Pesquisa do CNT indica que estradas do PR estão piorando
Pesquisa CNT revela piora nas condições das rodovias do Paraná, destacando trechos críticos e os desafios na logística e segurança viária no estado
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em parceria com o SEST e o SENAT, avaliou mais de 111 mil quilômetros de rodovias pavimentadas no Brasil. O estudo também analisou 6.429 quilômetros de estradas estaduais e federais no Paraná, concluindo que as condições das rodovias no estado pioraram. A avaliação considerou diversos elementos que compõem as estradas, como pavimento, sinalização e geometria da via. Foram analisadas 22 variáveis, incluindo as condições do pavimento, placas de sinalização, acostamentos, curvas e pontes.
O levantamento de campo foi realizado por 24 equipes ao longo de 30 dias, entre junho e julho deste ano. Os dados mostram que a quantidade de estradas consideradas "ruins" aumentou entre 2023 e 2024. No ano passado, 14% dos trechos avaliados estavam em más condições; este ano, o índice subiu para 20%, representando um aumento de 6%.
Além disso, o estudo revelou que apenas 6% das rodovias foram classificadas como "ótimas" em 2024, uma queda significativa em relação a 2023, quando 12% receberam essa avaliação. Por outro lado, as estradas consideradas "boas" passaram de 28% em 2023 para 31% neste ano. As piores condições de rodovias no Paraná estão no interior. Destaque para a PR-495, entre Marechal Cândido Rondon e Medianeira, e a PR-317, entre Toledo e Santa Helena. A situação também é crítica na BR-280, entre Marmeleiro e Barracão, e na BR-158, entre Palmital e Laranjeiras do Sul.
Segundo a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), as condições ruins das estradas geram não apenas riscos aos motoristas, mas também afetam diretamente a economia estadual. As rodovias precárias provocam atrasos nas entregas, problemas mecânicos e prejuízos financeiros. Em alguns casos, o custo do frete pode aumentar em mais de 30%.
De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), estão sendo investidos aproximadamente R$ 1,7 bilhão em diferentes contratos relacionados à conservação, manutenção, operação de tráfego, segurança viária, manutenção de balanças, pontes e viadutos. Esses esforços abrangem os 10 mil quilômetros de rodovias estaduais sob a gestão do órgão.
O DER-PR informou que, com base em suas próprias avaliações, 68% da malha rodoviária estadual encontra-se em condições consideradas boas ou ótimas, 28% em estado regular, e 4% em condições ruins ou péssimas.
Crítico
Em relação ao trecho da PR-317 entre Toledo e Santa Helena, identificado como crítico na pesquisa mencionada, o órgão declarou que, entre 2023 e 2024, realizou trabalhos de conservação, incluindo reparos superficiais no pavimento, aplicação de revestimento e microrrevestimento asfáltico, além da implantação de nova sinalização horizontal. Segundo o DER-PR, essas ações colocaram o pavimento em boas condições. Além disso, o trecho entre São Clemente e Santa Helena passou por serviços similares em 2021.
No momento, o DER-PR afirmou que o segmento está em bom estado, mas recebe manutenção emergencial com operações tapa-buraco sempre que surgem problemas na pista, até que reparos mais duradouros possam ser realizados. Ambos os trechos receberam sinalização horizontal definitiva recentemente, conforme o órgão.
Sobre a PR-495, entre Marechal Cândido Rondon e Medianeira, o DER informou que, entre 2020 e 2021, foram realizados serviços como reparos no pavimento, aplicação de microrrevestimento asfáltico, implantação de sinalização horizontal e instalação de tachas refletivas bidirecionais. Essas ações melhoram a trafegabilidade e deixam o pavimento em boas condições. O trecho continua recebendo manutenção emergencial quando necessário, com tapa-buracos provisórios até que reparos completos sejam feitos.
No que diz respeito à sinalização, o órgão destacou que há reforço constante na sinalização horizontal e manutenção da vertical, assegurando que o trecho esteja devidamente sinalizado. Entretanto, melhorias na geometria da via não estão previstas no momento, pois seriam necessárias obras para alterar o traçado. Apesar disso, os pontos críticos contam com sinalização específica para garantir mais segurança, com base em projetos desenvolvidos pelo Proseg Paraná.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável por cerca de 3,3 mil quilômetros de rodovias no Paraná, afirmou que monitora mensalmente as condições dessas estradas e busca garantir um bom nível de serviço, dentro das limitações orçamentárias. Esse monitoramento avalia fatores como o estado do pavimento, sinalização e dispositivos de drenagem.
Conforme dados do DNIT de outubro de 2024, cerca de 2,2 mil quilômetros das rodovias sob sua administração (69%) estão em boas condições, enquanto 672 quilômetros (20%) foram classificados como regulares. Na BR-158, 47% estão em boas condições e 18% em estado regular. Já na BR-280, 86% da extensão administrada pelo órgão no Paraná foi classificada como "boa".
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que a maioria das rodovias sob concessão privada foi classificada como "ótima", "boa" ou "regular". Além disso, os trechos das rodovias BR-158 e PR-317 fazem parte do projeto de concessão do Lote 5, que atualmente está em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Números nacionais
Os dados expõem as dificuldades de conservação e expansão das estradas, que impactam diretamente na logística e na segurança. Apenas 12,4% das rodovias brasileiras são pavimentadas, enquanto o restante permanece em condições precárias, prejudicando o transporte de cargas e passageiros. O Brasil possui uma densidade rodoviária pavimentada de 25,1 km por mil km², muito abaixo de países vizinhos como Uruguai (43,9 km) e Argentina (42,3 km).
Entre os destaques, está o crescimento insuficiente da malha federal pavimentada nos últimos dez anos, com apenas 2,2% de aumento, enquanto a frota de veículos cresceu 46,1% no mesmo período. A pesquisa também aponta disparidades regionais, como a baixa densidade de rodovias no Norte, com apenas 2,7 km pavimentados por mil km². Além dos desafios logísticos, o estudo enfatiza os custos sociais e econômicos. A má qualidade das rodovias contribui para acidentes, aumento nos custos de transporte e emissão de CO2. Em contrapartida, rodovias concedidas apresentam melhor conservação e segurança, reforçando a importância das parcerias público-privadas. A CNT destaca que o avanço das rodovias exige investimentos constantes em manutenção e expansão, além de adaptação para enfrentar fenômenos climáticos extremos.