista Deltan Dallagnol quando era coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba RPC Curitiba Segundo o Ministério Público Federal (MPF), 543 pessoas foram denunciadas em 217 acusações criminais apresentadas pela força-tarefa liderada por Dallagnol. 166 pessoas acabaram condenadas pela Justiça nestes processos. Durante os seis anos à frente da operação, ele assinou denúncias contra diversos políticos e empresários, com destaque para uma apresentação em PowerPoint, em setembro de 2016 que acusou o ex-presidente Lula por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Lula entrou na Justiça e em decisão da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Deltan terá que indenizar o ex-presidente em R$ 75 mil, adicionados de juros e correção monetária, por danos morais devido à apresentação. O valor pode ultrapassar os R$ 100 mil. STJ rejeita recursos e mantém ordem para Deltan Dallagnol indenizar Lula Câmara do TCU condena Dallagnol, Janot e procurador a devolver dinheiro com diárias e passagens Em 9 de agosto deste ano, ele também foi condenado pela Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União (TCU) a ressarcir os cofres públicos por dinheiro gasto pela força-tarefa da Lava Jato com diárias e passagens. Cabe recurso da decisão. Justiça determina retirada de vídeo contra STF e ex-presidente Lula Durante o período eleitoral deste ano, Deltan foi condenado Justiça Eleitoral do Paraná em duas situações, por vídeos publicados nas redes sociais. Em um dos vídeos, o deputado federal eleito, se referiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) como ‘casa da mãe Joana’. A decisão é de 21 de setembro. A juíza auxiliar Melissa de Azevedo Olivas disse que afirmação foi “claramente um ataque à instituição suprema do Poder Judiciário brasileiro”. Justiça manda Deltan Dallagnol tirar do ar vídeo em que chama STF de ‘casa da mãe Joana, uma mãe para os corruptos' A assessoria do candidato disse que o vídeo em questão "não contém ataques ao Supremo ou à democracia". A representação que denunciou as publicações foi movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), sob a alegação de suposta propaganda eleitoral irregular. A outra condenação é sobre um vídeo publicado em abril deste ano – ainda no período da pré-campanha – que apresenta fragmentos de depoimentos de testemunhas colhidos de audiência da Operação Lava Jato. Ministra do TSE condena Dallagnol e candidato ao Senado por propaganda antecipada contra Lula Além disso, o material tinha de falas e imagens em que o ex-presidente se manifesta sobre o coronavírus e sobre a política de repressão a atos infracionais cometidos por adolescentes. Todo material foi editado tendo como música de fundo o jingle de campanha "Lula Lá". Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o material tem a "inequívoca conotação eleitoral". Além de apagar as postagens, Dalagnol teve que pagar multa de R$ 5 mil. Os pedidos de impugnação Pesam contra o registro do candidato pelo menos duas ações de impugnação, protocoladas pela Federação Brasil da Esperança e comissão provisória do Partido da Mobilização Nacional do Paraná (PMN). Conforme determinação da Lei das Eleições, os deferimentos e indeferimentos de candidaturas devem ocorrer até 20 dias antes do pleito. No Paraná, entretanto, o TRE-PR prorrogou este prazo de julgamento frente ao alto número de processos. Para Deltan, os processos foram "narrativas com objetivo político-eleitoral". Segundo o deputado eleito, um dos pedidos de impugnação se baseia em um procedimento do Tribunal de Contas (TCU), que ele disse ter sido suspenso pela Justiça. O segundo fundamento alega processos administrativos contra Deltan antes da saída dele do Ministério Público. "A nossa expectativa é de 100% de confiança de que a nossa elegibilidade vai ser confirmada pelo tribunal. Os riscos que existiram foram todos dissipados, foram todos esclarecidos [...] O segundo fundamento seria o fato de existiram processos disciplinares contra mim quando eu sai do Ministério Público (MP) e tem lá certidões do Conselho Nacional do MP, claras e taxativas, dizendo que não existia qualquer processo-administrativo disciplinar quando da minha saída. Essas impugnações não passaram de uma narrativa para enfraquecer a minha candidatura". Veja como foi a votação no Paraná Ao g1, secretaria de comunicação do órgão disse que, no caso de Deltan, o julgamento deve ser feito após as eleições. Segundo o TRE, em um eventual cenário de indeferimento, os votos que Deltan recebeu podem ser anulados, o que inviabilizaria a posse dele como deputado federal e influenciaria na definição dos eleitos para o Congresso Nacional pelo estado, por conta do quociente eleitoral. Caso o julgamento defina pelo deferimento, os votos que ele recebeu serão validados. Processos disciplinares Em setembro de 2020, Dallagnol foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por postagens publicadas nas redes sociais contra a candidatura de Renan Calheiros (MDB) à presidência do Senado, em 2019. Na oportunidade, o conselho entendeu que Deltan cometeu infração disciplinar por suposta tentativa de interferência na disputa. Conselho do MP pune Dallagnol com censura por postagens contra Renan Calheiros Conselho do MP pune Deltan Dallagnol com advertência por fala sobre ministros do STF A punição de censura, que atrasa a progressão de carreira dos procuradores, foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2021. Antes disso, em novembro de 2019, o CNMP tinha aplicado uma advertência a Dallagnol por ter criticado ministros do STF em uma entrevista a uma rádio. Em agosto de 2020, a punição foi suspensa pelo ministro Luiz Fux. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias em g1 Eleições 2022 no Paraná.
Você também pode gostar
Leia mais: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2022/10/03/conhecido-gracas-a-lava-jato-ex-procurador-deltan-dallagnol-e-eleito-deputado-federal-com-mais-de-340-mil-votos.ghtml