Ponto 14

Caso Renata Muggiati: após quase 8 anos, vai a júri namorado acusado de matar e jogar pela janela corpo de fisiculturista; relembre o crime

Por Giuliano Saito


Julgamento de Raphael Suss está previsto para esta quarta-feira (8). Caso foi em setembro de 2015, em Curitiba. Casal tinha relação conturbada, segundo familiares. Raphel Suss Marques (à dir.) e Renata Muggiati (à esq.) Reprodução/RPC Quase oito anos após a morte da fisiculturista Renata Muggiati em Curitiba, o então namorado dela Raphael Suss Marques vai a júri popular. Ele é acusado de matar e jogar o corpo dela pela janela do apartamento onde viviam. O crime foi em 12 de setembro de 2015. O julgamento está previsto para começar nesta quarta-feira (8). Raphael Suss responde por homicídio qualificado (feminicídio, meio cruel, recurso que impossibilitou defesa da vítima e motivo torpe), lesão corporal e fraude processual. Ele está preso desde fevereiro de 2019 - após idas e vindas da prisão. O g1 tenta contato com a defesa do acusado. A história do caso coleciona prisões e solturas do acusado, além de peritos do Instituto Médico-Legal (IML) respondendo na Justiça por falsificação no laudo da morte da fisiculturista. O g1 preparou uma reportagem com os principais detalhes do caso. Confira. Como foi o crime Renata Muggiati morreu na madrugada de 12 de setembro de 2015 aos 31 anos. De acordo com a denúncia, o corpo dela foi encontrado após ser jogado pelo namorado da janela do apartamento dele, no 31º andar de um prédio no Centro da capital. Renata Muggiati relatou agressão de acusado e pediu ajuda a advogado Vídeo mostra relato de acusado sobre morte de fisiculturista O que diz o acusado Raphael Suss Marques foi preso nesta terça-feira (26) Polícia Civil / Divulgação Desde o primeiro depoimento, Raphael Suss nega ter matado e jogado o corpo da fisiculturista. Segundo ele, Muggiati se jogou da janela porque estava em depressão, fazendo tratamento psiquiátrico. Na reconstituição do caso, ele afirmou que na noite da morte tentou terminar o relacionamento com a namorada, mas que ela não aceitou. Ele estava no apartamento no momento da queda. À polícia, Raphael também disse que Muggiati tentou pular da janela do apartamento onde moravam em duas ocasiões anteriores, mas que ele conseguiu intervir. Naquele dia, alegou estar em outro cômodo. Renata Muggiati foi encontrada morta em Reprodução/Facebook Ida e volta da prisão Raphael Suss chegou a ser preso temporariamente pela morte da fisiculturista. Foi solto e passou a responder ao processo em liberdade. Porém, em 2016 voltou a ser preso após ser denunciado por agredir uma ex-namorada. Em agosto de 2017 ele voltou a deixar a cadeia, monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Dois anos depois, em 2019, a Justiça atendeu pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR) de nova prisão de Raphael Suss após o acusado faltar audiência do processo para ir a um torneio de pôquer. Conforme o órgão, ele desobedeceu a proibição imposta pela Justiça de frequentar bares e similares. Condenado por agressão à ex-namorada Em maio de 2017, Suss Marques foi condenado a quatro meses e cinco dias de prisão pelos crimes de lesão corporal e ameaça por ter agredido uma ex-namorada, em Curitiba. De acordo com o Ministério Público, a vítima relatou ter levado um tapa no peito, o que fez com ela se desequilibrasse e esbarrasse em uma porta, batendo o braço direito com força. Em seguida, Raphael – nas palavras dos promotores – a ameaçou dizendo a ela: "Se eu te pegar, eu vou te arrebentar no meio". Depen-PR autoriza que acusado de asfixiar e depois jogar o corpo de fisiculturista pela janela trabalhe como médico em presídio Como foi a investigação do caso Muggiati O caso foi investigado pela Delegacia de Homicídios de Curitiba. O Instituto Médico Legal (IML) fez pelo menos três laudos do caso. O médico-legista Daniel Colman foi o primeiro a fazer perícia em Renata, em setembro daquele ano, e atestou que a fisiculturista não tinha sido asfixiada antes da queda. Mais tarde, outro laudo produzido por uma junta de médicos-legistas apontou o contrário. Colman foi demitido e, depois, virou réu na Justiça junto ao perito Francisco Moraes Silva por terem um laudo de exame de necrópsia com falsa conclusão em relação à causa da morte. Conforme o MP-PR, os dois fizeram um novo laudo pericial - um mês depois da morte da atleta. Mesmo sem ter tido novo acesso ao corpo, nem aos exames complementares, eles realizaram uma falsa perícia com dados falsos, não relatados ou anotados anteriormente. O corpo de Renata chegou a ser exumado e, em laudo, foi confirmada a morte por asfixia antes da queda. Ao longo do processo, uma reconstituição também foi feita pela polícia com uso de um boneco para simular a queda de Renata Mugiatti. O relacionamento Renata Muggiati e Raphael Suss Marques se relacionaram durante onze meses. Testemunhas ouvidas ao longo do processo relataram episódios em que o médico agrediu fisicamente e ameaçou Renata. Os amigos disseram, também, que durante o namoro, ela se afastou da vida social, do trabalho e das competições, perdeu peso e aparentava sofrimento emocional. Amigos afirmam que durante o namoro Renata aparentava sofrimento emocional Arquivo/RPC LEIA TAMBÉM: Família de Muggiati desiste de advogado que defende acusado de matar Tatiane Spitzner Família pede cassação do registro de médico acusado de matar fisiculturista VÍDEOS: reveja reportagens sobre a morte da fisiculturista em Curitiba Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.