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Após deslizamento, primeiro dia de liberação parcial da BR-376 tem registro de filas e lentidão

Por Giuliano Saito


Liberação aconteceu no fim da tarde de quarta (7); trânsito flui em pista única por 800 metros em cada sentido. Duas pessoas morreram no desastre; polícia e MPF investigam o caso. Trânsito foi liberado às 17h30 nesta quarta (7), após nove dias de interdição completa RPC Filas e lentidão no tráfego são registradas no primeiro dia da liberação parcial da BR-376 em Guaratuba, uma das principais ligações entre o Paraná e Santa Catarina. Nesta quinta-feira (8), uma equipe da RPC levou mais de uma hora para andar nove quilômetros na rodovia. A rodovia foi liberada às 17h30 de quarta (7) após nove dias de interdição completa por conta do deslizamento de terra que deixou dois mortos. Em um trecho de 800 metros onde houve o desastre, o tráfego está permitido em uma faixa para cada sentido da rodovia, ambos trafegando pela pista sentido norte. Após deslizamento, primeiro dia de liberação parcial da BR-376 tem registro de filas e lentidão Murilo Souza/RPC Polícia alerta para trânsito lento em toda a extensão da rodovia, entre Curitiba e Joinville (SC) Por volta das 11h, a Polícia Rodoviária Federal informou fila de 12 quilômetros no km 668 da rodovia, no sentido Santa Catarina. Já para quem viaja para Curitiba, a fila era de 15 quilômetros. BR-376 é parcialmente liberada no Paraná após nove dias de interdição completa Segundo a PRF, a Arteris Litoral Sul (ALS), concessionária responsável pelo trecho, comunicou à polícia que o local do deslizamento apresenta "condições estruturais e de canalização do trânsito segura para a liberação". Trabalhos para liberação total da pista são mantidos pela empresa. Segundo a PRF, a abertura de novas faixas serão feitas de forma gradativa. "A gente vai ter que ter um pouco mais de cautela. Os veículos vão ter que prestar muita atenção na sinalização, ela está bem visível orientando os veículos a fazer a manobra da mudança de pista da sul pra norte pra gente poder evitar o local do evento. E com essa configuração a gente consegue ter a segurança e consegue imprimir a baixa velocidade nesse trecho, que é necessária", afirmou Kaio Simões, chefe da delegacia metropolitana da PRF. O caso é investigado pela Polícia Civil e Ministério Público Federal (MPF) do Paraná. Veja detalhes mais abaixo. Após deslizamento, primeiro dia de liberação parcial da BR-376 tem registro de filas e lentidão Murilo Souza/RPC Sendo uma das principais rodovias do Estado para o litoral, a interdição da BR-376 causou reflexos no trânsito em rotas alternativas, como no ferry-boat para travessia entre Guaratuba e Matinhos. A espera para passagem de veículos chegou a 14 horas. Desde o acidente, a ALS reforçou, diversas vezes, que estava empenhada na realização dos trabalhos de restauração da rodovia. LEIA TAMBÉM Quem são as vítimas do deslizamento na BR-376 em Guaratuba 'Como alguém pode ter sobrevivido a isso?', diz caminhoneiro que gravou vídeo soterrado na BR-376 'Falta de respeito e consideração', diz prefeito de Guaratuba sobre fila de 10 horas para travessia de ferry boat BR-376, entre o Paraná e Santa Catarina, está interditada há uma semana Arteris Litoral Sul Liberação gradual Em nota, a Arteris disse que a liberação das demais faixas no trecho do acidente será gradual, conforme o avanço das obras de contenção. Ainda de acordo com a concessionária, a liberação de parte do tráfego nesta quarta-feira foi possível após a melhora do clima e da "realização de avaliação técnica da concessionária sobre as condições de segurança no trecho". Foram realizados no local do acidente, segundo a Aretris, trabalhos de limpeza, drenagem, recuperação de pavimento e sinalização. A Arteris disse que, mesmo com a liberação parcial, as encostas da região continuarão sendo monitoradas por equipe técnica. Durante o período do acidente, motoristas que precisavam se deslocar entre o Paraná e Santa Catarina, e que normalmente utilizaram a BR-376, foram indicados a utilizar rotas alternativas pela BR-116, BR-470 (Santa Catarina) e BR-277. 'Sequência de erros', dizem especialistas Imagem aérea mostra destruição na BR-376 após deslizamento em Guaratuba Especialistas dizem que a concessionária cometeu uma 'sequência de erros' no caso da BR-376 e contestaram a versão da Arteris Litoral Sul sobre o deslizamento. A empresa alegou que não havia risco no local, mas geólogos alertam que trecho de serra, com encostas e excesso de chuvas, indicavam alerta para empresa antes do acidente. "Se você tem primeiro um local que tem indícios de uma serra, que tem um relevo propício ao escorregamento, chuvas intensas acumuladas com valor muito alto nas últimas 72 horas, você tem um escorregamento que é um indício de movimentação, e aí você não toma decisão", afirmou o geólogo Fábio Augusto Reis, presidente da Federação Brasileira dos Geólogos. "Então realmente isso é um ponto que a análise de responsabilidade desse acidente e das mortes tem que considerar, [...] mas houve uma sequência de erros em termo de tomada de decisão", disse. Em ofício enviado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em 29 de dezembro, um dia após o deslizamento, a Arteris diz que "o talude onde ocorreu o sinistro apresentava nível de risco 0 na última monitoração periódica, sem ocorrência de patologias e com sistema de drenagem superficial satisfatória". Encerramento das buscas Em 2 de dezembro, o Corpo de Bombeiros encerrou a buscas por vítimas depois de equipes de resgate conseguirem acessar todos os pontos onde poderiam estar pessoas e veículos. Segundo o Gabinete de Crise do governo, três carros e seis caminhões foram retirados do local. No início do acidente, o governo chegou a estimar 30 vítimas desaparecidas, número que diminuiu gradativamente conforme os dias passaram. Imagem aérea do deslizamento na BR-376 CBMSC/divulgação Inquérito policial A Polícia Civil do Paraná abriu inquérito para apurar possíveis responsabilidades e causas do deslizamento de terra na BR-376. Em 3 de dezembro, a corporação deu início aos depoimentos de testemunhas. A investigação ocorre na Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran). O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (DEM), foi ouvido pelo delegado. Ele teve o carro em que estava com o motorista atingido pela lama. Os dois conseguiram quebrar o vidro e escapar a pé, sem ferimentos. Em nota, a Arteris Litoral Sul disse que "irá prestar todos os esclarecimentos necessários à Polícia Civil para contribuir com a elucidação do caso". Em 1º de dezembro, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná abriu um procedimento para investigar "eventual responsabilidade" da PRF no deslizamento. Dois dias após o deslizamento, a PRF afirmou em coletiva que a decisão sobre o fechamento da rodovia cabia à Arteris. Em resposta, a concessionária disse que ainda era prematuro apontar as causas do acidente. Economia Fetranspar estima prejuízo de R$ 18,5 milhões após deslizamento na BR-376 Com BR-376 interditada em Guaratuba, motoristas relatam horas de espera na fila do ferry boat Responsabilidade Especialista afirma que rodovia devia ter sido fechada após 1º deslizamento, sem vítimas Concessionária sabia de risco na BR-376, diz Defesa Civil Análise Geólogo cita fatores que podem contribuir para quedas de barreira Relatos Passageira que estava em ônibus a poucos metros de deslizamento na BR-376 relata situação: 'Parecia uma cachoeira, era muita água e lama' Família que teve carro arrastado se salva ilesa de deslizamento na BR-376: 'Cachoeira de lama descendo', diz idoso Caminhoneiro relata ter escapado por pouco: 'Se eu tivesse 10 metros para frente, a lama teria me engolido' 'Não tínhamos muita informação do que estava acontecendo', diz um dos primeiros funcionários da concessionária a chegar no deslizamento Como foram os deslizamentos na BR-376 Cronologia do deslizamento na BR-376, no Paraná Arte/g1 VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.