pref santa tereza Setembro 2025

Astrônomos maias previram eclipses solares com séculos de antecedência

Novo estudo revelou que astrônomos maias previram eclipses solares há mais de mil anos, revelando sistema sofisticado de conhecimento do passado

Astrônomos maias previram eclipses solares com séculos de antecedência Créditos: Divulgação/Science Advances/Justeson, J., & Lowry, J.

Uma pesquisa recente revelou que os antigos astrônomos maias tinham uma capacidade surpreendente de prever eclipses solares com precisão extraordinária, mais de mil anos atrás. Este estudo, que destaca um sofisticado sistema de matemática e observação, demonstrou que os maias mantiveram suas previsões precisas ao longo dos séculos.

A pesquisa, divulgada na revista Science Advances, analisa a célebre tabela de eclipses do Códice de Dresden, um manuscrito maia datado do século 12 d.C. Este códice é uma das poucas obras pré-colombianas remanescentes e conserva o resultado de séculos de conhecimento astronômico acumulado por sacerdotes, guardiões do dia e cientistas maias que observavam o céu com dedicação.

Durante décadas, estudiosos acreditaram que o ciclo de 405 meses presente no códice era destinado exclusivamente à previsão de eclipses. No entanto, a nova pesquisa contradiz essa suposição. Os pesquisadores John Justeson e Justin Lowry descobriram que a tabela foi originalmente concebida como um calendário lunar, posteriormente adaptado para rastrear eclipses solares através da sua alocação com o calendário ritual maia de 260 dias. Este calendário era utilizado para práticas divinatórias e ajudava a alinhar eventos celestiais com a vida religiosa e social da civilização.

Detalhes do estudo

Modelagens matemáticas revelaram que a duração de 11.960 dias da tabela (equivalente a 405 meses lunares) corresponde exatamente a 46 ciclos do calendário de 260 dias. Esta sincronização permitiu aos astrônomos maias prever quando os eclipses coincidiriam com datas rituais específicas, entrelaçando observações científicas com significados espirituais.

Cada “estação” na tabela de eclipses, que se estende por oito páginas, representa uma nova lua — momentos potenciais em que o Sol poderia ser obscurecido. Esses eventos são geralmente espaçados em intervalos de seis meses lunares, ou aproximadamente 177 dias, o tempo necessário para que a Lua retorne à mesma configuração em relação à Terra e ao Sol. Manter essa precisão ao longo dos séculos não foi uma tarefa simples.

Teorias anteriores sugeriam que os maias simplesmente reiniciavam a tabela ao final dela, mas os pesquisadores descobriram um método muito mais elaborado. Os maias utilizavam ciclos sobrepostos — reiniciando suas tabelas em intervalos de 223 ou 358 meses lunares, correspondentes aos ciclos de eclipses de Saros e Inex conhecidos atualmente. Esses pontos de reinício corrigiam pequenas discrepâncias que se acumulavam ao longo do tempo, permitindo que as previsões permanecessem precisas por mais de 700 anos.

A combinação de quatro reinícios a cada 358 meses para cada um a cada 223 meses possibilitou aos maias calibrar suas tabelas para antecipar todos os eclipses solares visíveis em sua região entre os anos 350 e 1150 d.C. Ao comparar as informações do Códice de Dresden com registros modernos de eclipses históricos, as concordâncias foram impressionantemente próximas.

Vale mencionar que, para os maias, um eclipse não era apenas um evento astronômico; era um presságio cósmico — um momento em que a luz do Sol era devorada, sinalizando raiva divina ou renovação. Entretanto, sob essas explicações mitológicas repousava uma base sólida de coleta de dados e raciocínio matemático que rivalizava com as antigas civilizações da Babilônia ou Grécia, conforme repercute o Archaeology News.

A conclusão do estudo indica que o método presente no códice, se continuamente atualizado, ainda seria capaz de prever eclipses modernos no México atualmente. Essa conquista, realizada sem telescópios ou instrumentos avançados, é um testemunho da profundidade intelectual da civilização maia.

Créditos: Aventuras na História

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