Agricultura regenerativa propõe 'próximo passo' na produção sustentável do Paraná
Por Giuliano Saito
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Sistema de produção visa menor impacto ambiental com policultura e condições de recuperação do solo. Agricultura regenerativa: o ‘próximo passo’ na produção sustentável Entre preocupações ambientais e busca crescente por sistemas de produção mais sustentáveis, uma modalidade vem ganhando adeptos no Paraná: a agricultura regenerativa. A proposta é ir além de aplicar práticas de cultivo que agridam menos o ambiente e o mantenham como está, com um trabalho para regenerar e recuperar a biodiversidade e as capacidades naturais dos locais usados para a agricultura. Uma chácara perto da área urbana de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, está entre as aderentes ao sistema. Ele é responsável pela área há pouco mais de um ano e meio. Tudo que ele faz ali tem a intenção de recuperar ambientalmente o local, que estava em desuso há mais de uma década depois do encerramento das atividades de um haras. Três mil dos 170 mil metros quadrados da propriedade são usados para o cultivo agroecológico, com espaços onde diferentes tipos de capim crescem naturalmente perto de plantações de grãos e outros alimentos. Em pouco tempo, a diversidade de plantas que brotam da terra está maior. “Essa é uma área onde simplesmente fazemos roçadas contínuas e a biomassa daqui ainda serve de doação para outras áreas”, ele diz. “Hoje, no metro quadrado, temos cerca de 12 a 15 espécies de plantas.” Agricultura regenerativa propõe ‘próximo passo’ na produção sustentável Reprodução/RPC Silverio explica que um dos requisitos para se alcançar uma agricultura regenerativa e mais ecológica é aumentar o policultivo até se alcançar a diversidade em um padrão natural, quase florestal. “Por isso a agrofloresta é tão interessante e se encaixa dentro desse manejo”, diz. Conciliar agropecuária com extração adequada das florestas e diminuir as monoculturas são passos para regenerar, especialmente, as condições do solo. Isso melhora a retenção de umidade e a infiltração da água na terra, favorecendo a manutenção de nascentes, por exemplo. Outro fator essencial é deixar de lado o uso de defensivos e fertilizantes químicos, como explica Joel Queiroga, pesquisador em agroecologia da Embrapa Meio Ambiente. “Em uma analogia, a agricultura regenerativa estaria em um primeiro passo caminhando para a redução do uso de produtos químicos, agrotóxicos, insumos artificiais e sintéticos, para a substituição”, Queiroga diz. Segundo Queiroga, essa modalidade não apenas contribui para uma saúde do solo, mas também para a saúde do alimento, do agricultor e do consumidor. Agricultura regenerativa propõe ‘próximo passo’ na produção sustentável Reprodução/RPC Na regeneração de áreas agricultáveis, quanto mais policultura, melhor. A ideia é causar um impacto positivo ambiental, social e economicamente. É por isso que, em uma propriedade como a de Silverio, em poucos passos se atravessam áreas com diferentes variedades de couve, repolho, berinjela e outras hortaliças. Com pouco mais de quatro décadas de existência no debate internacional, a agricultura regenerativa vem ganhando espaço no Brasil na esteira de sistemas de produção como o orgânico, que não utiliza defensivos químicos; o biodinâmico, no qual a agricultura é relacionada a elementos de astronomia, filosofia e espiritualidade; e o agroecológico, que combina práticas orgânicas com preocupações sociais e ambientais. A proposta chamou atenção também de um casal que, após sete anos na Europa, voltou ao Brasil e hoje conduz testes de cultivo agroecológico em uma chácara em São José dos Pinhais. Por lá, 68% da área de 11 hectares são ocupados por mata nativa. “Nós fizemos uma análise de solo que mostrou que já daria para fazer alguns cultivos. Plantamos 16 variedades de hortaliças; algumas vieram bem, como a couve-manteiga, cebolinha, folhas, alface crespa, alface lisa, e outras não vieram tão bem”, diz Alexandre Tramontin, produtor rural que antes trabalhava como engenheiro de telecomunicações. Agricultura regenerativa propõe ‘próximo passo’ na produção sustentável Reprodução/RPC Em breve, um galinheiro portátil também deve começar a funcionar. Com o piso feito com telas, a ideia é que os dejetos das aves caiam diretamente sobre o solo para servir de adubo natural. “Gostaríamos de usar a propriedade como um modelo para quem quiser realmente aprender e ver que esse tipo de agricultura dá certo e é o único caminho que temos para conseguir regenerar esse planeta que estamos destruindo muito mais rápido do que se imaginava”, Tramontin diz. Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.
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