Após dez anos longe dos palcos, Simone Spoladore retorna ao teatro no Festival de Curitiba
Por Giuliano Saito
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Atriz curitibana é protagonista da peça 'O Tempo e a Sala' e concedeu entrevista exclusiva ao g1. Atriz curitibana Simone Spoladore Acervo pessoal/Daniel Zaha O retorno da atriz curitibana Simone Spoladore ao teatro, depois de 10 anos longe dos palcos, é um dos destaques da 31ª edição do Festival de Curitiba. Ao lado de atores amigos e conterrâneos ela vem como protagonista da peça "O Tempo e a Sala", do dramaturgo alemão Botho Strauss. O trabalho é uma co-produção do festival, com direção de Leandro Daniel Colombo, e poderá ser visto nos dias 28 e 29 de março, às 20h30, no Guairinha. Leia tudo sobre o Festival de Curitiba Confira a programação completa do festival A atriz tem emendado um trabalho atrás do outro. Protagonizou a personagem Lóri, no filme "O Livro do Prazeres", dirigido por Marcela Lordy, lançado em 2022. Também no cinema, acabou de gravar "A Fúria", de Ruy Guerra, e "O Leme do Destino", com direção de Julio Bressane. Ainda este mês estreia a segunda temporada da série "Cidade Invisível". na Netflix. Após a estreia da peça no festival, segue em cartaz com a montagem no Rio de Janeiro. Ainda este ano, grava a nova série "Reencarne", da Globoplay. Em breve, estreia também como diretora de dois curtas metragens: "O Chá de Alice" e "Strombolicchio", ambos de autoria da curitibana. A atriz conversou com exclusividade com o g1 sobre este reencontro com a cidade, com os amigos e com o festival. Confira dos destaques da entrevista a seguir. O que significa este retorno à Curitiba e ao teatro? Estou muito feliz de me reconectar com a cidade. Embora meus pais morem aqui e com frequência venho visitá-los, por causa da pandemia fiquei sem vir por mais de um ano. Voltar ao teatro com este trabalho, especialmente no Guairinha, é muito significativo pra mim. Foi neste mesmo palco a minha estreia como atriz quando eu tinha 16 anos, na peça "Meno Male", dirigida pelo Sale Wolokita, em 1995. Trago muitas boas memórias deste espaço, cresci fazendo dança clássica no Teatro Guaíra, passava muitas tardes ali. Além disso, este reencontro com estes amigos artistas com quem divido o palco é uma celebração. Realizar uma montagem como essa era um desejo que eu e o Dani [o diretor Leandro Daniel] tínhamos desde 2012. Somos da mesma geração, trabalhamos juntos muitas vezes, conheci o Rodrigo Ferrarini quando eu tinha 13 anos no meu primeiro curso de teatro, hoje somos melhores amigos. Com todos eles tenho uma história antiga de conexão, admiração e amizade. É importante estar no Festival de Curitiba? O Festival contribuiu muito na minha formação como artista, foi alimento pra mim em todos esses anos. Possibilitou que eu visse produções do Brasil todo e de fora do país também. Abriu caminho pra muita gente porque é uma vitrine da cena teatral local e nacional, atrai diretores, críticos e pensadores do teatro de grande relevância. Esse aprendizado foi fundamental na construção da minha carreira. E a peça? "O Tempo e a Sala" revela a precariedade das relações, foi escrita após a Segunda Guerra Mundial, mas é muito atual. Traz para a cena personagens solitários que buscam contato mais profundo, mas que não se realiza. Marie Steuber, a minha personagem, sempre se adapta ao que os outros esperam dela, para ser amada ela abre mão da sua própria subjetividade. É catastrófico! Nos remete também ao que vivemos com intensidade na pandemia, a sensação de estarmos sem futuro, impotentes. O que me move neste trabalho é a possibilidade de gerar potência de forma afetuosa. É muito significativo estar montando este espetáculo com amigos num ambiente de confiança, de respeito e de escuta. Me emociona. Atriz é a protagonista da peça 'O Tempo e a Sala' Acervo pessoal/Daniel Zaha O que espera da estreia? Esta peça foi montada com poucos recursos, não estamos ganhando cachê como artistas, os recursos disponibilizados pagam apenas os custos para levantar o espetáculo. Mas aceitamos essa condição por acreditarmos que é uma forma de contribuir para este momento do país onde a cultura está sendo retomada, é uma aposta no futuro. Espero que a gente faça um bom trabalho, que o público seja tocado por ele e que futuramente circule pelo país e que possamos ser remunerados pelo nosso trabalho. GUIA 2023 DO FESTIVAL: acesse a versão online Vai ver alguma peça do Festival? Adoraria, a programação está incrível, mas infelizmente não vou conseguir. Chego em Curitiba dia 19 e vamos preparar o espetáculo para o festival. Mas, volto para o Rio no dia seguinte, logo após o segundo dia de apresentação, vamos preparar o espetáculo para a temporada no Rio, no Firjam Sesi. Pensa em retornar ao Brasil? Desde 2015 eu vivo na Inglaterra e meu namorado mora na Suíça. Então, tenho me dividido nos últimos anos entre esses dois países. Mas no ano passado vim trabalhar por aqui e não voltei mais. Como surgiram muitas oportunidades de trabalhos interessantes fui ficando. Tenho pensado nesta possibilidade de voltar a morar no Brasil. Além disso, ando realmente com muita saudade dos meus pais. Mas, ainda não sei se retorno de fato pra cá. Por enquanto, estou no Rio de Janeiro onde estamos ensaiando a peça. LEIA TAMBÉM: Festival de Curitiba: dicas ajudam público a escolher peças entre centenas de atrações da programação Curadoria do Festival de Curitiba maratonou centenas de peças em 4 meses: 'Nosso trabalho teve início em um Brasil e terminou em outro' Nos bastidores, Festival de Curitiba nunca termina; descubra detalhes Do que sente saudade em Curitiba? Além da minha família, principalmente dos meus pais, sinto falta da convivência com as minhas tias, tenho saudades dos teatros: do Novelas Curitibanas, do Teatro Zé Maria, desse circuito de espaços onde se fazia teatro experimental e que eu tanto frequentava quando morava na cidade. Tenho saudade de andar nas ruas de Curitiba e dos parques também. O que ainda quer realizar? Estou muito feliz porque consegui vencer um bloqueio antigo que eu tinha que era o de escrever. É muito difícil fazer essa passagem do lugar de atriz para roteiro e direção, mas resolvi encarar essa dificuldade, já fiz alguns curtas e agora estou escrevendo um longa em parceria com a roteirista Camila Nunes. Não é fácil, mas estou caminhando em direção a este desejo. Serviço: O que? 31º Festival de Curitiba Quando? De 27 de março a 9 de abril de 2023 Preço: Os ingressos vão de R$ 0 até R$80 (mais taxas administrativas). Ingressos: podem ser comprados no site do festival e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h. Os vídeos mais assistidos do g1 PR: q Mais notícias do estado em g1 Paraná.
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