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Caminhoneiro brasileiro fica 37 dias em coma na Argentina após sofrer AVC dirigindo em estrada de Córdoba

Por Giuliano Saito


Rogério Muniz Gomes está internado desde 16 de outubro e ficou em coma por 37 dias. Família conseguiu leito hospitalar em Curitiba em 12 de dezembro, e motorista deve voltar ao Brasil. Irmã de caminhoneiro que sofreu AVC na Argentina conta como família recebeu a notícia Há quase dois meses a família de Rogério Muniz Gomes, um caminhoneiro brasileiro que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) enquanto dirigia em Córdoba, na Argentina, luta para que ele volte para casa e continue o tratamento no Paraná. Rogério Muniz Gomes tem 46 anos e mora em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. O acidente aconteceu em 16 de outubro deste ano e, desde então, o motorista está em hospital argentino - foram 37 dias em coma, uma vez que Rogério acordou em 23 de novembro. A irmã de Rogério, Luciana Muniz Gomes, diz que pediu oficialmente um leito às autoridades de Saúde em 5 de dezembro. A vaga foi liberada pela Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa) na segunda-feira (12). Depois de muito embate com a burocracia e aflição, Rogério será transferido com ambulância fornecida pela empresa em que prestava serviço e deve chegar ao Brasil até sexta-feira (16). Resumo Caminhoneiro sofre AVC enquanto dirigia em Córdoba em 16 de outubro Motorista foi socorrido por colegas de profissão Foram 37 dias em coma Família tenta trazer motorista para o Brasil Sec. de Saúde liberou vaga em hospital em 12 de dezembro Irmã e mãe de caminhoneiro dizem não ter dinheiro para ficarem na Argentina Caminhoneiro Rogério Muniz Gomes sofreu AVC enquanto dirigia caminhão. Foto: reprodução Como foi o acidente Rogério transportava caminhões zero quilômetro do Brasil para outros países da América do Sul e, no dia do acidente, seu destino era o Chile. Por conta do AVC, o caminhoneiro perdeu o controle da direção e bateu na lateral da pista. Luciana contou que os amigos de Rogério estavam viajando logo atrás, perceberam que ele estava convulsionando e o levaram para o hospital mais próximo. “Ligaram em seguida pra mim, foi desesperador tanto pra mim, quanto pra família. A gente sabia que não tinha condições de vir visita-lo aqui e então um amigo dele, que é caminhoneiro também, tem um grupo e ele acionou o pessoal lá pra estarem fazendo uma vaquinha pra gente poder estar indo visitar ele, porque o hospital estava exigindo alguém da família”, contou Luciana. A irmã se deslocou para Córdoba e, alguns dias depois, o hospital informou que Rogério podia ser transferido para o Brasil. Após 37 dias, o caminhoneiro acordou do coma, mas ainda está em fase de recuperação e se alimenta por sonda. Apesar disso, a condição de saúde é segura para ser transferido. O advogado da família, Everson Warmling, contou que a empresa que o caminhoneiro prestava o serviço se disponibilizou para pagar o translado de ambulância de volta para o Brasil. O problema é que, segundo o advogado, não havia leitos disponíveis para receber o motorista. Advogado diz que recorreu à Justiça para garantir leito a caminhoneiro que sofreu AVC “Fiz um pedido judicial de urgência para a Justiça, do fornecimento do leito. Não é nem um leito imediato, pois demora uns dois dias de Córdoba pra cá de ambulância, não é uma coisa imediata. A juíza canalizou o pedido e falou que ‘só faziam’ cinco dias que tinha sido feito a solicitação de leito”, disse o advogado. A decisão menciona que a declaração médica informava que não havia necessidade urgente de tratamento médico no Brasil e que o paciente estava recebendo atendimento adequado. Também disse que o fato da mãe de Rogério não possuir recursos para se manter na Argentina, não justificava a concessão da medida, pois nenhum documento do hospital exigia a presença dela e que estava lá por vontade espontânea. Família relata dificuldades na Argentina Depois da notícia, Luciana e Antônia Muniz, 69 anos, irmã e mãe de Rogério, se deslocaram para Córdoba e enfrentaram dificuldades financeiras e de comunicação com a equipe do hospital. Segundo a irmã, depois de alguns dias, o hospital passou a oferecer refeições para as acompanhantes. “A casa que nós ficamos não fornecia alimentação pra gente, a gente só estava lá pra dormir e tomar banho. O que a gente fazia lá, a gente levava pra comer ou ficávamos comendo na rua, fazendo lanches. A gente já estava fraca, depois conseguimos comprar comida que não fosse só lanches, mas o dinheiro acabou e só tínhamos o valor da passagem para voltar”, disse. Luciana se deslocou duas vezes para a cidade Argentina e contou que foi graças à ajuda de vizinhos, amigos e parentes que arrecadaram dinheiro para a viagem. “O meu irmão é MEI (micro empreendedor individual) e por isso precisa arcar com tudo, mas a empresa da transportadora forneceu a ambulância para o transporte dele e já ajudou bastante”, relatou. O que diz a Secretaria de Saúde A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) tem ciência do caso e está em tratativas com o Consulado do Brasil na Argentina e com a família do Rogério desde 5 de dezembro. Ainda conforme a secretaria, a liberação do leito ocorreu na segunda-feira (12) para o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, Região Metropolitana de Curitiba. g1 Paraná entrou em contato com o Itamaraty e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Veja mais notícias da região em g1 Paraná.