Câncer colorretal: avanço silencioso da doença preocupa especialista
Número de casos aumenta no país, mas até 75% podem ser evitados com prevenção e diagnóstico precoce
Por Gazeta do Paraná

O câncer colorretal, que afeta o intestino grosso e o reto, tem se tornado uma das principais preocupações de oncologistas no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam que, somente em 2025, mais de 45 mil brasileiros receberão o diagnóstico da doença, que já ocupa o terceiro lugar entre os tipos de câncer mais incidentes no país.
Apesar de mais comum em pessoas acima de 50 anos, médicos têm observado casos em pacientes cada vez mais jovens - tendência também registrada em outros países. O estilo de vida, a alimentação e a falta de acompanhamento médico regular estão entre os fatores que explicam o crescimento.
Segundo o médico gastroenterologista e professor do Afya Centro Universitário de Pato Branco, Vagner Vencato Kopereck, a atenção aos sinais e a realização de exames preventivos são fundamentais.
"O câncer colorretal, muitas vezes, se desenvolve de forma silenciosa, sem causar dor ou desconforto nas fases iniciais. Quando diagnosticado cedo, as chances de cura ultrapassam 90%, mas o grande desafio é que muitos pacientes só procuram ajuda quando os sintomas já estão avançados", explica o Dr. Vagner.
Recentemente, o 9º volume do boletim Info.oncollect, da Fundação do Câncer, destacou que a mortalidade da doença deve aumentar em mais de 36% até 20240 no país. Conforme a pesquisa, o CCR está relacionado com o estágio em que a doença é diagnosticada. Apesar dos avanços em prevenção e tratamento, o rastreamento adequado e o diagnóstico precoce são essenciais. A pesquisa apontou que 78% dos pacientes que vieram a óbito por conta do CCR, descobriram a doença já nos estágios III e IV.
Fatores de risco e prevenção
De acordo com estudos, até 75% dos casos poderiam ser evitados com hábitos mais saudáveis. Entre os principais fatores de risco estão: alimentação pobre em fibras e rica em carnes processadas; sedentarismo; obesidade; tabagismo; consumo excessivo de álcool.
Casos de histórico familiar de câncer colorretal ou de pólipos intestinais (crescimento de tecidos anormais que se formam na parede interna do intestino grosso) também são fatores de risco. Para reduzir as chances de desenvolver a doença, o Dr. Vagner recomenda que algumas iniciativas sejam adotadas.
"Entre elas, uma dieta balanceada rica em frutas, verduras, legumes e grãos integrais, a redução no consumo da carne vermelha e industrializados, a prática regular de atividade física, o controle de peso corporal, além de evitar fumar e moderar o consumo de bebidas alcoólicas. Outro ponto importante é a realização de exames, como a colonoscopia, a partir dos 50 anos ou antes como por exemplo história familiar", comenta o médico.
Sintomas que merecem atenção
Segundo o médico, o câncer colorretal pode ser manifestar de diferentes formas, mas os sinais mais comuns são: alterações persistentes no hábito intestinal, como diarreia ou constipação; sangue ou muco nas fezes; dor abdominal frequente ou sensação de esvaziamento incompleto; perda de peso não intencional, fadiga constante e anemia.
De acordo com o Dr. Vagner, é importante reforçar que qualquer sintoma persistente deve ser avaliado por um médico.
"A colonoscopia é um exame que, além de diagnosticar, permite a retirada de pólipos antes que evoluam para câncer até mesmo cânceres no estágio precoce e cura. É uma ferramenta poderosa de prevenção, mas ainda pouco utilizada por medo ou desconhecimento", acrescenta o docente da Afya.
Tratamento e perspectivas
O tratamento do câncer colorretal depende do estágio da doença no momento do diagnóstico. Ele pode envolver em estágios precoces a retirada por colonoscopia e avançados com cirurgia para retirada do tumor, quimioterapia, radioterapia ou a combinação dessas abordagens. Nos casos iniciais, muitas vezes é possível preservar todo ou grande parte do intestino garantindo melhor qualidade de vida ao paciente.
"O diagnóstico precoce salva vidas. Informar, prevenir e incentivar o cuidado médico são passos essenciais para mudar o cenário do câncer colorretal no país", conclui o Dr. Vagner.
Assessoria
