Ponto 14

BR-376 é parcialmente liberada no Paraná após nove dias de interdição completa; veja como vai funcionar

Por Giuliano Saito


Segundo PRF, que coordena retomada do tráfego, liberação foi possível após concessionária assegurar condições para desbloqueio. Duas pessoas morreram no acidente, registrado em 28 de novembro. Polícia e MPF investigam o caso. Trânsito foi liberado às 17h30 nesta quarta (7), após nove dias de interdição completa RPC A Polícia Rodoviária Federal (PRF) liberou parcialmente a BR-376, em Guaratuba, após nove dias de interdição completa. O tráfego foi retomado no trecho às 17h30 desta quarta-feira (7). Em comunicado, a PRF disse que a liberação será de uma faixa em cada sentido da rodovia, por um trecho de 800 metros. A polícia alerta que o trânsito deve ficar lento em toda a extensão da rodovia, entre Curitiba e Joinville (SC). Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Ainda segundo a PRF, a Arteris Litoral Sul (ALS), responsável pelo trecho, comunicou a polícia que o local do deslizamento apresenta "condições estruturais e de canalização do trânsito segurar para a liberação". A rodovia estava bloqueada em ambos os sentidos desde a noite de 28 de novembro, após um grande deslizamento de terra atingir o KM 669. Duas pessoas morreram no acidente e 12 se salvaram. O caso é investigado pela Polícia Civil (PC-PR) e Ministério Público Federal (MPF) do Paraná. Veja detalhes abaixo. BR-376, entre o Paraná e Santa Catarina, está interditada há uma semana Arteris Litoral Sul Desde o acidente, a concessionária vinha sendo pressionada sobre quando ocorreria a liberação da rodovia. Sendo uma das principais rotas para o litoral, a interdição da BR-376 causou reflexos no trânsito em rotas alternativas, como no ferry-boat para travessia entre Guaratuba e Matinhos. A espera para passagem chegou a 14 horas. Desde o acidente, a ALS reforçou, diversas vezes, que estava empenhada para nos trabalhos de restauração da rodovia. Na terça (6), a PRF afirmou o retorno da chuva chegou a prejudicar os trabalhos na região. Na segunda (5), a concessionária instalou barreiras de contenção na base de uma encosta da estrada. Quem são as vítimas do deslizamento na BR-376 em Guaratuba Na segunda (5), concessionária instalou contenções na encosta da rodovia PRF Liberação gradual Em nota, a Arteris disse que a liberação das demais faixas no trecho do acidente será gradual, conforme ocorra o avanço das obras de contenção. Ainda de acordo com a concessionária, a liberação de parte do tráfego nesta terça (7) foi possível após a melhora do clima e da "realização de avaliação técnica da concessionária sobre as condições de segurança no trecho". Foram realizados no local do acidente, segundo a Aretris, trabalhos de limpeza, drenagem, recuperação de pavimento e sinalização. A Arteris disse que, mesmo com a liberação parcial, as encostas da região continuarão sendo monitoradas por equipe técnica. 'Sequência de erros', dizem especialistas Imagem aérea mostra destruição na BR-376 após deslizamento em Guaratuba Especialistas dizem que a concessionária cometeu 'sequência de erros' no caso da BR-376 e contestaram a versão da Arteris Litoral Sul sobre o deslizamento. A empresa alegou que não havia risco no local, mas geólogos alertam que trecho de serra, com encostas e excesso de chuvas, indicavam alerta para empresa antes do acidente. Se você tem primeiro um local que tem indícios de uma serra, que tem um relevo propício ao escorregamento, chuvas intensas acumuladas com valor muito alto nas últimas 72 horas, você tem um escorregamento que é um indício de movimentação, e aí você não toma decisão. Então realmente isso é um ponto que a análise de responsabilidade desse acidente e das mortes tem que considerar [...] mas houve uma sequência de erros em termo de tomada de decisão", afirmou Fábio Augusto Reis. Rotas alternativas Durante o período do acidente, motoristas que precisavam se deslocar entre o Paraná e Santa Catarina, e que normalmente utilizaram a BR-376, foram indicados a utilizar rotas alternativas pela BR-116, BR-470 (Santa Catarina) e BR-277. Encerramento das buscas Em 2 de dezembro, o Corpo de Bombeiros encerrou a buscas por vítimas depois de equipes de resgate conseguirem acessar todos os pontos onde poderiam estar pessoas e veículos. Segundo o Gabinete de Crise do governo, três carros e seis caminhões foram retirados do local. No início do acidente, o governo chegou a estimar 30 vítimas desaparecidas, número que diminuiu gradativamente conforme os dias passaram. Inquérito policial A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) abriu inquérito para apurar possíveis responsabilidades e causas do deslizamento de terra na BR-376. Em 3 de dezembro, a corporação deu início aos depoimentos de testemunhas. O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (DEM), foi ouvido pelo delegado. Ele teve o carro em que estava com o motorista atingido pela lama. Os dois conseguiram quebrar o vidro e escapar a pé, sem ferimentos. ‘Entregando a vida na mão de alguém que decidiu que a gente podia descer a serra’, diz prefeito A investigação ocorre na Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran). Em nota, a Arteris Litoral Sul disse que "irá prestar todos os esclarecimentos necessários à Polícia Civil para contribuir com a elucidação do caso". Em 1º de dezembro, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná abriu um procedimento para investigar "eventual responsabilidade" da PRF no deslizamento. Dois dias após o deslizamento, a PRF afirmou em coletiva que a decisão sobre o fechamento da rodovia cabia à Arteris. Em resposta, a concessionária disse que ainda era prematuro apontar as causas do acidente. Economia Fetranspar estima prejuízo de R$ 18,5 milhões após deslizamento na BR-376 Com BR-376 interditada em Guaratuba, motoristas relatam horas de espera na fila do ferry boat Responsabilidade Em ofício enviado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em 29 de dezembro, um dia após o deslizamento, a Arteris diz que "o talude onde ocorreu o sinistro apresentava nível de risco 0 na última monitoração periódica, sem ocorrência de patologias e com sistema de drenagem superficial satisfatória". Especialista afirma que rodovia devia ter sido fechada após 1º deslizamento, sem vítimas Concessionária sabia de risco na BR-376, diz Defesa Civil Análise Geólogo cita fatores que podem contribuir para quedas de barreira Relatos Passageira que estava em ônibus a poucos metros de deslizamento na BR-376 relata situação: 'Parecia uma cachoeira, era muita água e lama' Família que teve carro arrastado se salva ilesa de deslizamento na BR-376: 'Cachoeira de lama descendo', diz idoso Caminhoneiro relata ter escapado por pouco: 'Se eu tivesse 10 metros para frente, a lama teria me engolido' 'Não tínhamos muita informação do que estava acontecendo', diz um dos primeiros funcionários da concessionária a chegar no deslizamento Como foram os deslizamentos na BR-376 Em 28 de novembro, dois deslizamentos atingiram a BR-376 no mesmo ponto, o quilômetro 669; O primeiro deslizamento foi às 16h30, sem vítimas; Depois do primeiro deslizamento, uma das pistas, no sentido Santa Catarina, foi interditada totalmente. Em seguida, o trânsito foi liberado e mantido em pista única; Às 19h30 aconteceu o segundo deslizamento. Carros foram atingidos, e os dois sentidos da rodovia foram interditados. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.