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Caso Eduarda Shigematsu: laudo indica ser impossível nova perícia na casa onde o corpo de menina foi encontrado

Por Giuliano Saito


Menina de 11 anos foi morta em 2019 em Rolândia (PR). O pai e a avó são os principais suspeitos, mas negam envolvimento com o crime. Criminalística conclui nova perícia do caso Eduarda Shigematsu O Instituto de Criminalística de Londrina divulgou no começo deste mês o laudo que afirma ser impossível fazer uma nova reconstituição do crime que matou Eduarda Shigematsu, de 11 anos, em Rolândia, no norte do Paraná. De acordo com o documento, "imóveis foram modificados". O laudo foi um pedido da defesa do pai da menina que é acusado de ter assassinado a filha. O crime ocorreu em 2019. O corpo da menina Eduarda Shigematsu foi encontrado em um buraco no fundo do quintal da casa onde ela morava. De acordo com a investigação, no dia do desaparecimento, a criança foi para a escola de manhã, voltou para casa, deixou a mochila no sofá e não foi mais vista. O pai, Ricardo Seidi, e a avó, Terezinha de Jesus Guinaia são os principais suspeitos, segundo a polícia. Ambos negam a acusação. No laudo, os peritos argumentaram não ter sido possível realizar a coleta das provas nos locais periciados por ter passado muito tempo desde o dia do crime. "Há possibilidade de outra pessoa ter ingressado na residência pelo o que houve um lapso temporal entre os dias dos fatos e o dia da realização do presente exame (1.205 dias), aliado à situação de alteração das condições do local, impedindo ao perito criminal constatar a presença de vestígios que teriam sido produzidos neste hipotética ação", diz o laudo. A perícia foi realizada em agosto deste ano quando o advogado de defesa de Ricardo Seidi alegou não haver provas contundentes para incriminar o réu, que confessou ter ocultado o corpo da menina, mas negou que tenha assassinado a criança. O laudo aponta ainda que nos endereços periciados houve "significativas alterações [...] na remoção de folha de porta e de maçanetas dos cômodos", onde o réu alega ter encontrado a vítima morta e a "construção de um muro entre as residências". O documento cita também o "fechamento do buraco com concreto", local onde Eduarda foi encontrada pela polícia. Com a perícia concluída, a defesa de Seidi afirma que vai pedir o anulamento do parecer e pretende fazer um novo pedido à Justiça. “Teve bastante questões que a defesa formulou e que não foram respondidas e, por isso, ficou à mercê das suposições do que foi relatado pelo inquérito policial. A versão do acusado continua sem nenhum tipo de prova construída em seu favor” O laudo do Exame de Necropsia, realizado logo após o corpo de Eduarda ser encontrado, apontou que ela teria sido morta por “asfixia mecânica por esganadura” e não por enforcamento, como alega o réu. Acusados Além de Ricardo Seid, a mãe do réu, Terezinha de Jesus Guinaia, foi presa à época suspeita de ter participado do crime. Ela ficou presa por 57 dias. Atualmente, responde em liberdade por ocultação de cadáver, mas nega participação na morte. "Ela não esteve no local, ela não participou do crime. Para nós, essas informações do laudo, ficou claro isso”, comenta o advogado de Terezinha, Mauro Valdevino. Terezinha de Jesus Guinaia não irá a júri popular Reproduçaõ/RPC Ricardo Seid está preso em regime fechado desde 2019. Novo julgamento Em maio o julgamento dos dois acusados foi adiado por conta do novo pedido de perícias. Com a entrega do novo laudo, um novo julgamento deve ser marcado após análise do juiz e dos advogados. O assistente de acusação, que representa a mãe da menina, justifica que não há cabimento para a realização de um novo exame para comprovar os fatos. “O material probatório já é muito amplo a ponto de ser possível designar uma sessão no tribunal do júri para que a justiça seja feita”, explica o assistente de acusação Hugo Esteves. Relembre o caso A criança desapareceu em 24 de abril de 2019, em Rolândia. De acordo com o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), no dia do desaparecimento, a criança foi para a escola de manhã, voltou para casa, deixou a mochila no sofá e não foi mais vista. Conforme a Polícia Civil, câmeras de segurança registraram a menina chegando em casa por volta das 12h de quarta-feira (24), mas não mostraram ela saindo. Por volta das 13h30, o pai saiu de casa em um carro preto e, às 13h37, ele chegou ao imóvel onde o corpo foi encontrado. Esse carro não foi localizado pela polícia. Quatro dias depois, a Polícia Civil encontrou o corpo enterrado nos fundos de uma casa que pertence ao pai da menina, Ricardo Seidi. O homem foi preso e confessou ter enterrado o corpo após, segundo ele, ter achado a garota morta. Seidi foi preso por suspeita de ocultação no mesmo dia em que o corpo foi achado. A avó de Eduarda, Terezinha Guinaia, foi presa em 30 de abril suspeita de envolvimento no crime. Eduarda Shigematsu Reprodução/RPC Eduarda nasceu quando a mãe dela tinha 16 anos. Jéssica Pires perdeu a guarda da menina logo depois de se separar de Ricardo Seidi. O advogada da mãe de Eduarda disse que aguarda a realização do julgamento. VÍDEOS: mais assistidos do g1 PR D Veja mais notícias da região no g1 Norte e Noroeste.